NONA É UMA FIGURA, por Babyne Gouvêa

Júlia, a Nona (álbum de família)

Foi registrada com o nome Júlia. Apesar de ter recebido um lindo nome chegou à nossa casa com o apelido de Nona. Desconheço a origem.

Fomos buscá-la em Pilar, cidade do interior da Paraíba, para me ajudar no nascimento da minha terceira filha, Camila, há 43 anos. Terminou me auxiliando em todas as atividades da casa, além dos cuidados com meus outros filhos.

Tornou-se uma pessoa conhecida e querida de todos da minha família e amigos. As histórias lhe envolvendo são muitas e quase todos gostam de lhe empregar alguma peça, aguardando a sua reação, nem sempre delicada.

Dona de um coração boníssimo, faz questão de ser vista como pessoa austera, brava muitas vezes. Entra em contradição facilmente e denuncia a sua bondade ao manifestar afeto por alguém a quem repreendeu instantes antes.

Embora já tenha passado dos sessenta anos continua com um temor enorme à morte e tudo que diz respeito a falecimento. Ao saber que alguém sucumbiu, pede a Deus que o morto não lhe apareça.

Os mais próximos têm conhecimento dessa fobia e bolam os mais variados sustos. Há quem tenha falado com ela ao telefone imitando a voz de alguém que se foi. Soltou o aparelho e correu pulando aos prantos em minha direção.

O repertório é longo em torno de Nona. Fiel a mim em toda a minha trajetória de vida, assistiu lealmente a todos os meus momentos de dificuldade ou alegria.

Crescimento dos meus filhos, separação do meu primeiro marido, casamento dos meus filhos, meu segundo casamento, nascimento dos meus netos, minha viuvez, são ocasiões nas quais Nona sempre esteve presente, solidária, amiga.

No cenário atual, eu e ela dividimos um enorme ninho vazio. Ela procura fazer de tudo para visualizar um sorriso no meu rosto e fica feliz quando viajo ou saio por alguma razão. A reciprocidade também se dá nas mesmas proporções.

Feliz de quem tem uma Nona em sua vida!

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HIPOCRISIA, A MONTARIA DA GANÂNCIA, por Jesus Soares da Fonseca

Imagem meramente ilustrativa

Minha mãe gostava de contar a nós, seus filhos menores, estórias engraçadas que continham em seu bojo verdadeiras lições de vida, embora ainda não pudéssemos chegar ao cerne da questão, por ainda estarmos com a inteligência em desenvolvimento.

As peripécias internacionais e nacionais dos dias atuais me fazem lembrar de um daqueles contos ouvidos na infância e, agora sim, já com a inteligência amadurecida poder ir lá no fundo e verificar o que estava escondido, o que antes era impossível observar e discernir. E minha Mãe narrava…

Dois homens conversavam, sentados num banco de uma praça de certa cidade do interior, sobre o que mais gostavam de fazer. Um deles dizia que ainda iria caçar a onça que estava a aterrorizar a vizinhança. O outro, invejoso por natureza, zombava do companheiro e a cada passo da conversa de seu amigo, impunha-lhe ou criava-lhe uma dificuldade impossível de ser contornada. Dizia:

– Tenha cuidado amigo, esta onça é feroz e poderá lhe matar!

– Para isto eu tenho uma boa arma, respondia o caçador!

– E se arma falhar e não disparar?

– Bom, neste caso, eu tenho um bom par de pernas e me porei a correr!

– Só que a onça é mais ágil e corre mais que tu!

– Em todo caso, subirei numa árvore!

– E se a onça cavar e derrubar a árvore?

Em junho de 2010, o Conselho de Segurança da ONU elaborou uma proposta ao Irã no tocante ao seu programa nuclear. Ou o País dos Aiatolás aceitava as normas impostas pelo CSO ou este Conselho aplicaria severas sanções à Nação Iraniana, incluindo aí, não só o isolamento político-econômico como, se fosse o caso, possível retaliação bélica.

Nenhum Ser Humano, por mais humilde que seja ou pareça, aceita ameaças ou imposições contra si, mesmo que não esteja cumprindo as normas legais de vida. Uma Nação é a representação de um Povo, um Todo de Seres Humanos e como tal também não é afeita a aceitar normas que lhe são impostas, pois aí prevalece o orgulho próprio natural. O diálogo, neste caso, é o essencial, é a mola mestra que poderá resolver quase todo impasse.

Luís Inácio da Silva Lula, o metalúrgico, o sem dedo, o analfabeto, o pobretão, o apedeuta, o pinguço, o ousado (não no verdadeiro sentido, mas como metido), o tirano, o megalomaníaco e um sem números destes adjetivos impostos por uma súcia, mostrou, na época, àquela Casta idiotizada que aquelas pejorações iam de encontro ao que a prática mostrava ao Mundo a seu respeito.

A Teoria infame foi vencida no dia a dia por este Ser Humano brioso que, até hoje, procura com denodo a busca pela igualdade social entre os Povos, em particular, por sua gente, por seus patrícios. A frondosa árvore da injustiça político-social-econômica, plantada em 22 de abril de 1500, após 503 anos de produção de maus frutos começou a ter seus galhos ceifados a partir de 2003.

A poda foi grande, acontece que plantada há cinco séculos, a árvore da injustiça tem suas raízes profundas e não iria ser de um dia para outro, ou mesmo de um mandato para outro, que se poderiam arrancar os males que dizimam as classes mais oprimidas há meio milênio.

Pois bem, Lula com sua política voltada principalmente para a Paz achou, naqueles idos, de ser o mediador, ser o mensageiro capaz de fazer entender aos litigantes que com um bom diálogo poderia se estabelecer um entendimento.

Segundo a ótica estadunidense com condução aos membros do Conselho, o Irã enriquecia o Urânio não com a finalidade de desenvolvimento científico em seu País, mas com um pensamento bélico, com fins militares, para fabricação da bomba atômica, daí as propostas sugeridas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Foram exatamente estas propostas da ONU, as levadas ao Presidente Iraniano por Lula sem acréscimo ou decréscimo de item algum, ou seja, o Irã enviaria para Turquia 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3% para receber, após um ano, 120 quilos deste mesmo urânio enriquecido a 20% para alimentarem o seu reator de pesquisas científicas, com a fiscalização de membros da Agencia Internacional de Energia Atômica na Turquia.

É sabido pela Comunidade Científica que o Urânio enriquecido acima dos 20% é o início da fabricação de armas nucleares como a bomba atômica. Assim, façamos um parêntese neste enredo e vamos procurar analisar calmamente o que acontece em redor de nosso Planeta.

Segundo o próprio Estados Unidos, o País possuía em 1967 mais de 31 mil armas nucleares, então num gesto altruístico (e bote altruísmo nisso, parece até filme de ficção) o País reduziu o seu arsenal em torno de 84%, passando a possuir em torno de 5.113 ogivas nucleares ativas. Que gesto! Como são pacíficos! Esqueceram um pequeno detalhe: com apenas 100 destas ogivas detonadas, o Mundo vira Pó, só isso!

O anúncio foi feito durante a reunião do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), na sede da ONU em Nova York, num gesto de boa vontade e de bom exemplo dos moços ali do Norte de nosso Continente. Ah, tem outro detalhe, também! 4.600 destas armas desativadas até o presente momento não foram desmontadas.

Para nós leigos, é como se tirassem as balas de muitos revólveres para quando houver necessidade, recarregá-los. Por outro lado, dentro desta estatística estadunidense não estavam computadas as armas que “enfeitam” os submarinos nucleares, os navios de guerra espalhados pelos Oceanos, as ogivas instaladas em seis países europeus, sob sigilo, etc. e tal. Beleza!

Vejam o resumo da ópera, naquela ocasião.

A Rússia? Ah, o País da Vodca aparecia apenas com 5.000 ogivas operacionais, pouco, hein? A França, caladinha, no seu arsenal apenas 350 ogivas operacionais. A Grã Bretanha arquivava 200 ogivas operacionais, a China em torno de 210, Paquistão brincava com 60, Índia se divertia, também, com 60 ogivas, a Coreia do Norte olhava esta turma aí acima com suas 10. E Israel? Ganha um chocolate quem souber!

Há vários artigos sobre o assunto que dão conta ser o Estado Sionista possuidor de mais de 500 ogivas, naquela época, além de um portentoso e sofisticado sistema de lançamento. Se algum curioso ou pesquisador quiser saber mais sobre o ameaçador estado de Israel, leia o artigo de John Steinback no site abaixo, que mostra desde há muito, a corrida armamentista de Israel -http://www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=STE20070107&articleId=4365

Toda esta turma citada acima que se diverte com a fabricação de armas nucleares faz parte de um conselho ou Tratado sobre a Não proliferação de Armas Atômicas, que tem como expoentes máximos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, segundo estatísticas, possuindo 90% das armas nucleares. Verdade? O restante é distribuído com Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Israel que pouco se lixam para o que sai de tal conselho.

Agora vamos ao engraçado da estória. Índia e Paquistão são detentores de armas atômicas. São inimigos desde a independência da Região que estava sob o domínio da Coroa Britânica até que Gandhi a libertou. Após a morte do grande Líder, seus seguidores mais próximos não se entenderam e foi feita a separação com a criação do Paquistão e da Índia. Acontece que um Estado, que fica entra as duas, a Caxemira, é desejado pelos dois vizinhos, ambos, como já mostramos, detentores de potente arsenal nuclear de alto poder de destruição em massa e que, duas a três vezes no ano, vivem mostrando forças, tornando-se um sério perigo à Paz Mundial.

Israel vive as turras com seus vizinhos, ditando as normas que bem entende, sob o aval dos Estados Unidos, lá na Palestina e inclusive vive insuflando estadunidenses a invadirem o Irã.
Então vem a pergunta. Porque Países de ação bélica como o próprio Estados Unidos, Israel, podem ter artefatos nucleares e outros Países, não? Porque Grã Bretanha, França, Rússia, China, Paquistão, Índia podem estar armados a vida inteira e outras Nações, não?

Eles, armados até os dentes, estão nos chamando de irresponsáveis, claro, se aquelas Nações podem ter armas atômicas é porque o restante do Mundo é incapaz de possuí-las! É um argumento lógico! E eu faço até um argumento ao contrário: por que a maioria de Países no Mundo não tem armas e Eles têm? Com isto quero dizer que grande maioria da Comunidade Internacional quer ver um Mundo sem artefatos capazes de destruí-lo, consequentemente, contrários à Paz.

Mas o que está em jogo é a ambição, é o desejo mórbido do domínio. Como um País vive apregoando que quer um Mundo Livre e se esconde por trás de um arsenal capaz de destruir este mesmo Mundo em questão de segundos?

Parece-me que ainda está em voga uma das tantas máximas militares de Publius Flavius Vegetius, segundo alguns historiadores, um escritor de táticas militares e bajulador emérito do imperador Teodósio: – Civis Pacem Parabellum – Se queres a Paz, prepara a Guerra. No Seminário, quando nós estudávamos o cidadão, fazíamos troça da oração – os civis partem para a luta com parabelo.

Com efeito, os Estados Unidos aqui no Ocidente e seu espelho, Israel, lá no Oriente acham-se como o Irmão mais velho, o mais responsável, o mais experiente, logo, aquele que tem o direito de ser o dono do Mundo.

O Mundo inteiro se compadeceu do povo Judeu quando um maluco sanguinário quis destruí-lo, na Segunda Grande Guerra. Outro, no ano 70 de nossa era, já havia tentado a sua destruição, o Imperador Tito quando provocou a diáspora, a dispersão do povo hebreu pelo mundo.

Terminada a Segunda Grande Guerra, quase todas as Nações Ocidentais se rejubilaram com a volta dos Israelitas ao seu antigo território.
Acontece que a Palestina era terra, também, de outro povo, razão de um entendimento, chamado Resolução de Partilha em que Israel ocuparia 53% do Território. E que fez Israel ou o que faz? Hoje, o povo Judeu já domina 75% da outrora Palestina, ou seja, ultrapassou em 22% o que foi estabelecido na Resolução.

O Iraque era suspeito de possuir armas de destruição em massa. Ficou comprovado que nada havia lá nas Terras das Mil e Uma Noites, mas assim mesmo foi invadido e os pretextos todos nós sabemos quais eram, o domínio de seu Petróleo. Hoje a Nação vive arrasada com constantes atos terroristas a dizimar inocentes.
Então, este filme é mais antigo que a criação do cinema!

Como citei em trechos atrás, havia o pretexto do enriquecimento do Urânio para fins bélicos por parte do Irã. A Diplomacia de muitos Países, ditos Importantes, falhou no diálogo com o Governo Iraniano. O Brasil e a Turquia diplomaticamente conseguiram o que o mundo pacífico desejava, a compreensão do Irã assinando aquela Resolução feita pela ONU.

Lula partiu para caçar a onça! A estória, contada nos primeiros parágrafos desta matéria, é exposta no momento com outras palavras. E se o Irã não cumprir o que assinou? E se Ele continuar enriquecendo Urânio? E se blá, blá, blá….? Para que tanta hipocrisia? Respeitem o que foi acatado pela Nação Iraniana com a intermediação Turco-Brasileira!

Aqui, no Brasil, discursos foram preparados com antecedência para fazer galhofas do Presidente, para zombarem do que chamavam de sonhos, todos antevendo o seu fracasso.

Chamar isto que reside aí no Congresso de OPOSIÇÂO é mais que ridículo. Uma OPOSIÇÃO verdadeiramente em termos democráticos é aquela que deve se opor as coisas más de um Governo, que deve fiscalizar e analisar com inteligência projetos governamentais, retirando o que não é de serventia à população, acrescentando o que pode favorecer o Progresso de Uma Nação, etc., etc.

No caso como o que vimos, todo o País deveria se rejubilar pelo feito histórico de seu Presidente perante a Comunidade Internacional, todos irmanados, inclusive aqueles que foram eleitos para compor uma Real Democracia, SITUAÇÃO e OPOSIÇÂO. E o que vimos? Coisas mesquinhas, politiqueiras! Senadores achando que a ação de Lula foi uma palhaçada! Outros, não querendo ser tão explícitos em seus pobres pensamentos, falando do alto da Tribuna que só acreditavam no êxito da missão depois que os Estados Unidos se pronunciassem.

Finalmente, podemos ver que a fúria de boa parte da Mídia e de grande parte do Congresso Nacional contra o Governo se faz presente por eles saberem que os destinos do Brasil não estão nos seus ‘scripts’, qual seja voltarmos a ser capachos dos Estados Unidos, termos em nossas plagas a volta do FMI com suas imposições de arrocho contra a população, como vimos no Governo FHC, que seremos partícipes da famigerada ALCA que poderia dominar toda Economia Brasileira ditando suas normas, claro, com proveito para os filhos de TIO SAM.

Duvida? Querem testar? Elejam os que ele programam, Ratinho Júnior, Nícolas Ferreira, Tarcísio Freitas e cambada à Presidência da República em 2026.

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‘Era só o que faltava’ estreia sexta

O jornalistas Fernando Patriota, Adeildo Vieira e Glória Ayres confirmaram hoje (16) a estreia de ‘Era só o que faltava’ para 14h da próxima sexta-feira (19), com transmissão ao vivo pelo Instagram, Facebook e YouTube. 

Os condutores de ‘Era só o que faltava’ antecipam que abordarão temas de reconhecido interesse público envolvendo questões sociais, políticas e econômicas. Tudo de forma clara, objetiva e ética. Cultura e lazer, esportes e cotidiano, ciência e tecnologia estão na pauta permanente do programa.

Jornalistas consagrados, com experiência de apresentação e ancoragem de programas em rádio, tevê e plataformas da Internet, Patriota, Adeildo e Glória adiantam também que o programa atuará no combate à desinformação eventualmente propagada em mídias eletrônicas e redes sociais.

“Será um canal de enfrentamento às fake news e em defesa da coletividade”, reforça Patriota, lembrando que ‘Era só o que faltava’ conta com a participação direta de quem assiste. “A gente espera que o público faça suas críticas, envie questionamentos e sugestões de assuntos a serem discutidos no programa”, ressalta.

‘Era Só o que Faltava’ irá ao ar toda semana, sempre às sextas-feiras, a partir das 14h, podendo ser assistido ao vivo por quem acessar o Instagram, YouTube (@erasooquefaltavapb) e Facebook (@erasooquefaltava).

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FÉ RENOVADA, por Frutuoso Chaves

Largo do Busto de Tamandaré (Imagem do YouTube)

Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mirante da Praia do Cabo Branco, um dos mais belos trechos da orla de João Pessoa, a cidade que mais cresce no Nordeste brasileiro, ao que nos assegura a propaganda oficial.

Do alto de seus onze anos, Miguelzinho mal percebia que o avô não iria dar conta dos oito quilômetros de pedaladas naquele troço pesado, se somados os quatro de ida com os quatro de volta. “Vai com teu pai”, propus, antes da resposta do meu filho mais velho: “Vai com tua mãe”. Pagaram à locadora, antecipadamente, por meia hora de uso daquilo e lá se foi a pobre Lucinha, tão animada quanto o filho, no lombo de uma ciclovia novinha em folha.

O desânimo desses dois era evidente, quando do retorno em 15 minutos, ou seja, na metade do tempo que seria gasto se o percurso fosse completado. Miguel tinha lágrimas. “Ele caiu”, alarmou-se, junto a mim, a avó que, desde o início, não concordava com aquela invenção. Procurei tranquilizá-la: “Nunca ouvi falar em que alguém consiga cair de quadriciclos. Acho que eles arengaram”.

O tempo de espera por nora e neto me fez acompanhar de um banco aquele vai e vem interminável de adultos e crianças no ponto mais movimentado da Capital da Paraíba quando nos chegam as noites das sextas-feiras, sábados e domingos. Ali, a ciclovia, como não poderia deixar de ser, é uma exclusividade dos que pedalam, fazem uso de patinetes, ou de scooters elétricas.

Pude observar que a movimentação decorria, quase toda, do desembarque dos grupos alegres e ruidosos de gente jovem e das famílias procedentes dos bairros mais afastados para o bom proveito da brisa marinha, o passeio e brinquedos dispostos no calçadão largo e comprido, ou para as mesas dos bares, quiosques e restaurantes existentes em grande quantidade desde o MAG Shopping, no fim da Praia de Manaíra, até o Mirante do Cabo Branco, ponto final de um trajeto de oito quilômetros. O epicentro dessa festa, o Largo de Tambaú, área onde o Almirante tem seu busto, fica na metade do caminho e é a cereja do bolo.

Acho que os residentes fogem, ali, do burburinho noturno dos fins de semana. Deixam o calçadão e seus atrativos para os que vêm de fora. Nas manhãs e tardes, porém, aquilo tudo é recanto deles. Mal o sol se levanta, já ocupam a calçada e toda a rua (então livre dos carros) para as caminhadas, as pedaladas e as corridas diárias a poucos passos do mar, neste caso, quando o corpo e o espírito ainda suportem o ritmo das maratonas.

Diga-se que todo o lugar também é uma festa aos olhos dos turistas que a cidade recebe em fluxos crescentes. Estes últimos logo notam a diferença, para melhor, entre nossa orla e as das demais capitais litorâneas. E, também, logo se informam de que estão a visitar um ponto da cidade onde os grandes edifícios estão legal e absolutamente proibidos.

Assim obrigados por preceito constitucional, os espigões aqui se tornam mais altos à medida que se afastam das praias. Então, é possível perceber das areias de Tambaú e Manaíra várias das mais elevadas edificações brasileiras instaladas no Planalto do Cabo Branco, o bairro mais caro e luxuoso de João Pessoa. À beira-mar, não. Neste ponto, a lei impõe construções sobre pilotis com, no máximo, três andares. E, com isso, confere a um dos trechos urbanos mais modernos do País ares de interior que surpreendem e encantam os visitantes.

É norma que vale para os hotéis. Naquele sábado, levamos um Miguel choroso à lojinha de açaí que funciona ao lado de um deles. Nada como uma boa lanchonete para aplacar tristezas. Foi quando nós, os avós, nos inteiramos do problema: nosso neto havia perdido o iPhone. O aparelho, no sobe e desce dos pedais, caíra do bolso raso da sua bermuda sem que isso fosse percebido por ele nem pela mãe igualmente amuada. Calado e sisudo, o pai pensava, certamente, no tamanho do prejuízo.

Propus, então, que ligassem para o número de Miguel. Minha nora respondeu que já havia feito isso cinco vezes, sem ser atendida. Pedi para que voltasse a fazê-lo. Quase acabados os potes de açaí e todas as esperanças, uma voz de homem fez-se clara do outro lado da linha: “Alô?”.

Pronto. Meu neto voltou a sorrir e assim também a mãe, enquanto o pai desanuviava o semblante. Encontramos Carlos, 15 minutos depois, ao lado do Almirante, onde postou-se com a mulher, a sogra e duas crianças a fim de facilitar a entrega daquilo que, advindos de um bairro periférico, encontraram no leito avermelhado da ciclovia, a meio caminho do Mirante.

Não fez questão pela gorjeta nem teve a menor ideia do quanto nos impressionou com sua decência num instante em que perdemos, dia após dia, aquilo que não pode nem deve ser perdido: a fé na humanidade. É a Carlos, portanto, que dedico estas linhas breves e insuficientes para dele aferir, em sua exata dimensão, a dignidade e a honradez. A ele e a seus iguais.

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Um monumento para o centenário do Colégio Agrícola de Bananeiras

Colégio Agrícola de Bananeiras (Imagem: CAVN/CCHSA/UFPB)

A instalação de um monumento alusivo aos cem anos da tradicional Escola Agrícola de Bananeiras, atual Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), vai marcar a comemoração do centenário programada para os dias 6 e 7 de setembro próximo no Campus III da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A informação é do zootecnista Antônio Carlos Ferreira de Melo, ex-aluno e professor aposentado da instituição. Segundo ele, a festa dos cem anos é organizada e será realizada pela Associação dos ex-Alunos do CAVN, que foi inaugurado em 7 de setembro de 1924 sob a denominação de Patronato Agrícola de Bananeiras. 

Antônio Carlos enviou ontem (3) uma carta ao blog (leia abaixo) na qual apela aos seus contemporâneos e a quem mais puder para que doem qualquer valor para cobrir as despesas com o monumento, doação que pode ser feita através do pix de Rômulo Gondim ([email protected]), presidente da Associação dos ex-Alunos.

O apelo do Professor

  •      Boa noite, estimado amigo. Prezado, você sabe muito bem que devo tudo de minha vida a Deus e ao nosso amado CAVN. Foi lá que recebi os melhores ensinamentos técnicos e humanitários, que me fizeram trilhar pelos caminhos da Agropecuária e também de minha formação como pessoa. Tudo isso graças ao conjunto de excelentes professores que tive, e aqui ressalto grandes mestres, a exemplo de nosso Vicente de Paula Nóbrega, Joaquim Édson de Araújo, José Pires Dantas e tantos outros que me privilegiaram com seus valiosíssimos ensinamentos.
  •      Foi através desses grandes mestres que aprendi a amar a minha profissão e o meu CAVN, onde também tive o privilégio de ser professor, espelhado naqueles que me deram régua e compasso. É claro que em relação aos ensinamentos práticos ministrados pelos meus mestres não posso esquecer do que aprendi também com meu saudoso pai, Lucas Marques de Melo, responsável pelo rebanho bovino dessa importante casa de ensino.
  •      Diante do exposto, e tendo em vista que se encontra em processo de licitação projeto de construção de marco comemorativo dos 100 anos do CAVN, que deverá ser custeado por ex-alunos e por todos que tenham alguma ligação com nosso Colégio Agrícola, solicito aos meus colegas de CAVN, e a quem se interessar, que doem qualquer quantia para ajudar a Associação de ex-Alunos a honrar o compromisso financeiro com o construtor do monumento no valor total de R$ 11.200,00.
  •      A doação deve ser feita via Pix do professor Rômulo Gondim (chave: [email protected]), ao qual deve ser enviado comprovante. Agradeço pela divulgação e a todos que contribuírem para o sucesso das festividades e homenagens a nossa querida e centenária escola.
  •      Antônio Carlos Ferreira de Melo, Caranguejo
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ERA FELIZ E NÃO SABIA, por Babyne Gouvêa

Eleito governador da Paraíba finalmente em 1994, Antônio Mariz viria a falecer em setembro de 1995, menos de nove meses após a sua posse (Foto: acervo Josélio Carneiro)

O ano era 1982, ano de alvíssaras. Afinal, o brasileiro ia às urnas depois de um longo tempo de proibições. Lampejos de esperança do retorno à democracia davam sinais com as eleições diretas para governador, interrompidas durante a ditadura militar.

A perspectiva de poder votar despertou na população anseio de participar efetivamente do pleito. Era um tempo bom de se envolver nas eleições.

Seguindo essa lógica foi relativamente fácil o engajamento na campanha do PMDB da Paraíba. Encerrado o horário do ofício partíamos para cidades próximas à capital para acompanhar a caravana dos nossos candidatos.

Numa dessas empreitadas partimos à noite para Pedras de Fogo, cidade paraibana que divide território com Itambé, cidade pernambucana.

Estranho entender a logística dos palanques, mas logo compreendida. De um lado o PMDB da PB reunido na boleia de um caminhão, muito usada para esse fim, à época. Do outro lado, em solo pernambucano, o PMDB discursava utilizando instalações semelhantes.

O ambiente entre os eleitores era civilizado, e o respeito ditava as normas entre adeptos e opositores. Esse clima proporcionava conforto à população pois não havia espaço para animosidades.

Santinhos, faixas e adesivos eram distribuídos e havia receptividade por parte de todos os presentes, independentemente de apoiar o PMDB ou PDS, principais partidos no páreo.

O cansaço, muitas vezes, batia e o jeito era dormir no caminhão, com risco de servir de obstáculo. Foi o que aconteceu. O candidato ao Senado de Pernambuco, Cid Sampaio, quis ser cordial com os colegas de partido do estado vizinho e tropeçou num corpo sonolento. Cheirou o chão do caminhão, literalmente.

A escada colocada para “alçar” o palanque enfrentava congestionamentos, num sobe e desce frenético. Esbarrão com o candidato ao governo da Paraíba, Antônio Mariz, era o desejo de todos os partidários. Orador simpático, talentoso e defensor dos humildes me fez deixar de lado a ética, como mesária naquele ano, para lhe dar um abraço. Os demais colegas de mesa seguiram o meu comportamento.

Naquela noite em Pedras de Fogo fomos prestigiados por presenciar o abraço da dupla peemedebista Antônio Mariz e Marcos Freire, candidato ao governo de Pernambuco, ambos com verve de estontear até o eleitor menos informado.

Os ânimos para as eleições convergiam para uma ansiedade coletiva, em face de uma longa espera imposta pelo regime militar. O estado emocional dos eleitores em nada comprometia a sua conduta de cidadão. Tudo ocorria em clima civilizatório.

Hoje, hostilidade impera contra eleitores. Insultos, mentiras, ódio são destilados intimidando os contrários à frente ditatorial. Neste cenário horrendo resta-me reconhecer que era feliz e não sabia.

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A MORTE DO CAMPO SANTO, por Palmari Lucena

Boa Sentença, alvo constante de vandalismo e furtos (Foto: Edson Matos/A União)

Pessoas vestidas de negro de pé sobre um monte de areia de uma cova recém-cavada. O cheiro de terra fresca mistura-se com o aroma pungente das flores das coroas fúnebres.

A tristeza viaja com a brisa, enquanto os tímidos cantos dos pássaros se acomodam à lassidão do descanso eterno. O ruído das pás movendo terra é ocasionalmente interrompido pelo som de torrões de barro caindo.

Com a visão limitada pelas pernas dos adultos, um menino tenta observar a cena. O ataúde desapareceu, os coveiros partiram. Seu avô querido não está mais ali.

O menino quer correr, desaparecer. Nota frutos dos castanheiros no chão e chuta alguns distraidamente. Os adultos caminham juntos, bem juntos, como se colados pela tristeza.

A dor comum ofusca a beleza e a exuberância dos mausoléus da alameda central. Eles chegam ao portal do Cemitério do Senhor da Boa Sentença. Após abraços, partem sem nunca olhar para trás.

Quatro décadas após o enterro, voltamos. Com o carro estacionado próximo à Praça da Pedra, seguimos pela Rua São Miguel em direção ao cemitério. Lembranças de uma frase pichada com letras e cores iradas do protesto: “Pão, paz, terra e liberdade”.

Paramos diante do que restou do nosso cinema favorito. Imaginamos em silêncio os sinos da Igreja da Conceição anunciando a passagem dos cortejos fúnebres. Sentimos a fragrância enfadonha de incenso permeando a procissão com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Tudo havia mudado.

Estávamos no palco central de uma tragédia urbana, a morte prematura da cidade antiga. Progresso desordenado, indiferente à nossa herança histórica, conspirava incontrolavelmente. Tudo e todos os vivos seguiam como uma enxurrada em direção ao mar.

“A praia vai matar a cidade, é uma questão de tempo”, dizia-nos profeticamente o Tenente Lucena – recordação súbita diante do seu mausoléu. Argolas e artefatos de bronze haviam sido removidos por usurpadores. Vandalismo, abandono e lixo – garras implacáveis esculpidas nos caminhos e nas alamedas. O cemitério havia se transformado no corpo e na sombra da moribunda cidade, vivos e mortos morrendo juntos.

Com o advento das perdas biológicas de outros entes queridos, as visitas ao cemitério tornaram-se mais frequentes. Os tempos que havíamos compartilhado e a aproximação cultural das nossas faixas etárias renovavam a urgência de mantê-los vivos nas nossas memórias e tradições.

O cemitério havia se transformado em uma enorme terra sem dono, nossos antepassados à mercê de pessoas indiferentes. Os mausoléus, prendas fáceis da luta de classes que continua após a morte.

Cenas na televisão e crônicas recentes denunciaram o abandono e a corrupção que impera no Cemitério do Senhor da Boa Sentença. A criminalidade que engolfou o pequeno cortejo fúnebre no sepultamento de uma ilustre paraibana expôs a triste verdade que gostaríamos de esquecer ou negar.

Lugar de descanso dos nossos antepassados e repositório da nossa história, o campo santo está morrendo, vítima do apetite insaciável de tudo aquilo que desafia ou subestima os princípios básicos da nossa tradição e cultura.

Os atos de depredação e corrupção que ocorrem no cemitério são crimes que ferem os princípios de inviolabilidade do cadáver e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, remetendo-nos a uma atemporal Antígona que, desde a antiguidade clássica e em nome de leis superiores e não escritas, luta por dar digna sepultura aos membros da sua família.

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SIMPATIAS E SAUDADES, por Frutuoso Chaves

Imagem copiada do Blog do Thame

Quem quiser saber das fogueiras, crendices e simpatias de junho leia Câmara Cascudo. Ele mesmo, o criador da Sociedade Brasileira de Folclore, o pesquisador das raízes étnicas do Brasil, o sociólogo, o antropólogo, o historiador. Se achar pouco, pode acrescer poeta, cronista e musicólogo. E ainda cabe mais. O homem tratou desses assuntos em estudos da própria lavra e, também, em apanhados de gente diversa, ao longo do País.

Quando o tema é São João, o santo em si, a bíblia será de grande socorro. Essa mesma fonte de consulta vale para São José, divindade de março, aquele a quem Luiz Gonzaga suplicou vinte espigas em cada pé de milho. “Fale lá com São José”, pediu ele ao santo do carneirinho.

O cajado de José, homem já velho, floriu quando de sua escolha para pai adotivo de Jesus, semente divina plantada na menina Maria. Lenda, ou não, conta-se que a prima desta última, uma Isabel infértil em razão da idade avançada, comunicou o nascimento do filho João por meio de uma grande fogueira acesa no terreiro, em noite estrelada.

Se verdade for, mal sabia ela que a providência renderia as brasas de junho chegadas por influências europeias a este País Tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, como quer, em sua santa inocência, Jorge Benjor.

Mas vamos a Câmara Cascudo e às simpatias do mês. Esta, aqui, ele colheu do pesquisador J. M. Cardoso de Oliveira, ao que acabo de ler. Serve à moçada de ambos os sexos.

Pulem em cruz sobre as brasas da fogueira, meninos e meninas, tendo à mão um copo com água, gema e clara de ovo. Levem isso ao sereno e, dia amanhecido, vejam que desenho a clara formou. Deu igreja? Casamento na certa. Um navio? Preparem as malas para uma bela viagem. Alguma joia? Vem cheque gordo por aí, minha gente.

Anote você aí, mocinha. Pendure um anel na ponta de um cordão, suspenda-o dentro de um copo com água pela metade e não o deixe nela tocar. Em seguida, com isso nas mãos, ultrapasse uma fogueira em chamas já brandas. Tantos anos você esperará pelo casamento quantas sejam as batidas do anel em pêndulo nas paredes do copo.

Outra mais. Não coma toda a porção que pegou para a janta. Deixe sobras num pratinho disposto, quando a festa acabar, na cabeceira da mesa mais próxima do seu quarto. Tenha o sono dos justos e não se esqueça, ao acordar, do sonho que teve, pois nele esteve aquele com quem você um dia se casará.

Isso também vale para os marmanjos. Se você tiver muita coragem, leve uma bacia com água até a beira da fogueira, à meia-noite de 23 de junho. Não viu seu reflexo? Adeus, minha e meu camarada. Deus os tenha. Torçamos, porém, a fim de que a vida nos seja longa, próspera e feliz.

Ainda não se casou, menina? Pretende fazer isso? Não é pergunta à toa. Afinal, muitas de vocês não querem dividir o lençol nem misturar escovas de dente com quem quer que seja, se isso significar a perda da liberdade, ou prejuízos para a carreira profissional, no que fazem muito bem.

Mas, se apesar desses riscos, ainda quiser marido, ponha água na boca até não mais poder, corra para trás de uma porta e abra os ouvidos. O primeiro nome de homem que então escutar será o daquele com quem irá ao padre, ao pastor, ou ao juiz de paz. Dizem que essa simpatia não falha.

Desejo que todos tenham, apesar dos pesares, uma festa de amor e paz. O que não lhes desejo são as minhas saudades. Nelas inscrevo não apenas as crendices e adivinhações, mas, ainda, os céus estrelados, as quadrilhas juninas das famílias, o abraço dos amigos, o milho assado no braseiro em comum, os cantos e ritmos de antigamente. Mas, seja como for, tenham todos um bom São João.

É BOM ESCLARECER
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