SER DESPREZÍVEL, por Babyne Gouvêa

Em protesto da comunidade ucraniana em São Paulo, mulher segura cartaz em inglês que diz "No war in Ukraine" - Metrópoles

Manifestação contra a guerra na Ucrânia na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Metrópoles)

Defendia Ascendino Leite, escritor paraibano: “Jamais escreva com raiva”. Vou contrariar tão sábio conselho.

Acompanhava por esses dias notícias várias numa plataforma de compartilhamento de vídeos quando vi algo surpreendentemente criminoso. Algo gravado, naturalmente. Concluí que o mal está instituído e transita entre nós com espantosa e preocupante naturalidade.

Como é do conhecimento público, o deputado estadual Arthur do Val, de São Paulo, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), foi à Ucrânia com a suposta missão de entregar doações aos refugiados, segundo ele, também lançar coquetéis Molotov contra os russos.

Eleito com a segunda maior votação naquele Estado em 2018, o agora ex-candidato ao governo de São Paulo foi àquele país fazer turismo sexual em plena guerra. Quem confirma é o próprio, em vídeo que circula na Internet, no qual classifica as ucranianas como mulheres “fáceis” por serem pobres.

Deplorável o conteúdo da gravação. Agride qualquer humano civilizado com o mínimo de empatia por seu semelhante, independentemente do gênero. Ofende e reduz a mulher a um reles objeto de consumo. Não soube respeitar nela, sequer, o sofrimento causado pelas atrocidades de uma guerra que não provocaram.

Com a óbvia repercussão negativa na mídia, o pervertido tentou justificar o injustificável. Resumiu o seu ato ao fato de ser homem. Engano dele. Homem que se preza não tem comportamento tão selvagem nem consegue, esforçando-se um bocado, ser tão asqueroso.

Espero que a Assembleia Legislativa de São Paulo casse o mandato do famigerado ‘Mamãe Falei’, alcunha que o popularizou e ajudou a elegê-lo. Essa criatura não deveria ter o direito de conviver em sociedade. E pensar que esse amoral integrou um movimento que culminou no impeachment de uma governante.

Desculpe-me, Ascendino, não me contive. Procurei conter minha revolta em respeito a você. Mas já chorei demasiado e não tenho como segurar minha indignação e repulsa por esse ser abjeto, desprezível.

Neste 8 de março, a minha homenagem segue à mulher ucraniana.

É BOM ESCLARECER
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