AGRICULTURA FAMILIAR AMEAÇADA DE EXTINÇÃO NA PARAÍBA, por Antônio Carlos Ferreira

Liberalino (terceiro da esquerda para a direita) pede nova audiência com o governador João Azevedo (Foto: Zé Marques)

Nessa segunda-feira (19), a convite do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), Liberalino Ferreira de Lucena, fizemos avaliação criteriosa do sistema de assistência técnica e elaboração de projetos de financiamento destinados aos agricultores familiares da Paraíba vinculados ao Pronaf – Programa Nacional de Agricultura Familiar. Do encontro participou Ivanildo Pereira, assessor técnico da entidade.

De plano, vimos que o volume de operações de microcrédito para nossos pronafianos é bem inferior àquele alocado ao programa executado atualmente através do Agro Amigo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Daí, constatamos a difícil situação em que se encontra expressiva parcela daqueles agricultores que já acessaram créditos via Pronaf e não obtiveram êxito. Entre outras causas, o insucesso deve-se a uma incorreta aplicação dos recursos recebidos. 

Motivos para equívocos e desvios são os mais diversos, mas entre os principais destaco o fato de projetos submetidos ao BNB não serem discutidos com os agricultores e suas famílias. Muitos desses projetos, ressalte-se, são elaborados sem uma única visita técnica à propriedade a ser pretensamente beneficiada pela verba solicitada. Sem tal visita ao imóvel rural objeto do contrato entre o pequeno agricultor e o banco é impossível, por exemplo, identificar as características de produção da terra. Resulta daí um desastre anunciado, facilmente previsto.

Sem assistência técnica condizente e nenhum gerenciamento, inevitável a piora da qualidade de vida dessa gente que antes nada tinha ou tinha pouco e agora lhe sobra um débito que não consegue pagar, gerando uma inadimplência cumulativa que trava e reduz o número de novas operações de crédito. Com isso, perdemos oportunidades de melhoria efetiva da renda e da qualidade de vida em nossa agricultura familiar, onde centenas ou milhares de pessoas desassistidas chegam a passar fome.

Diante dessa realidade que vem desvirtuando os objetivos do Pronaf, em defesa e socorro aos pequenos agricultores paraibanos o presidente da Fetag decidiu pedir audiência ao Governador João Azevedo, a quem deve solicitar que o Estado passe a adotar doravante, com eventuais adaptações, o exitoso processo de Assistência Técnica Gerencial, atualmente desenvolvido pelo sistema Senar/Faepa. Se tal sugestão for acolhida e implementada, a agricultura familiar paraibana terá ganhos crescentes de forma sustentada. 

No sistema Senar/Faepa, o técnico faz assistência técnica e também o gerenciamento do projeto, orientando e acompanhando cada etapa para ao final apresentar relatório demonstrativo de resultados. O Senar é o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural e a Faepa, Federação da Agricultura e Pecuária na Paraíba.

Vale destacar que nesse sentido já mantivemos contato com dirigentes da Empaer (Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária) e eles se mostraram bastante receptivos à proposta. Nesse encontro, Aristeu Chaves, presidente da Empaer, adiantou que já adquiriu um sistema eletrônico para viabilizar a implantação de um novo modelo de assistência e orientação técnicas aos pequenos agricultores.

Percebi que tudo está sendo feito para que tudo seja feito dentro da nossa realidade, com vistas a melhorar essa mesma realidade para quem realmente precisa melhorar. Conhecemos na Empaer um pouco do sistema que está sendo construído e achamos muito interessante, tendo em vista que o processo de financiamento vai ser iniciado com a visita do técnico à propriedade, onde se discutirá com o agricultor e sua família a melhor forma de investir na terra.

Detalhe: com a Empaer, a visita do técnico será registrada no sistema eletrônico de acompanhamento, onde ficarão resistrados horários da chegada e da saída e, também, tudo o que for debatido e decidido com os beneficiários diretos de tal iniciativa. E assim será em todas as etapas do acompanhamento/gerenciamento, anotando as ações, custos de produção, o quantitativo do que foi destinado ao consumo da família e o que foi comercializado.

Outro exemplo concreto da importância dos projetos terem um bom gerenciamento é o sucesso dos financiamentos do Agro Amigo, que tem um rígido controle de suas operações e resultados bastante satisfatórios. Examinando dados do próprio BNB, vê-se que no ano de 2023 foram feitas 54.541 operações nesse programa, enquanto somando todas as linhas de crédito do Pronaf foram realizadas apenas 1.129 operações de crédito.

O apoio financeiro ao Pronaf vem em queda nos últimos cinco anos. Suponho, com elevado grau de certeza, ser consequência da quantidade de agricultores inadimplentes que ficam impedidos de novos financiamentos. Se assim continuar, vamos terminar por inviabilizar essas valiosas operações, que tem juros subsidiados, variando de 0,5 a 6 por cento ao ano, com rebate de 25 a 40 por cento para quem paga em dia. É coisa que não existe em qualquer outro lugar do planeta.

Tenho a melhor expectativa de que no encontro com o governador da Paraíba ele se sensibilize e determine a junção ou integração de todas as políticas públicas de combate à pobreza rural no Estado, para que uma ação possa potencializar a outra, a exemplo do Projeto Cooperar, Procasi e Garantia Safra. Ações como essas podem mudar para melhor, de verdade, a vida e as condições de vida de milhares de pequenos agricultores.

Deve mudar, especialmente, a história da aplicação de créditos do Pronaf na Paraíba, algo perfeitamente exequível se melhorarmos a qualidade dos projetos, com investimento correto e retorno garantido para a nossa Agricultura Familiar.

  • Antônio Carlos Ferreira é ex-coordenador do Pronaf na Paraíba

 

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O CHOQUE DO BEM, por José Mário Espínola

Imagem meramente ilustrativa copiada de Fisio Care Pet

Há choques que vêm para o bem. Cresci para a leitura e para o cinema desenvolvendo gosto para alguns gêneros. Alguns dos que mais me fascinam são o suspense e o terror.

Nesses gêneros foram muitos os filmes e as histórias narrando sobre personagens submetidos a choques elétricos, geralmente expostos como forma de tortura.

Só quando me tornei adulto, e mais ainda como médico, é que vim tomar conhecimento do lado terapêutico do eletrochoque.

Na medicina, ele é resultado como último recurso para tirar pacientes que estão em depressão profunda, e que por isso correm o risco de suicidar-se. Geralmente com bons resultados.

Mas eu ainda não tinha visto a utilização de choques elétricos na fisioterapia. E foi o que acabei de testemunhar!

Há alguns meses, a nossa neta de 4 patas Minie, que tem 12 anos e é por isso considerada idosa, sofreu uma extrusão da 3ª vértebra lombar. Isso causou imediata paralisia dos membros inferiores.

Além disso, causou também o que é denominado na medicina como “bexiga neurogênica”. Isso é caracterizado como paralisia da válvula que controla o esvaziamento da bexiga através da uretra.

Com isso, Minie perdeu a capacidade de urinar, precisando usar sonda vesical, e a bexiga tem que ser esvaziada manualmente a cada 4 a 6 horas.

Diagnosticadas as lesões neurológicas por Dr. Edson Mauro e pela Dra. Pollyanna Moura, ambos prescreveram o tratamento fisioterápico para Minie. Por recomendação, procuramos o serviço de fisioterapia da Dra. Kalinne, o Acufisio.

Lá, ela vem fazendo tratamento ininterrupto, 2 sessões semanais. Nas últimas sessões, a Dra. Kalinne iniciou o tratamento com micro-choques elétricos.

Para a nossa alegria, hoje assistimos Minie erguer-se sobre as patas traseiras, até ontem à  tarde semiparalisadas, e dar duas curtas carreiras para escapar de Luna, a nossa gata brincalhona que queria pegar a cauda dela!

Foi uma alegria geral, todos exultantes com o progresso e a conquista de Minie. Por isso somos sinceramente agradecidos aos dois “pediatras” das nossas crias, nossas netas de 3 e 4 patas, Dr. Edson Mauro e Dra. Pollyana, pelas suas dedicação e competência.

Um agradecimento todo especial à Dra. Kalinne, pela sua competência, aumentando a esperança de que um dia Minie volte a ser normal.

Essa cena enterrou definitivamente o aspecto aterrorizante do choque elétrico para mim, difundido pela literatura e pelo cinema.

VIVA O CHOQUE DO BEM!

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IMERSÕES, por Frutuoso Chaves

Imagem meramente ilustrativa publicada no Facebook por História de Indaiatuba, sem crédito à autoria

Não lembro que prefeito tratou de chumbar umas argolas de ferro no leito da Avenida José Lins do Rego, até a vizinhança da Praça João Pessoa, no Pilar da minha infância.

Mas lembro das queixas da Dona Guajarina, nossa vizinha, em decorrência de buracos feitos, antes disso, no calçamento da rua principal onde se enfiavam pinos metálicos. Essa coisa servia à amarração dos balanços e carrosséis daqueles antigos parques de diversão. Terminadas as festas de fim de ano, os donos dos brinquedos não cuidavam de tapar a buraqueira, o que insatisfazia a moça.

Naqueles idos, a moça carrancuda valia-se do parentesco com o poderoso chefe político local (de quem ganhara cargo vitalício na Prefeitura) para mandar e desmandar, o tempo inteiro, em todos e em tudo. E pode-se incluir na relação de seus subordinados uma sucessão de prefeitos.

As tais argolas foram ideia sua e, depois delas, parque nenhum fez mais buracos na rua. Perdão, na Avenida, com “a” maiúsculo, por mais que isso possa divertir os acostumados aos vastos espaços das grandes cidades do País, ou do mundo. Acontece que Pilar tem grandezas conferidas pelo coração. Perto desse aglomerado humano – que atravessou eras com medo das cheias do Rio Paraíba – Nova York é pinto. Quinta Avenida… Pois, sim.

Voltemos, porém, aos velhos parques. Egresso do Recife e das férias escolares, eu gostava de acordar nas madrugadas com o barulho da instalação de rodas gigantes, balanços e carrocéis. O raiar do sol trazia, não raramente, a surpresa de ruas embandeiradas. A noite, por sua vez, traria o vai e vem das pessoas advindas, no mais das vezes, dos sítios e pés de serra.

Ainda menino, eu ficava a contemplar o passeio das moças surgidas da zona rural. Andavam quilômetros descalças por trilhas e estradas de barro, mas punham os sapatos tão logo entravam na cidade. A operação seguinte consistia em ajeitar o penteado, passar batom e rouge vermelhos e esfregar na nuca, ou decote, com a ponta de um dedo, o conteúdo de um frasquinho minúsculo. Eu poderia jurar que o cheiro recendia da Praça do Leite ao Compra Fiado. “Extrato”, é como chamavam isso. Depois, punham-se em duplas, de braços dados, a caminhar entre o povaréu. Ao fim de cada percurso, davam meia volta, entrelaçavam os braços (agora trocados) e retomavam a caminhada. Impossível não percebê-las.

Mas era do Serviço de Som aquilo de que eu mais gostava. A coisa se resumia a uma casinha de tábuas com as cores do parque e área um pouco além de um metro quadrado (o suficiente para acomodar a aparelhagem, os discos e o discotecário), afora dois ou mais alto-falantes atados no alto de um mastro para irradiar músicas e dedicatórias. Algo do tipo: “Atenção, Marina. Assim como as flores abrem as pétalas para receber o orvalho da madrugada, abra seu coração para esta canção que Antonio agora lhe oferece”. E tome Nelson Gonçalves, tome Anísio Silva, tome Ângela Maria.

Ah, sim. Antes que a Hidrelétrica de Paulo Afonso trouxesse a eletricidade para as pequenas cidades do interior, os parques de diversão tinham seus giros garantidos por gente para tanto contratada. “Movidos a feijão”, dizia-se. O motor da luz, ligado e desligado por Seu Oscar, servia à iluminação das ruas, residências e casas de comércio. Também, é claro, em momentos festivos, às difusoras de músicas, algumas, pomposamente, com títulos e prefixos.

Mas, por que fui lembrar disso tudo? O que vou fazer com o restante do dia? Morrer de saudade? A passagem dos anos é uma bosta. Neste exato momento, sinto falta, até, da Dona Guajarina.

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BREJO CADA VEZ MAIS SECO E PELADO, por Rubens Nóbrega

No Engenho Laranjeiras, reserva vegetal preservada deveria servir de exemplo

Em favor do Brejo da Paraíba, vale renovar apelo de 20 anos ou mais repetido pela última vez em setembro de 2021, quando usei este espaço para clamar por reposição vegetal dos mais lindos jardins, serras e campos com os quais convivi na Bananeiras da minha infância.

Prestes a completar sete decênios de minha “aventura humana na Terra”, julgo oportuno repetir também um alerta: sem replantar árvore nem reabrir olho d’água, em breve o Brejo deixará de ser brejo para afugentar de vez até mesmo o friozinho que afortuna o turismo da Grande Bananeiras.

Sugeri ene vezes a autoridades locais e estaduais um consórcio de reflorestamento do Brejo como alternativa à tragédia anunciada. Em vão. Agora, peço que no mínimo mirem-se no exemplo de cidadãs e cidadãos verdadeiramente preocupados com a devastação em curso.

Cidadãs como Ana Maria Gondim, secretária de Cultura e Turismo de Bananeiras nas gestões Marta Ramalho (2004-2012) na Prefeitura local. Ela adverte para os avanços e perigos da gentrificação por que passa a cidade, agravada por uma expansão imobiliária estupidamente ancorada no progressivo desmatamento das reservas de verde do município.

Ana Maria Gondim

A gentrificação, explica Ana, faz da cidade alvo de investimentos imobiliários de luxo que não apenas degradam o ambiente como encarecem terrivelmente o custo de vida para os nativos menos afortunados, forçando-os a venderem suas casas, seus pequenos comércios e outras formas de viver e sobreviver no lugar onde nasceram ou escolheram para morar.

Antônio Carlos

Melhor do que bom, seria ótimo prestar atenção também ao que diz Antônio Carlos Ferreira, zootecnista e professor aposentado da Universidade Federal. Bananeirense da gema, denuncia que a última porção de mata urbana de Bananeiras está ameaçada de desaparecimento para dar lugar a mais um condomínio de casas de padrões e preços inacessíveis aos viventes e sobreviventes do Brejo.

Governantes também podem se mirar em cidadãos como Francisco Barreto Filho, Professor Doutor em Economia da Universidade Federal e dono do Engenho Laranjeiras, em Serraria, onde há mais de 30 anos resiste às coivaras e ameaças de contumazes depredadores. Resiste e preserva 100 hectares de pura natureza concentrada em sua propriedade.

Francisco Barreto

Enquanto frui a beleza de despertar ao som de juritis e sabiás no Laranjeiras, Barreto diz acordar todo dia sob o temor das consequências do que chama de “urbanização rural” do seu entorno e de toda a região. “O que está acontecendo em quase todo o Brejo é um desastre, tendo Bananeiras como epicentro da ganância imobiliária”, lamenta.

Barreto teme, sobretudo, pela progressão sem limites da “ilusória urbanidade” do Brejo, ao sabor das oportunidades de negócio e enriquecimento rápido de alguns em prejuízo da maioria da população, a parcela que mais sofre com a falta de infraestrutura e de planejamento na ocupação e uso solo via urbanização rural.

“Em cada um dos 100 hectares de vegetação nativa que conservo são produzidas cerca de 40 toneladas de oxigênio por ano e não preciso de governos nem de COPs (conferências mundiais contra desmatamentos e aumento da temperatura global) para minusculamente ajudar o Planeta Terra”, garante Barreto.

Ele acredita mesmo que longe da “sedução especulativa” consegue “em alguma escala proteger a fauna, a flora e a não poluição dos solos e das águas”, ou seja, elementos de sobrevivência humana que ameaçam faltar aos brejeiros, paraibanos e brasileiros em geral caso não se detenha a escalada de empreendimentos imobiliários sem o menor respeito e preservação do nosso patrimônio natural.

Bananeiras já tem serras peladas (Imagem: Farol Corporativo)

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DIA DO ORGASMO, por Frutuoso Chaves

Postagens sucessivas lembram o transcurso, neste 31 de julho, do Dia Internacional do Orgasmo. Li que isso é coisa para inglês ver. Ou seja, é criação de donos de sex shops londrinos interessados em aumentar suas vendas.

A ideia, lançada em 1999, logo tomaria conta de quase todo o Planeta. Até porque fora também pensada a fim de animar o debate de um fenômeno gritante: a dificuldade de chegar lá enfrentada, estatisticamente, naqueles dias, por 60% das mulheres ocidentais.

Seja como for, o 31 de Julho, assim observado, me lembra a velha piada do casal de idosos saído do interior para consulta ao ginecologista. Coisa antiga, do tempo daquele plano hospitalar que a Unimed matou ao exigir a exclusividade de seus profissionais: deveriam optar por um ou outro.

Pois bem, a esposa entrou sozinha na sala, ficando o marido no corredor. Em dado momento da consulta, o médico pergunta se aquela senhora tinha orgasmo. Sem ligar o nome à pessoa, ela entreabre a porta e grita: “Querido, nós temos orgasmo?”. E ele: “Temos não. A gente tem Hosplan”.

Na ilustração, cena antológica com Meg Ryan, no filme “Harry e Sally”. Sua personagem discutia, em um restaurante, com o amigo (Billy Crystal), a quem pretendia convencer de que a mulher é capaz de enganar nessa matéria.

Seus gemidos à mesa chamam a atenção dos circunstantes. Assim que ambos estão para deixar o recinto, a garçonete se aproxima de uma cliente de meia idade sentada ao lado: “Deseja comer o quê?”. E ouviu: “O mesmo que ela”.

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VERSOS ZELINIANOS, por Frutuoso Chaves

Antonio Costta vê poesia na prosa de José Lins do Rego. Vê, desse modo, aquilo que desapercebido passa pelos leitores de um dos mais aclamados romancistas brasileiros.

Conterrâneo de Zélins, o poeta Costta é pilarense de Chã de Areia, uma terra de pequenos agricultores, dessa gente que planta e colhe frutas, grãos e hortaliças para as mesas de todos nós. Os dali formam em sítios geralmente pequenos o contingente de produtores rurais que, em escala nacional, elevam, assim somados, a agricultura familiar à condição de celeiro do Brasil. Sim, porquanto o agronegócio despacha em dólar o que semeia em grandes extensões para o resto do mundo.

Não sei se o Paraibinha, afluente do rio que deu nome à Paraíba, interpõe-se entre as glebas de Chã de Areia e a Casa Grande do Corredor, o berço de Zélins restaurado e disposto à visitação pública. O rio principal, sim. E, nele, os poços onde o neto de Bubu mergulhava com os meninos da bagaceira. Levou dali para o resto da vida a esquistossomose que o matou no auge da produção literária.

O menino de engenho não fora feito para banhos de rio. Sem a resistência orgânica e genética dos descendentes dos escravos do avô, com os quais brincava de cangapés e galinha d’água, tinha chiados de asma.

No seu “Poemas Zelinianos”, Antonio Costta arruma em versos a prosa do conterrâneo. E assim a dispõe aos saudosos de enredos contidos nos romances do Ciclo da Cana de Açúcar conhecidos, mundo a fora, em uma dezena de idiomas, ao menos isso.

Os canários do Santa Rosa, a Velha Totonha, os carros de boi, o engenho em sua atividade e de bueiro fumegante, os de fogo morto, a chegada da chuva, a da seca, a liberdade, os moleques, o pastoreio, o trem e a usina com seus braços de polvo apresentam-se, então, em estrofes enfileiradas pelo poeta pilarense. Costta, repito, vê poesia nos textos de Zélins. Coisas assim:

De manhã acordei
e dentro do peito o puxado piava.
Rebentava com as chuvas de véspera.
Ficava provado que eu não podia
ser como os moleques do Santa Rosa.

Sobre o internato de Zélins, na vizinha Itabaiana:

Levava para o Colégio
um corpo sacudido
pelas paixões de homem feito.
E uma alma mais velha
do que meu corpo.

Sobre os alcances da Usina:

A usina não podia perder
um palmo de terra de várzea.
Em tudo que era terra do povo
a usina crescia os olhos.
Não havia lei de Deus para a Usina.

O poeta Antonio Costta compõe em versos seus a segunda parte de “Poemas Zelinianos”. Alguns deles com mote de Drummond:

E, agora, José?
Cadê teu avô
que não vem te buscar?
Cadê tuas tias
do velho Pilar?

Também:

Carro de boi…
No caminho de barro
só conhece esse carro
quem menino já foi.

Foices cortando cana,
trabalhadores cantando,
suor pigando na terra,
cana madura tombando.

A usina com fome
comeu dez fazendas,
comeu cinco engenhos
e ficou gestante
de um latifúndio.

Sucesso, Antonio Costta. É o que te desejo.

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NONA É UMA FIGURA, por Babyne Gouvêa

Júlia, a Nona (álbum de família)

Foi registrada com o nome Júlia. Apesar de ter recebido um lindo nome chegou à nossa casa com o apelido de Nona. Desconheço a origem.

Fomos buscá-la em Pilar, cidade do interior da Paraíba, para me ajudar no nascimento da minha terceira filha, Camila, há 43 anos. Terminou me auxiliando em todas as atividades da casa, além dos cuidados com meus outros filhos.

Tornou-se uma pessoa conhecida e querida de todos da minha família e amigos. As histórias lhe envolvendo são muitas e quase todos gostam de lhe empregar alguma peça, aguardando a sua reação, nem sempre delicada.

Dona de um coração boníssimo, faz questão de ser vista como pessoa austera, brava muitas vezes. Entra em contradição facilmente e denuncia a sua bondade ao manifestar afeto por alguém a quem repreendeu instantes antes.

Embora já tenha passado dos sessenta anos continua com um temor enorme à morte e tudo que diz respeito a falecimento. Ao saber que alguém sucumbiu, pede a Deus que o morto não lhe apareça.

Os mais próximos têm conhecimento dessa fobia e bolam os mais variados sustos. Há quem tenha falado com ela ao telefone imitando a voz de alguém que se foi. Soltou o aparelho e correu pulando aos prantos em minha direção.

O repertório é longo em torno de Nona. Fiel a mim em toda a minha trajetória de vida, assistiu lealmente a todos os meus momentos de dificuldade ou alegria.

Crescimento dos meus filhos, separação do meu primeiro marido, casamento dos meus filhos, meu segundo casamento, nascimento dos meus netos, minha viuvez, são ocasiões nas quais Nona sempre esteve presente, solidária, amiga.

No cenário atual, eu e ela dividimos um enorme ninho vazio. Ela procura fazer de tudo para visualizar um sorriso no meu rosto e fica feliz quando viajo ou saio por alguma razão. A reciprocidade também se dá nas mesmas proporções.

Feliz de quem tem uma Nona em sua vida!

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HIPOCRISIA, A MONTARIA DA GANÂNCIA, por Jesus Soares da Fonseca

Imagem meramente ilustrativa

Minha mãe gostava de contar a nós, seus filhos menores, estórias engraçadas que continham em seu bojo verdadeiras lições de vida, embora ainda não pudéssemos chegar ao cerne da questão, por ainda estarmos com a inteligência em desenvolvimento.

As peripécias internacionais e nacionais dos dias atuais me fazem lembrar de um daqueles contos ouvidos na infância e, agora sim, já com a inteligência amadurecida poder ir lá no fundo e verificar o que estava escondido, o que antes era impossível observar e discernir. E minha Mãe narrava…

Dois homens conversavam, sentados num banco de uma praça de certa cidade do interior, sobre o que mais gostavam de fazer. Um deles dizia que ainda iria caçar a onça que estava a aterrorizar a vizinhança. O outro, invejoso por natureza, zombava do companheiro e a cada passo da conversa de seu amigo, impunha-lhe ou criava-lhe uma dificuldade impossível de ser contornada. Dizia:

– Tenha cuidado amigo, esta onça é feroz e poderá lhe matar!

– Para isto eu tenho uma boa arma, respondia o caçador!

– E se arma falhar e não disparar?

– Bom, neste caso, eu tenho um bom par de pernas e me porei a correr!

– Só que a onça é mais ágil e corre mais que tu!

– Em todo caso, subirei numa árvore!

– E se a onça cavar e derrubar a árvore?

Em junho de 2010, o Conselho de Segurança da ONU elaborou uma proposta ao Irã no tocante ao seu programa nuclear. Ou o País dos Aiatolás aceitava as normas impostas pelo CSO ou este Conselho aplicaria severas sanções à Nação Iraniana, incluindo aí, não só o isolamento político-econômico como, se fosse o caso, possível retaliação bélica.

Nenhum Ser Humano, por mais humilde que seja ou pareça, aceita ameaças ou imposições contra si, mesmo que não esteja cumprindo as normas legais de vida. Uma Nação é a representação de um Povo, um Todo de Seres Humanos e como tal também não é afeita a aceitar normas que lhe são impostas, pois aí prevalece o orgulho próprio natural. O diálogo, neste caso, é o essencial, é a mola mestra que poderá resolver quase todo impasse.

Luís Inácio da Silva Lula, o metalúrgico, o sem dedo, o analfabeto, o pobretão, o apedeuta, o pinguço, o ousado (não no verdadeiro sentido, mas como metido), o tirano, o megalomaníaco e um sem números destes adjetivos impostos por uma súcia, mostrou, na época, àquela Casta idiotizada que aquelas pejorações iam de encontro ao que a prática mostrava ao Mundo a seu respeito.

A Teoria infame foi vencida no dia a dia por este Ser Humano brioso que, até hoje, procura com denodo a busca pela igualdade social entre os Povos, em particular, por sua gente, por seus patrícios. A frondosa árvore da injustiça político-social-econômica, plantada em 22 de abril de 1500, após 503 anos de produção de maus frutos começou a ter seus galhos ceifados a partir de 2003.

A poda foi grande, acontece que plantada há cinco séculos, a árvore da injustiça tem suas raízes profundas e não iria ser de um dia para outro, ou mesmo de um mandato para outro, que se poderiam arrancar os males que dizimam as classes mais oprimidas há meio milênio.

Pois bem, Lula com sua política voltada principalmente para a Paz achou, naqueles idos, de ser o mediador, ser o mensageiro capaz de fazer entender aos litigantes que com um bom diálogo poderia se estabelecer um entendimento.

Segundo a ótica estadunidense com condução aos membros do Conselho, o Irã enriquecia o Urânio não com a finalidade de desenvolvimento científico em seu País, mas com um pensamento bélico, com fins militares, para fabricação da bomba atômica, daí as propostas sugeridas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Foram exatamente estas propostas da ONU, as levadas ao Presidente Iraniano por Lula sem acréscimo ou decréscimo de item algum, ou seja, o Irã enviaria para Turquia 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3% para receber, após um ano, 120 quilos deste mesmo urânio enriquecido a 20% para alimentarem o seu reator de pesquisas científicas, com a fiscalização de membros da Agencia Internacional de Energia Atômica na Turquia.

É sabido pela Comunidade Científica que o Urânio enriquecido acima dos 20% é o início da fabricação de armas nucleares como a bomba atômica. Assim, façamos um parêntese neste enredo e vamos procurar analisar calmamente o que acontece em redor de nosso Planeta.

Segundo o próprio Estados Unidos, o País possuía em 1967 mais de 31 mil armas nucleares, então num gesto altruístico (e bote altruísmo nisso, parece até filme de ficção) o País reduziu o seu arsenal em torno de 84%, passando a possuir em torno de 5.113 ogivas nucleares ativas. Que gesto! Como são pacíficos! Esqueceram um pequeno detalhe: com apenas 100 destas ogivas detonadas, o Mundo vira Pó, só isso!

O anúncio foi feito durante a reunião do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), na sede da ONU em Nova York, num gesto de boa vontade e de bom exemplo dos moços ali do Norte de nosso Continente. Ah, tem outro detalhe, também! 4.600 destas armas desativadas até o presente momento não foram desmontadas.

Para nós leigos, é como se tirassem as balas de muitos revólveres para quando houver necessidade, recarregá-los. Por outro lado, dentro desta estatística estadunidense não estavam computadas as armas que “enfeitam” os submarinos nucleares, os navios de guerra espalhados pelos Oceanos, as ogivas instaladas em seis países europeus, sob sigilo, etc. e tal. Beleza!

Vejam o resumo da ópera, naquela ocasião.

A Rússia? Ah, o País da Vodca aparecia apenas com 5.000 ogivas operacionais, pouco, hein? A França, caladinha, no seu arsenal apenas 350 ogivas operacionais. A Grã Bretanha arquivava 200 ogivas operacionais, a China em torno de 210, Paquistão brincava com 60, Índia se divertia, também, com 60 ogivas, a Coreia do Norte olhava esta turma aí acima com suas 10. E Israel? Ganha um chocolate quem souber!

Há vários artigos sobre o assunto que dão conta ser o Estado Sionista possuidor de mais de 500 ogivas, naquela época, além de um portentoso e sofisticado sistema de lançamento. Se algum curioso ou pesquisador quiser saber mais sobre o ameaçador estado de Israel, leia o artigo de John Steinback no site abaixo, que mostra desde há muito, a corrida armamentista de Israel -http://www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=STE20070107&articleId=4365

Toda esta turma citada acima que se diverte com a fabricação de armas nucleares faz parte de um conselho ou Tratado sobre a Não proliferação de Armas Atômicas, que tem como expoentes máximos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, segundo estatísticas, possuindo 90% das armas nucleares. Verdade? O restante é distribuído com Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Israel que pouco se lixam para o que sai de tal conselho.

Agora vamos ao engraçado da estória. Índia e Paquistão são detentores de armas atômicas. São inimigos desde a independência da Região que estava sob o domínio da Coroa Britânica até que Gandhi a libertou. Após a morte do grande Líder, seus seguidores mais próximos não se entenderam e foi feita a separação com a criação do Paquistão e da Índia. Acontece que um Estado, que fica entra as duas, a Caxemira, é desejado pelos dois vizinhos, ambos, como já mostramos, detentores de potente arsenal nuclear de alto poder de destruição em massa e que, duas a três vezes no ano, vivem mostrando forças, tornando-se um sério perigo à Paz Mundial.

Israel vive as turras com seus vizinhos, ditando as normas que bem entende, sob o aval dos Estados Unidos, lá na Palestina e inclusive vive insuflando estadunidenses a invadirem o Irã.
Então vem a pergunta. Porque Países de ação bélica como o próprio Estados Unidos, Israel, podem ter artefatos nucleares e outros Países, não? Porque Grã Bretanha, França, Rússia, China, Paquistão, Índia podem estar armados a vida inteira e outras Nações, não?

Eles, armados até os dentes, estão nos chamando de irresponsáveis, claro, se aquelas Nações podem ter armas atômicas é porque o restante do Mundo é incapaz de possuí-las! É um argumento lógico! E eu faço até um argumento ao contrário: por que a maioria de Países no Mundo não tem armas e Eles têm? Com isto quero dizer que grande maioria da Comunidade Internacional quer ver um Mundo sem artefatos capazes de destruí-lo, consequentemente, contrários à Paz.

Mas o que está em jogo é a ambição, é o desejo mórbido do domínio. Como um País vive apregoando que quer um Mundo Livre e se esconde por trás de um arsenal capaz de destruir este mesmo Mundo em questão de segundos?

Parece-me que ainda está em voga uma das tantas máximas militares de Publius Flavius Vegetius, segundo alguns historiadores, um escritor de táticas militares e bajulador emérito do imperador Teodósio: – Civis Pacem Parabellum – Se queres a Paz, prepara a Guerra. No Seminário, quando nós estudávamos o cidadão, fazíamos troça da oração – os civis partem para a luta com parabelo.

Com efeito, os Estados Unidos aqui no Ocidente e seu espelho, Israel, lá no Oriente acham-se como o Irmão mais velho, o mais responsável, o mais experiente, logo, aquele que tem o direito de ser o dono do Mundo.

O Mundo inteiro se compadeceu do povo Judeu quando um maluco sanguinário quis destruí-lo, na Segunda Grande Guerra. Outro, no ano 70 de nossa era, já havia tentado a sua destruição, o Imperador Tito quando provocou a diáspora, a dispersão do povo hebreu pelo mundo.

Terminada a Segunda Grande Guerra, quase todas as Nações Ocidentais se rejubilaram com a volta dos Israelitas ao seu antigo território.
Acontece que a Palestina era terra, também, de outro povo, razão de um entendimento, chamado Resolução de Partilha em que Israel ocuparia 53% do Território. E que fez Israel ou o que faz? Hoje, o povo Judeu já domina 75% da outrora Palestina, ou seja, ultrapassou em 22% o que foi estabelecido na Resolução.

O Iraque era suspeito de possuir armas de destruição em massa. Ficou comprovado que nada havia lá nas Terras das Mil e Uma Noites, mas assim mesmo foi invadido e os pretextos todos nós sabemos quais eram, o domínio de seu Petróleo. Hoje a Nação vive arrasada com constantes atos terroristas a dizimar inocentes.
Então, este filme é mais antigo que a criação do cinema!

Como citei em trechos atrás, havia o pretexto do enriquecimento do Urânio para fins bélicos por parte do Irã. A Diplomacia de muitos Países, ditos Importantes, falhou no diálogo com o Governo Iraniano. O Brasil e a Turquia diplomaticamente conseguiram o que o mundo pacífico desejava, a compreensão do Irã assinando aquela Resolução feita pela ONU.

Lula partiu para caçar a onça! A estória, contada nos primeiros parágrafos desta matéria, é exposta no momento com outras palavras. E se o Irã não cumprir o que assinou? E se Ele continuar enriquecendo Urânio? E se blá, blá, blá….? Para que tanta hipocrisia? Respeitem o que foi acatado pela Nação Iraniana com a intermediação Turco-Brasileira!

Aqui, no Brasil, discursos foram preparados com antecedência para fazer galhofas do Presidente, para zombarem do que chamavam de sonhos, todos antevendo o seu fracasso.

Chamar isto que reside aí no Congresso de OPOSIÇÂO é mais que ridículo. Uma OPOSIÇÃO verdadeiramente em termos democráticos é aquela que deve se opor as coisas más de um Governo, que deve fiscalizar e analisar com inteligência projetos governamentais, retirando o que não é de serventia à população, acrescentando o que pode favorecer o Progresso de Uma Nação, etc., etc.

No caso como o que vimos, todo o País deveria se rejubilar pelo feito histórico de seu Presidente perante a Comunidade Internacional, todos irmanados, inclusive aqueles que foram eleitos para compor uma Real Democracia, SITUAÇÃO e OPOSIÇÂO. E o que vimos? Coisas mesquinhas, politiqueiras! Senadores achando que a ação de Lula foi uma palhaçada! Outros, não querendo ser tão explícitos em seus pobres pensamentos, falando do alto da Tribuna que só acreditavam no êxito da missão depois que os Estados Unidos se pronunciassem.

Finalmente, podemos ver que a fúria de boa parte da Mídia e de grande parte do Congresso Nacional contra o Governo se faz presente por eles saberem que os destinos do Brasil não estão nos seus ‘scripts’, qual seja voltarmos a ser capachos dos Estados Unidos, termos em nossas plagas a volta do FMI com suas imposições de arrocho contra a população, como vimos no Governo FHC, que seremos partícipes da famigerada ALCA que poderia dominar toda Economia Brasileira ditando suas normas, claro, com proveito para os filhos de TIO SAM.

Duvida? Querem testar? Elejam os que ele programam, Ratinho Júnior, Nícolas Ferreira, Tarcísio Freitas e cambada à Presidência da República em 2026.

É BOM ESCLARECER
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