Servidores paralisam fundação estadual que cuida de menor infrator

Foto: Reprodução-Facebook

Servidores da Fundac mobilizados por atualização de cargos e salários (foto copiada do Facebook)

Há quatro anos aguardando em vão resposta do Governo do Estado às suas reivindicações por melhores salários e condições de trabalho, cerca de 400 servidores da Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac) devem entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (30).

Por convocação do Sindicato dos Trabalhadores da Fundac (Sintac), a decisão de paralisar as atividades foi tomada em assembleia virtual com a participação de mais de 100 filiados. A assembleia foi realizada através da plataforma Google Meet no último dia 24, quando a categoria concluiu que não há condições de prosseguir no trabalho sob tanta precariedade e indiferença das autoridades estaduais.

Segundo a Assessoria de Imprensa do Sintac, a greve é a extensão natural de um processo de mobilização permanente iniciado no começo do mês, 40 dias após as lideranças do movimento serem recebidas na Granja Santana, em João Pessoa, pelo engenheiro Ronaldo Guerra, chefe de gabinete do governador João Azevedo. Na audiência, concedida no dia 26 de janeiro passado, foi apresentada a pauta de reivindicações dos trabalhadores ao representante do governo.

Os funcionários querem a revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), implantação de Gratificação de Incentivo Funcional para os Agentes Socioeducativos e sua incorporação na aposentadoria e reajuste do vale-alimentação para R$ 600. Sem retorno do governo a esses pedidos, decidiram pela mobilização com previsão de greve.

Presidente do Sintac, Márcio Philippe ainda acredita numa saída para o impasse. “Não somos intransigentes e estamos abertos ao diálogo, como sempre, na expectativa de uma manifestação positiva e providências do governo para nos atender. Se ocorrer, suspenderemos a greve”, antecipou, lembrando que o movimento afeta os serviços das sete unidades socioeducativas que funcionam em todo o Estado.

Philippe garantiu que em respeito à lei 30 por cento dos servidores manterão em funcionamento o que for essencial e emergencial no sistema que responde pela atenção, assistência e guarda dos chamados menores infratores na Paraíba. Um trabalho difícil e perigoso miseravelmente remunerado pelo governo estadual, que paga pouco mais de um salário mínimo como vencimento básico ao pessoal de nível superior, enquanto o de nível médio precisa de penduricalhos no contracheque para alcançar o mínimo.

O QUE DIZ A FUNDAC

Procurada, a direção da Fundac informou através de sua Assessoria de Comunicação que “está em articulação junto ao Governo por meio da SEDH (Secretaria de Desenvolvimento Humano) e Secretaria da Administração”. Quem busca solução para o problema junto às instâncias que decidem, como o fez por todo o dia de ontem (28), é Waleska Ramalho, presidente da Fundação.

ELOGIAR É PRECISO, por Babyne Gouvêa

Parque Parahyba (imagem copiada de MGA Construções)

Nada melhor do que sair por aí sem compromisso, olhando o que a cidade tem a oferecer. Andar sem lenço, sem documento e sem horário marcado, imaginem! Foi o que fiz, depois de dois anos enfurnada. Circulei pelos bairros do litoral de João Pessoa e de Cabedelo e, no primeiro momento, o visual me pareceu pouco familiar diante de tanta novidade.

Presenciei ruas pavimentadas e sinalizadas, uniformização de calçadas – melhoria da acessibilidade ao pedestre, principalmente a do deficiente físico -, construções erguidas e em andamento, restaurantes, lanchonetes e bares a perder de vista. À medida que via o que até então desconhecia a vibração tomava conta de mim. Podia ser uma admiração provinciana, mas com elixir de contentamento.

E os hotéis e pousadas distribuídos em todos os lugares por onde transitei? Pensei: “Não estou na minha cidade”. E sem falar no número crescente de supermercados nos respectivos bairros.

Estamos abastecidos com praças e parques bem estruturados com brinquedos infantis, pistas de corrida, ciclovias, quadras de esportes, aparelhos de ginástica e muito mais. Sonhava com essas condições para a saúde física e mental da população e elas foram instaladas.

Pois bem, foi com esse espírito de satisfação que tomei um banho de mar reconfortante. As águas da praia de Camboinha são capazes de extrair qualquer mazela do indivíduo. Têm o dom de deixar em paz todo o nosso corpo. E assim me senti, leve como uma pluma. Saltitante ao léu fiz um brinde ao retorno à vida!

Pode parecer ao leitor que estou fazendo propaganda. Sim, de fato estou propagando o que vale a pena ser destacado. Atentei ao que é favorável ao bem estar do cidadão, nativo ou turista. Os municípios de João Pessoa e Cabedelo, no que tange à parte visitada por mim, merecem elogios.

A propósito, interrogo aos leitores: já observaram como é difícil elogiar? Quem enfrenta esta dificuldade comumente qualifica uma pessoa bonita como engraçadinha, o competente como esforçado e o idoso de aspecto jovial, conservado. E assim se sucedem as substituições com um toque ou um quê de inveja, dor de cotovelo…

No final do passeio, ziguezagueando entre os bairros, ainda me diverti ao observar a pluralidade de farmácias em visível concorrência. Situação hilária, mas benéfica ao bolso do consumidor.

Finalizei o tour feliz da vida, com desejo de aplaudir o desenvolvimento urbano dos dois municípios. Convicta, concluí que elogiar também é preciso!

CONSULTAS E CONFISSÕES, por Babyne Gouvêa

Imagem meramente ilustrativa copiada do site da Faculdade Ide

Costuma ser entediante aguardar a vez em consultório médico, mesmo lendo um livro ou navegando pelo celular, como muitos fazem. Dependendo da especialidade, algumas pessoas cochilam na sala de espera, outras comentam BBB, o preço da gasolina ou a chuva que alagou a rua pobre. Um número bem  reduzido se mantém em silêncio, apenas observando o que os outros fazem para matar o tempo.

Helena resolveu fazer diferente, certa vez. Fechou o livro e fez uma enquete com os demais presentes, com a seguinte pergunta: “Quem está ansioso à espera do médico?” Claro que para motivá-los relevou o seu caso, exagerou ao máximo e gesticulou como se estivesse num palco; de repente, a terapia em grupo estava formada. Sobreveio um rosário de desabafos descontraídos ou carregados de dor. 

Um paciente com problemas de sono relatou que a “insônia às vezes assusta, mas pode ser também uma experiência interessante porque serve pra gente atualizar pendências, botar erros e acertos na balança, refletir sobre a vida, enfim”. Após o depoimento daquele rapaz de meia idade, entre olhos marejados ou risadas contidas outros ajudaram a espantar o tédio.

Frustrante é quando o relator ou relatora da hora ouve seu nome dito alto e bom som por alguém do balcão de atendimento da clínica. Mas, no caso, Helena não deixou que a história interrompida interrompesse a prática que iniciara como passatempo. Convidou a senhora da poltrona da frente a compartilhar os motivos de ali se encontrar. Motivos relevantes. Queda, fratura, cirurgia, dores, analgésicos fortes e fisioterapia por meses. “Aconteceu comigo o que mais temia – perdi a liberdade de locomoção. Assistência tenho até demais, graças!”, revelou.

Helena retomou a palavra para introduzir na conversa suas lembranças de criança, contando que quando menina pequena bastava ter um resfriado para ser imediatamente alvo de atenções, mimos e ver atendidos pedidos que normalmente seriam rejeitados no ato ou simplesmente esquecidos. Na sequência, emendou comentários sobre a sua aflição por não ter tempo para ler tudo o que gostaria, pois leitura era a sua grande paixão, “ao ponto de me sentir levitando enquanto devoro um bom livro”.

Nesse momento, a motivadora percebeu que as pessoas pareciam ter ficado subitamente desinteressadas ou encabuladas em continuar naquele exercício de ouvir e falar sobre problemas pessoais, por vezes bastante íntimos, como o que a própria Helena acabara de expor. Ainda bem que a percepção ocorreu no exato momento em que a secretária do médico chamou, abreviando-lhe o constrangimento.

“Dona Helena, Consultório 4”. Pronto. “Dá licença, pessoal. Chegou a minha vez”.

O CAMINHO DO CAJUEIRO, por Sebastião Costa

Escola Agrotécnica do Cajueiro, Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba, em Catolé do Rocha (Foto: UEPB)

Começava no roçado de Seu Elesbão, no fim da ladeirazinha da Cantina (depois UBAT).

Se a caminhada fosse depois de uma noite chuvosa, o cidadão tinha o privilégio de ir ‘molhando os pés no riacho’, feito a música de Luiz Gonzaga. É que lá nas entranhas do roçado havia uma fonte d’água que escorria levando água e areia pra boa parte do caminho.

Ainda no roçado, à direita, uma minúscula casa de taipa, enfeitada na frente por um resistente pé de umburana, frutinha sem sabor. Habitavam ali duas raparigas assumidas: Maria Preta e sua irmã Djalma. Djalma vem a ser aquela que lá pela lavanderia, em plena madrugada, atiçada  pelo alcoolismo jogou querosene no próprio corpo pra dar adeus àquela vida de ‘rapariguismo’, pouco compreendida pela sociedade da época.

Mais na frente à esquerda, a casa  bem acabada do finado Teodorico,  dono daquela  terras, onde meu pai plantou durante alguns invernos.

Foi pelo roçado de Teodorico que um grupo de amigos – Josafá, meu irmão, Anchieta, Geraldo Maciel e Barreto de Severino Barreto – teve a ousada ideia de escalar o Monte Tabor por um lado nunca antes explorado. Eu, bem mais jovem – tipo  12 anos, ainda não entendo porque – fui convidado a participar daquela ousadia. No início, algumas pedras a escalar e logo depois o imenso lajedo pra se chegar ao topo. Lembro que em determinado momento a minha estatura não permitia passar de uma pedra para chegar ao início do lajedo. Tive que ser ajudado.

Vale lembrar que na primeira tentativa fomos interceptados pelo proprietário, que sem qualquer compreensão, nem delicadeza, obrigou o grupo a retornar. Não valeu o ‘argumento’ de que íamos ajudar meu pai a plantar. Ele simplesmente não permitia crianças no seu sítio. Provavelmente não convivesse em harmonia com a vida. Tanto que ele próprio foi quem decidiu se transferir para o outro Plano.

Deu-se um tempo, um drible na vigilância e logo depois estavam aqueles meninos a praticar alpinismo pra atingir o pico do monte. Riscos imenso de despencar lá de cima.

O adulto sempre que retorna ao Monte (de carro) faz questão de visualizar aquele lajedo. Só em olhar pra baixo, bate um medo que me obriga a recuar.

Impossível não relembrar aquela procissão ao Monte iluminada pela luz de velas, inventada pelo espírito inovador de Frei Marcelino. Na memória da criança que visualizou da calçada de sua casa, ficou registrada um mundo de luz tremulante em fila indiana se movendo feito uma cobra fosforescente em busca da capelinha, onde repousam os restos mortais de padre Belizário;

Logo após a residência de Teodorico, ainda dentro do roçado, outra casinha de taipa. Essa de Rita engomadeira, baixinha, solitária, cabelo batendo na cintura, que a má língua de Corália insinuava que meu pai tinha alguma coisa por ali.

A seguir, uma ladeirazinha e lá embaixo um imenso pé de juá (outra frutinha sem sabor) de sombra tão generosa que qualquer sem-teto poderia muito bem fixar residência ali. Era a esquina do sítio de Dr, Benjamin, com muito gado e pouca gente. Tinha-se a sensação de que tudo aquilo era desabitado.

Uma pequena caminhada e se observava à direita a casa da família Paixão. Logo depois, subia-se uma ladeirazinha, passava-se por um engenho abandonado à esquerda (havia uma cruz fincada na beira da cerca combinando com a morte do engenho) e em seguida já se visualizava “OS PRÉDIOS’, que vem a ser a Escola Agrícola do Cajueiro.

Vale relembrar uma bodeguinha localizada logo após essa subida, cujo dono tinha suas pernas totalmente paralisadas e que mantinha uma vida normalizada com ajuda de dois tamboretes. Toda sua locomoção era realizada passando de um tamborete a outro. Quantas vezes admirei aquela pessoa cheia de vitalidade entrando na cidade sentando de tamborete em tamborete. Registre-se que um quilômetro era a distância que separava sua casa do início de minha rua. Tivesse naquela cidade paralimpíadas, certamente ele levaria a medalha de ouro nessa modalidade.

Todo caminho era na verdade um imenso corredor ladeado por cercas. A caminhada até a Escola do  Cajueiro era sempre animada pelo canto de pássaros. Vez por outra via-se um galo de campina com sua cabeça encarnada ou um rouxinol, passarinho minúsculo, mas cheio de fama. Era agradável ver aquela plumagem colorida do concriz ou o marrom intenso da casa de couro, de canto estridente. Viam-se também canários amarelos e cinzentos e muitas rolinhas cafute, algumas rolinhas brancas, de voo inconfundível.

E muitas saudades daquele caminho do Cajueiro.

  • Sebastião Costa é Médico Pneumologista, colunista da revista Brasil de Fato

PÓ DE ARROZ, por Babyne Gouvêa

Pó de arroz sobre torcedores do Fluminense no Maracanã (imagem copiada do site do clube)

Ao meu pai, Inácio Gouvêa, e ao meu amigo Everaldo Soares Júnior

Sempre gostei de futebol. Quando criança, ouvia com meu pai os jogos transmitidos pelo rádio. Na maioria das vezes, aos domingos. Herdei dele a paixão pelo Fluminense e ensinamentos sobre a dinâmica e regras do esporte, além do vocabulário futebolístico original – back, offside, corner… Um Philips All Transistor era o transmissor das nossas alegres tardes dominicais, principalmente quando o Fluzão jogava.

Foi um aprendizado mantido em silêncio durante longo tempo. Existia tabu quanto à mulher se interessar por futebol. O esporte era de domínio masculino. Guardamos, pai e filha, um segredo que selou a nossa cumplicidade desportiva, aí incluídas as idas ao cinema por dois motivos: o próprio filme e o cinejornal que o antecedia, o Canal 100, com sua música de fundo inesquecível. Trechos dos clássicos do futebol carioca com uma visão documental e uma narrativa dramática levavam os cinéfilos ao delírio. Desde que fossem amantes do esporte mais globalizado de que se tem notícia.

Quando o meu time vencia, todo o meu contentamento aumentava nas segundas-feiras quando lia Nelson Rodrigues n’O Globo – À Sombra das Chuteiras Imortais. Lendo os textos me deparava com frases como “o Fla x Flu começou cinco minutos antes do nada”; “Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”. Ler Nelson Rodrigues falando de futebol explica um pouco da devoção nacional ao esporte.

Lamentável ele ter ‘subido’ em 1980, sem assistir aos encantos do Casal 20, Washington e Assis – dois dos responsáveis pelos feitos e títulos daquele grande e inesquecível Fluminense, no período 1983-1985. Até 1999, ano em que meu pai se encantou, era certa a nossa discussão sobre a partida ao final de um jogo no qual o Fluminense era sem dúvida o protagonista. Em caso de vitória, dividíamos as alegrias com o nosso amigo Everaldo Soares Júnior, outro tricolor fiel, fidelíssimo.

Assistir a uma boa partida de futebol é reconfortante, independente de qual seja o time em campo. Jogos da Liga dos Campeões da Europa são imperdíveis, a começar pelo seu hino. É de fazer arrepiar de emoção o mais frio dos torcedores.

Num instante de epifania fui tomada por uma saudade da geral do Maracanã – símbolo do espaço mais democrático do futebol brasileiro, marca da popularidade do maior estádio do mundo e lugar onde raramente a gente presenciava brigas. Os ingressos de valor mais acessível permitiam aos humildes torcerem pelo time do coração, esbanjando alegria.

Torcedora apaixonada pelo Fluminense faço minha uma frase rodrigueana: “Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação”.

A HISTÓRIA DO PÓ DE ARROZ

(com texto e foto do site do Fluminense)

O pó de arroz é um dos principais símbolos do Fluminense. A alcunha, porém, nasceu de uma provocação de rivais e, ao longo dos anos, ganhou dos adversários interpretações de cunho racista. Ano passado, no Dia da Consciência Negra (20 de novembro), o “Time de Todos” decidiu esclarecer o surgimento do termo e rechaçar sua origem discriminatória.

A história começa com a saída de Carlos Alberto (foto) do América-RJ para o Tricolor, em 1914. No dia 13 de maio daquele ano, o jogador, negro, enfrentou pela primeira vez seu ex-clube. Para provocá-lo, os americanos se valeram do pó-de-arroz que o atleta, desde sua equipe anterior, passava no rosto após fazer a barba.

Sendo assim, o produto não tinha como objetivo esconder a cor da pele. Na verdade, era comumente usado por homens da época para fins estéticos e dermatológicos. Depois daquele episódio, o pó de arroz passou de ofensa a uma das maiores marcas de celebrações tricolores.

  • (Torcedores do Fluminense, a exemplo de Babyne Gouvêa, também são chamados de ‘Pó de arroz’)

NESTE DIA TÃO FELIZ… por José Mário Espínola

Ilma e José Mário Espínola (acervo pessoal do autor)

Não é uma data feliz para muitas mulheres que sofrem justamente por serem Mulheres.

Mas elas aos poucos vêm crescendo e se impondo como fator imprescindível ao desenvolvimento do Homem.

Continuam injustiçadas. E muito! E maltratadas mundo afora, em algumas sociedades mais que outras.

Acreditam os religiosos que o homem é a imagem e semelhança de Deus, que o fez a partir do barro. Tenho cá muitas dúvidas. Mas tenho a minha certeza: se foi assim, a mulher foi feita a partir de uma liga formada de titânio e uma porcelana muito fina.

Elas são em todos os sentidos melhores e dotadas de uma fragilidade enganosa, pois são muito mais fortes que o homem, exceto pela força física. E olhe lá! Já vêm desafiando muitos homens, e vencendo! Se perdem na força física, ganham na força moral, no caráter, na capacidade para suportar o pesado, sem desistir.

Tenho a felicidade de ter uma delas comigo ao longo de cinco décadas. Numa bela combinação conseguimos formar uma dupla vencedora. Muito do que sou devo a ela, minha referência inabalável para possibilitar que eu desenvolvesse as minhas habilidades natas. A ela, portanto, agradeço eternamente.

Gostaria de ter proferido estas palavras quando do seu recente aniversário, data tão significativa para todos nós que a amamos. Eu não estava, porém, sentindo-me psicologicamente forte para isso, a homenagem não sairia à altura do mérito de Ilma.

Em seu nome, na sua figura, presto a minha homenagem a todas as mulheres do Mundo!

FELIZ DIA MUNDIAL DAS MULHERES!

SER DESPREZÍVEL, por Babyne Gouvêa

Em protesto da comunidade ucraniana em São Paulo, mulher segura cartaz em inglês que diz "No war in Ukraine" - Metrópoles

Manifestação contra a guerra na Ucrânia na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Metrópoles)

Defendia Ascendino Leite, escritor paraibano: “Jamais escreva com raiva”. Vou contrariar tão sábio conselho.

Acompanhava por esses dias notícias várias numa plataforma de compartilhamento de vídeos quando vi algo surpreendentemente criminoso. Algo gravado, naturalmente. Concluí que o mal está instituído e transita entre nós com espantosa e preocupante naturalidade.

Como é do conhecimento público, o deputado estadual Arthur do Val, de São Paulo, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), foi à Ucrânia com a suposta missão de entregar doações aos refugiados, segundo ele, também lançar coquetéis Molotov contra os russos.

Eleito com a segunda maior votação naquele Estado em 2018, o agora ex-candidato ao governo de São Paulo foi àquele país fazer turismo sexual em plena guerra. Quem confirma é o próprio, em vídeo que circula na Internet, no qual classifica as ucranianas como mulheres “fáceis” por serem pobres.

Deplorável o conteúdo da gravação. Agride qualquer humano civilizado com o mínimo de empatia por seu semelhante, independentemente do gênero. Ofende e reduz a mulher a um reles objeto de consumo. Não soube respeitar nela, sequer, o sofrimento causado pelas atrocidades de uma guerra que não provocaram.

Com a óbvia repercussão negativa na mídia, o pervertido tentou justificar o injustificável. Resumiu o seu ato ao fato de ser homem. Engano dele. Homem que se preza não tem comportamento tão selvagem nem consegue, esforçando-se um bocado, ser tão asqueroso.

Espero que a Assembleia Legislativa de São Paulo casse o mandato do famigerado ‘Mamãe Falei’, alcunha que o popularizou e ajudou a elegê-lo. Essa criatura não deveria ter o direito de conviver em sociedade. E pensar que esse amoral integrou um movimento que culminou no impeachment de uma governante.

Desculpe-me, Ascendino, não me contive. Procurei conter minha revolta em respeito a você. Mas já chorei demasiado e não tenho como segurar minha indignação e repulsa por esse ser abjeto, desprezível.

Neste 8 de março, a minha homenagem segue à mulher ucraniana.

O INDEFENSÁVEL, por Camilo Flamarion

Imagem copiada do Contraditório (página no Facebook)

Recebi com surpresa crítica a minha pessoa publicada nesse blog, em matéria assinada pelo Presidente da Empaer, Sr. Nivaldo Magalhães.

Tentando se defender do indefensável, não admira que tal crítica parta exatamente de um dos responsáveis diretos pela erosão ou vossoroca provocada nas três empresas agrícolas do Estado, criando sem necessidade a Empaer.

A sua infeliz ação ficará marcada na história da agropecuária, como o homem que conseguiu desmontar e destruir três importantes empresas do setor agrícola, sem consultar um único especialista no assunto.

Ah, agora entendi o porquê de tudo. É que o Sr. Nivaldo, não sendo da área, mas psicólogo, não teve noção do estrago que iria causar. Teimou na junção da Pesquisa com a Extensão na Paraíba, já que, com rara exceção, prosperou essa junção nos demais estados brasileiros.

Eu, sem dever nenhum favor e com muito respeito, informo ao Sr. Nivaldo que com orgulho sou Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa há 46 anos, e com os meus esforços consegui me especializar com um
doutorado na Espanha e três pós-doutorados no Brasil.

O Sr. Nivaldo necessita melhor se qualificar para destilar o seu veneno em quem merece.

Em resposta àquilo de que me acusou, esclareço que quando estive à disposição da extinta Emepa, por mais de 35 anos, fui, com muito orgulho, Diretor Técnico, promovi o maior evento agrícola do Estado, o Simbrau, produzi seis livros técnicos sobre a cultura do urucum, um sobre a mangabeira, produzimos e distribuímos com os produtores rurais mais de 800 mil mudas de urucum, publiquei mais de dez trabalhos científicos, coordenei dois projetos de pesquisa aprovados pelo Banco do Nordeste, BNB, participei como membro titular em diversos projetos de pesquisa sobre inhame, umbu, caju, abacaxi, urucum e mangaba.

Fui ainda coordenador de produção de sementes e mudas, coordenador dos projetos, milho, milheto e sorgo e de difusão de tecnologia.

O Sr. Nivaldo necessita saber, porque não é do seu ramo, que ser membro de projeto difere da condição de coordenador apenas na ordenação das despesas. A participação de cada um na equipe é igual, mas talvez maior do que a de coordenador.

Lembro também ao Sr. Nivaldo que proferi mais de 80 palestras sobre a cultura do urucum em todo o Brasil e participei a convite, como membro titular, de mais de 30 bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Modéstia à parte, elevei, juntamente aos valorosos e demais competentes pesquisadores, o bom nome da Emepa.

Creio que você, Sr. Nivaldo, não está sendo justo comigo, que sempre estive ao seu lado, defendendo-o de muitas críticas feitas por pessoas do seu próprio convívio.

Mesmo assim, sinto muitas saudades da Emater e Emepa, que prestaram relevantes serviços ao homem do campo, hoje totalmente desassistidos.

É prudente explicar que o Sr. Nivaldo chegou a comandar as citadas empresas, menos por competência e mais por fazer versos para agradar o ex-governador Ronaldo Cunha Lima e por tabela o filho deste, Cássio Cunha Lima, então governador. que mesmo, por sua competência.

Também é preciso lembrar que o Sr. Nivaldo deixou por oportunismo o Governo Cássio para apoiar Ricardo Coutinho e, por último, deixou Ricardo por João Azevedo. Nunca vi tanta coerência! Agora, meu amigo, em que palanque você vai subir para fazer versos?

A maior prova da sua incompetência é, agora em 2022, o absurdo na devolução de quase 1,5 milhão de reais relativos a três projetos de pesquisa, por falta de viabilização por parte da Diretoria, em um tempo de escassez de recursos.

Tudo isso é apenas o começo, porque maiores destroços ainda virão! Não queira, Nivaldo, culpar os abnegados secretários da Agricultura que passaram ou mesmo os demais governadores que confiaram, entregando as valorosas empresas para você administrar.

Para finalizar, saiba que não guardo mágoa ou rancor. Muito pelo contrário. Como cristão, dou-lhe o perdão e peço a Deus que o abençoe, concedendo-o muita sabedoria e paz de espírito.

• Camilo Flamarion é Engenheiro Agrônomo