PMJP nega ter comprado jazigos. Foi doação, garante Sedurb

Imagem meramente ilustrativa. Copiada de parquedasacacias.com.br

A Prefeitura de João Pessoa não comprou jazigos do Parque das Acácias, mas recebeu e liberou, para sepultamento, 600 túmulos doados pelo empreendimento em contrapartida à permissão para operar comercialmente cemitérios privados na cidade.

As doações dos jazigos começaram em 1988, ano em que o Parque das Acácias começou a funcionar, segundo nota da Secretaria de Serviços Urbanos (Sedurb) enviada ao blog nesta quarta-feira (6). Das 600 doações, 200 foram feitas em 2021, durante a pandemia da Covid-19.

Segundo pessoa digna de crédito, recentemente um(a) amigo(a) precisou sepultar parente na capital, soube que a Prefeitura comprara jazigos no cemitério-parque, tentou liberar um, mas não conseguiu. O acesso aos túmulos dependeria de ‘prestígio’ junto ao secretário de Serviços Urbanos.

A Sedurb repele “qualquer insinuação” nesse sentido no esclarecimento que o blog pediu desde segunda-feira (4), mas recebeu somente hoje. E, apesar de demandado para tanto pelo blog, em sua nota o órgão nada explica sobre critérios de acesso aos lotes que a Prefeitura recebeu em doação.

Procurado para se pronunciar sobre esse ponto, o secretário Rodrigo Trigueiro, titular da Sedurb, prometeu levantar a informação e repassá-la nesta quinta-feira (7). “Não estava na Sedurb nessa época, mas posso responder amanhã após consulta à Diretoria de Cemitérios”, justificou.

A NOTA DA SEDURB

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano esclarece, em virtude de matéria publicada pelo conceituado jornalista Rubens Nóbrega, nesta terça-feira (5), que, ao contrário do que foi divulgado, a Prefeitura de João Pessoa não comprou jazigos em cemitério particular da Capital.

A doação de jazigos para a administração pública ocorre, na forma de contrapartida, com base em decreto municipal de 18 de dezembro de 1996, que estabelece o repasse da quota de 5% do total de lotes construídos e autorizados a operar.

No ano de 2021, quando foram registrados 1.659 óbitos com causa mortis de Covid-19 na cidade, foi assinado um aditivo referente à doação de 200 jazigos de uma gaveta, no Cemitério Jardim Mangabeira.

No total, 600 jazigos já foram repassados ao Poder Público Municipal pelo empreendimento desde o início de sua operação em 1998 até a presente data.

No ano de 2021, como noticiado em todo o mundo, houve o maior registro de óbitos causados pelo vírus responsável pela pandemia mundial que fez vítimas em todo o Planeta.

A Prefeitura repudia veementemente qualquer insinuação de acesso facilitado por relação particular com o secretário ou qualquer outro servidor público da Sedurb.

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PMJP compra jazigos em cemitério privado, mas acesso só teria quem tem acesso a secretário

por Rubens Nóbrega

Foto meramente ilustrativa copiada de parquedasacacias.com.br

Durante a pandemia da covid-19, entre 2020 e 2021 a Prefeitura de João Pessoa comprou lotes no cemitério privado Parque das Acácias, no José Américo. O acesso aos jazigos adquiridos com recursos públicos estaria condicionado, no entanto, a um acesso muito particular do interessado ao secretário Rodrigo Trigueiro, titular da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) da capital.

Desde ontem (4) tento respostas da PMJP a essa denúncia sobre suposto tráfico de influência no atendimento a uma necessidade dramática de qualquer pessoa que precise e não disponha, para enterrar algum familiar, de túmulo perpétuo ou mesmo cova rotativa em qualquer cemitério público da cidade. A informação que me levou a questionar o governo municipal chegou-me nos seguintes termos:

– Recentemente, pessoa conhecida minha precisou de um jazigo para enterrar o padrasto e soube que a Prefeitura da Capital comprara vários no Parque das Acácias, tentou a liberação de um, mas em resposta disseram que precisava ter “conhecimento com o secretário”. A compra foi feita com dinheiro público, mas ninguém sabe se existe algum critério, além do “conhecimento com o secretário”, para conseguir vaga.

Sobre o assunto, inicialmente pedi explicações à Secretaria de Comunicação da PMJP. Ainda sem retorno da Secom 24 horas após a solicitação, nesta terça-feira (5) mantive contato direto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). À Assessoria de Imprensa do órgão, encarregado de cemitérios e pretensamente das aquisições no Parque das Acácias, fiz as seguintes perguntas: 1) Procede que a PMJP comprou jazigos no Parque das Acácias? 2) Se sim, quantos e qual o valor de cada lote? 3) Por que comprar ‘vagas’ em cemitério privado? Quem é o secretário responsável?

A resposta à primeira pergunta já me deu o próprio Parque das Acácias. Quem de lá me recebeu ao telefone confirmou que a PMJP realmente adquiriu lotes no cemitério-parque do José Américo ou em unidade similar que seria em Mangabeira ou nas proximidades desse bairro. Já sobre quantidade e valor de jazigos adquiridos e como ter acesso a algum… “Ah, isso é lá com eles, na Secaf (ou Cecaf, possível setor da Sedurb)”, respondeu a pessoa que atendeu a minha ligação e me passou número da Secaf ou Cecaf. Chamou, chamou, chamou e ninguém atendeu.

O espaço continua aberto à Prefeitura de João Pessoa e seus dirigentes ou assessores para explicações, confirmações ou desmentidos. Quando e se chegarem tais esclarecimentos, serão prontamente publicados.

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CRM homenageia José Mário Espínola

No encerramento do Mês do Médico, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba entregou a Comenda CRM-PB ao Doutor José Mário Espínola (foto). A cerimônia, realizada quinta-feira última (31 de outubro) na sede do órgão, em João Pessoa, marcou o reconhecimento da entidade à contribuição do respeitado cardiologista ao engrandecimento da classe médica paraibana.

A homenagem surpreendeu o homenageado, que dela só tomou conhecimento seis dias antes. Tempo suficiente para redigir agradecimento no qual reafirma seu amor à profissão e gratidão aos familiares, amigos e colegas que o ajudaram a se tornar o cidadão exemplar que é, além do médico querido por seus pacientes e dos mais conceituados entre seus pares.

Adiante, a íntegra do pronunciamento de José Mário Espínola, regular colaborador deste blog, autor de crônicas e artigos que maravilham leitores. As reações aos seus escritos decorrem tanto de leveza e humor como da contundência de críticas oportunas e percucientes que expõe em conteúdos generosamente cedidos à publicação neste espaço.

ASSIM FALOU ZÉ MÁRIO

Cumprimento os conselheiros aqui presentes na pessoa do presidente Bruno Leandro.

Cumprimento os médicos aqui presentes na pessoa de Dra. Ilma Espínola, alergologista e minha esposa, mola propulsora de minha carreira, parceira e sócia por toda a minha vida.

Cumprimento os meus parentes na pessoa de Ana Candida Espínola e Francisco Espínola Junior, meus irmãos.

Cumprimento os meus Ricardo e Ana Laura Espínola e Maria Ilma, meus filhos e minha neta aqui presentes.

Cumprimento os meus pacientes aqui presentes na pessoa da escritora professora Ângela Bezerra de Castro, Dra. Maria Auxiliadora Farias, José Francisco da Nóbrega e Marconi Formiga, aqui presentes.

Meus caros ouvintes,

Quero de saída agradecer a atitude do CRM, capitaneado por seu presidente, Dr. Bruno Leandro, de resgatar pessoas que de algum modo contribuíram para o engrandecimento da classe médica.

O patrono, Dr. Genival Guerra, foi um verdadeiro herói desbravador da medicina na nossa cidade. Nascido em Alagoa Grande, cidade que é um celeiro de bons profissionais médicos, Genival Guerra foi inicialmente um sargento do Parasar, batalhão de heróis da Força Aérea Brasileira, como conta o seu biógrafo e contemporâneo, o acadêmico Ricardo Maia.

Quando cursava o início do curso médico, na segunda metade da década de 1960, ele transpôs os limites da classe de aulas, e levou a Medicina para as ruas de João Pessoa. Nessa época o atendimento era precário, ao alcance apenas das classes mais abastadas. Os que não eram ricos ou não tinham acesso aos Institutos estatais, os chamados “indigentes,” morriam à mingua.

O Padre Zé Coutinho, em sua ampla obra de caridade (deve estar, no mínimo, no céu!), era quem os acolhia em sua igreja. Depois ele construiu um barracão no bairro do Roger. Um dia Genival Guerra visitou esse barracão e se inspirou para normatizar a assistência médica, até então precaríssima.

Genival combinou com o Padre Zé para ampliar as acomodações, separando adultos das crianças, separando, também, os tuberculosos. Criou a COPEAI, a qual passou a inscrever acadêmicos de medicina, para trabalhar no Barracão do Padre Zé como estagiários.

Ali perfilaram gerações de estudantes de medicina, desenvolvendo uma prática médica que se tornou muito útil na vida profissional. Ilma Epínola foi uma dessas acadêmicas.

Permitam-me agora voltar um pouco no tempo, para falar de minha formação profissional. Venho de uma família predominantemente jurídica: pai, avô, irmãos. Pode-se dizer que sou a “ovelha branca” da família!

Acho que comecei a me tornar um bom profissional com os exemplos familiares, pois aprendí com os meus pais a ter caráter, condição sine qua non para ser um bom profissional em qualquer área de atuação.

Ao fazer a opção pela carreira de médico, o fiz com plena liberdade de escolha. Para me tornar um profissional médico, aprendí nas salas da Faculdade de Medicina, nas enfermarias do Hospital Santa Isabel, nos centros cirúrgicos e nos pronto-socorros. Tive os melhores professores da minha época, verdadeiros mestres.

Mas foi na prática diária com os pacientes, já na vida profissional, que me tornei um verdadeiro médico, na acepção da palavra. Considero que todos os pacientes tambem foram meus mestres, pois na prática diária, aprendí com eles algo importante da profissão. E, principalmente, aprendí a como tratá-los.

Ao dar-lhes a devida atenção, seja na anamnese, seja no exame físico, fui evoluindo, burilando, aplicando-lhes a ciência aprendida nos bancos da faculdade. Quando os exames chegavam, complementavam um diagnóstico já praticamente formado. Assim foi a minha Medicina.

Na trajetória de minha vida profissional, cheguei ao CRM pelas mãos do colega e amigo João Modesto Filho. Os postos que aqui galguei devo principalmente a ele e a José Eymard Moraes Medeiros, de quem tenho muitas saudades.

Mas eis que chega a Medicina Moderna. De saída, a anamnese e o exame físico aos poucos vêm sendo substituídos pelos exames laboratoriais, que deixaram de ser complementares e passaram a ditar o diagnóstico. As imensas contribuições da ciência evoluem numa velocidade vertiginosa. E rapidamente aproxima-se a Inteligência Artificial. A princípio uma valiosa promessa de ferramenta para auxiliar o médico, já dá sinais de que, na realidade, está vindo para substitui-lo!

Paralelo a tudo isso, e contrastando absurdamente com a modernização da medicina, a humanidade dá sinais de que está evoluindo para uma nova Era. E são sinais preocupantes: a humanidade parece na realidade involuir para uma nova Idade das Trevas! São muitos e ameaçadores os sinais desta involução. Guerras em pleno século XXI. Intolerância em seu grau máximo, gerando mais do que nunca conflitos. entre nações e dentro delas.

Uma das responsáveis por essa involução é a adesão ao negacionismo por boa parcela da população mundial, sem nada que justifique, difundido por pessoas ignorantes ou mal-intencionadas, tornando as pessoas presas indefesas e fáceis de serem dominadas.

Estamos entrando numa era moderníssima, porém ao mesmo tempo que é muito iluminada, é tambem sombria, cujas luzes, frias e artificiais são tornadas brilhantes apenas para pegar as ingênuas mariposas modernas.

Por seu lado, contrastando com as conquistas tecnológicas, principalmente a internet, médicos parecem retornar à alquimia, ao negarem os avanços positivos da Ciência.

A minha esperança está em saber que nada, repito: nada substituirá a presença humana do médico junto ao paciente! Pois a máquina conseguirá ampliar o diagnóstico, porém jamais substituirá o tratamento, que é exclusivamente humano!

Encerro oferecendo para vocês a seguir uma imagem que me veio à mente, ao me preocupar com o domínio da máquina. Ela reflete um pouco a minha preocupação com o domínio da Inteligencia Artificial, e foi inspirada pelo livro Eu, Robot, obra prima de Isaac Asimov: imaginem este Conselho de Medicina composto por 42 autômatos?!

Deixo com vocês.

Obrigado!

BREVE CURRÍCULO

José Mário Espínola – CRM 2503 PB
Médico cardiologista
Ex-Presidente do CRM da Paraíba
Ex-Corregedor do CRM PB
Foi Auditor da Unimed João Pessoa
Foi Conselheiro do Conselho Fiscal da Unimed João Pessoa
Foi Secretário da Sociedade Paraibana de Cardiologia
Foi Diretor Técnico do Hospital General Edson Ramalho
Enxadrista, cronista, cinéfilo e alvinegro

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DENÚNCIA DE BULLYING E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA EM ESCOLA PARTICULAR, por Mabel Dias

Imagem meramente ilustrativa, copiada faculdadesantatereza.edu.br

Aluno de nove anos de idade do Colégio Vila (Tambaú, João Pessoa) teria sido vítima de bullying de colegas e da intolerância religiosa de um professor e de uma dirigente escolar. O educandário não tomou providências para coibir tais práticas nem apoiar a criança, concluiu sindicância do Conselho Estadual de Educação (CEE), cujo parecer sobre o caso foi aprovado pelo colegiado em 8 de agosto deste ano. A escola denunciada recorreu à Justiça para desconstituir o documento emitido pelo órgão, conforme nota divulgada na última sexta-feira (11). A denúncia partiu da mãe do aluno e foi apurada pela jornalista Mabel Dias para publicação no portal Brasil de Fato, nos termos reproduzido a seguir.

***

Em decisão inédita e unânime, o Conselho Estadual de Educação da Paraíba emitiu parecer favorável à denúncia de bullying e intolerância religiosa contra o Colégio Vila – unidade Tambaú, em João Pessoa, supostamente praticados pela coordenadora pedagógica e um professor da referida escola.

O Brasil de Fato Paraíba teve acesso ao documento, que recomenda à direção do colégio a adoção de medidas que inibam a discriminação religiosa e a prática do bulliyng dentro da escola. Um menino, de apenas 9 anos, foi vítima dos atos descritos na denúncia, que foi apurada e confirmada através de sindicância realizada por comissão formada pelos conselheiros Fernanda Daniella de França, Marcos de Andrade Segundo e Ronaldo Barbosa Ferreira.

O caso aconteceu em 2023, mas apenas em agosto deste ano o Conselho Estadual de Educação, órgão ligado à Secretaria de Educação do estado da Paraíba, aprovou o parecer (nº 153/2024, Processo SEE-PRC-2023/15898) da sindicância, acatando as denúncias de bullying e de intolerância religiosa contra a criança. Por respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), vamos usar um nome fictício para se referir ao menino.

“Na época, meu filho cursava o 4º ano do ensino fundamental no Colégio Vila. Ele estudou naquele colégio desde o ano 2022 e, desde então, aconteceram episódios de bullying, violência entre as crianças e exclusão entre os alunos da mesma turma em relação ao meu filho. No ano da denúncia em 2023, ao retornar à escola, houve novamente vários episódios de exclusão, onde os alunos repetiam a frase “Paulo* aqui, não! Paulo*, não!”. Após alguns episódios, houve reunião com o corpo pedagógico, onde obrigaram que eu comprovasse que estava oferecendo ao meu filho acompanhamento psicológico. Em várias situações, eles solicitaram esse documento, quase que me obrigando. Contestei e solicitei que a requisição fosse feita por escrito, inclusive, com a motivação e justificativa da própria psicóloga da escola. E nunca houve nenhum retorno da escola a esse respeito. Meu filho havia até pedido ajuda à Coordenação em um desses episódios, contudo, quando ele se dirigiu à Coordenação, quem estava lá era a supervisora pedagógica. A mesma ouviu o que meu filho tinha a dizer e começou a dizer a ele, como resposta, falas muito pesadas e intolerantes como: “Você está mentindo!” “Mentira é coisa do diabo, do satanás, do capeta, do demônio!” “Aqui pisamos na cabeça do satanás para que ela exploda! É assim que fazemos com a mentira.” “Está escrito na Bíblia que o pai da mentira é o satanás.” Ela finalizou dizendo: “Não me interessa o que aconteceu com você na outra escola! Não vamos tolerar suas atitudes!”. Ela se referiu a um problema havido em outra escola, onde meu filho teria sofrido episódios de bullying. Levei o caso para o Conselho Tutelar, que encaminhou a denúncia para a Delegacia da Infância e Juventude. O Conselho Tutelar também requisitou a escuta do meu filho no Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado através de equipe multidisciplinar de psicólogos e psicopedagogos”, conta a mãe do aluno, que é praticante do candomblé, religião de matriz africana, e ao matricular seu filho no Colégio Vila repassou esta informação para a coordenação da escola.

De acordo com a mãe da criança, em abril de 2023 ocorreu outro episódio de agressão por parte dos profissionais da escola. “Após buscar ‘Paulo’ na escola, até em casa ele foi chorando sem parar, em crise, pedindo para não voltar mais para a escola. Perguntei o que houve e ele relatou que um professor de Inglês novamente havia gritado com ele, que ele havia se sentido muito humilhado e envergonhado pelo que o professor fez com ele na frente de toda a turma. ‘Paulo’ relatou que após uma briga entre ele o coleguinha de turma, que já estava acontecendo desde o início da manhã, ao entrar na sala do professor Daniel, viu a criança, que não era o ‘Paulo’ mostrar o dedo do meio ao meu filho e este respondeu com ofensa a criança. O professor, ao ver a situação, pediu que a criança que havia estendido o dedo do meio parasse de chorar e começou a gritar com o ‘Paulo’: “Cala a boca!” “Você vai calar sua boca!” “Cala a boca agora!”, não deixando meu filho se explicar do porquê havia ofendido em reação à conduta da outra criança. O professor disse na frente de todos os alunos “A palavra do ‘Paulo’ deverá ser jogada no lixo, e que ninguém deverá dar valor ao que ele diz.” E que ele jogaria tudo que ele disse no lixo”, relata a mãe de ‘Paulo’.

De acordo com o parecer emitido pelo Conselho Estadual de Educação, o Colégio Vila não resolveu as situações relatadas pela mãe do menino e não adotou uma prática inclusiva para com a criança, que teve que sair do colégio privado. “Salientamos que a retirada de uma criança do ambiente escolar representa medida drástica – uma ruptura em sua vida estudantil – que não resolve o problema de relacionamento interpessoal entre os alunos e não resolve a ocorrência do bullying no ambiente escolar, de modo que se faz necessário esforço de toda a escola denunciada para evitar reiterações desse caso”, diz um dos trechos do documento.

Sobre a conduta da coordenadora pedagógica e do professor de inglês com o aluno, o Conselho afirma que as falas da coordenadora, citando a Bíblia, e frases como “mentira é coisa do diabo”, “satanás é o pai da mentira”, “não devem ser ditas a uma criança como forma de julgamento antecipado de sua conduta dentro da sala de aula, já que não resolvem conflitos interpessoais entre alunos e não se coadunam com uma prática pedagógica inclusiva”.

Sobre a atitude do professor para com a criança, o Conselho recomenda que “o Colégio Vila implemente medidas de capacitação para o seu corpo docente e de funcionários da equipe pedagógica, para que possam solucionar questões de bullying, tendo em vista sua responsabilidade enquanto entidade educacional que tem o dever de estabelecer a cultura da paz para garantir o desenvolvimento educacional de todas as crianças que lá estudam”. No parecer, os conselheiros afirmam ainda que o Colégio Vila mostra ausência de prática pedagógica efetiva para com a educação inclusiva, com respeito aos direitos humanos, ao direito à diversidade religiosa, nos termos do artigo 26, parágrafo 2º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por fim, a comissão que apurou as denúncias faz diversas recomendações, dentre elas, que o Colégio Vila – Unidade Tambaú faça um plano de ação concreto para implementar, no prazo de 90 dias, ações de combate ao bullying e à intolerância religiosa dentro da escola, pois já existe amparo para ações concretas recomendadas no Regimento Interno da escola, e a realização de cursos de capacitação, no prazo de 120 dias, para o corpo docente e pedagógico sobre bullying e intolerância religiosa, habilitando-os para implementação de ações de discussão, atenção e identificação e prevenção para busca de soluções a estes problemas no ambiente escolar. O Conselho Tutelar Região Praia também acionou o Ministério Público Estadual da Paraíba, por meio da Promotoria de Educação, para apurar o caso.

Procuramos a direção do Colégio Vila – Unidade Tambaú para saber se as medidas recomendadas pelo Conselho Estadual de Educação já estavam sendo implementadas, se o colégio é uma escola confessional – haja vista que em seu Instagram há reproduções de músicas religiosas cristãs e cards com frases de igual conteúdo, se a supervisora pedagógica e o professor ainda continuavam trabalhando no Colégio e se crianças de credos religiosos diferentes do adotado pelo Colégio Vila poderiam estudar lá. O Colégio Vila enviou a nota que reproduzimos a seguir, na íntegra.

A NOTA DO COLÉGIO VILA

À imprensa,

Solicitamos expressamente que a nota seja publicada na íntegra a cada divulgação do veículo de comunicação, a fim de evitar que trechos isolados gerem interpretações equivocadas.

O colégio tem sido surpreendido com a denúncia chegada à imprensa paraibana referente a um suposto caso de bullying e intolerância religiosa, que teria acontecido na escola.

A abordagem causa surpresa e estranheza para a escola, uma vez que esta leva muito a sério o bem-estar e a segurança de todos os seus alunos e alunas, tendo como missão primordial proporcionar um ambiente escolar acolhedor, inclusivo e seguro, onde todos possam aprender e se desenvolver plenamente.

Com relação às alegações de que a escola estaria envolvida em práticas de bullying e intolerância religiosa, esta é leviana e irresponsável. É imperioso esclarecer que o colégio não tolera qualquer forma de assédio, intimidação ou discriminação em suas dependências, seja com alunos, colaboradores ou responsáveis.

A bem da verdade, relatos deste tipo são quase que inexistentes em todas as unidades do colégio e os casos eventuais que são relatados, são tratados com o máximo de seriedade e com a adoção de procedimentos rigorosos para investigar qualquer situação que seja reportada, sempre acompanhados por pedagogos, psicólogos e toda a equipe multidisciplinar da instituição.

No que diz respeito ao Parecer emitido pelo Conselho Estadual de Educação, acerca de um suposto caso isolado objeto de denúncia, esclarece-se que o referido documento não possui caráter vinculativo, definitivo e tampouco punitivo, entretanto ainda assim está sendo objeto de medida administrativa e judicial para que seja desconstituído, uma vez que as conclusões apontadas não refletem a realidade dos fatos e desconsideram todas as provas e argumentos apresentadas pelo colégio.

A instituição reitera que possui políticas claras e programas de conscientização contínuos sobre respeito mútuo e convivência saudável entre os alunos, tendo realizado treinamentos periódicos, inclusive com palestras abordando sobre como combater práticas de bullying.

Além disso, incentiva os estudantes e suas famílias a se manifestarem, caso presenciem, ou sejam vítimas de qualquer comportamento inadequado. A equipe do colégio está sempre pronta para apoiar e agir de forma imediata e eficaz.

No que se refere a filosofia adotada pela escola, reafirma-se que de acordo com o regimento, a escola é fundamentada em princípios cristãos, os quais orientam uma abordagem educacional, valores e atividades diárias. Esclarece-se que, desde o momento da matrícula, todos os pais e responsáveis são informados sobre esses valores e a importância deles na comunidade escolar. Neste sentido, o compromisso é fornecer um ambiente de aprendizado que reflita esses princípios, promovendo o respeito, a tolerância, a inclusão, a integridade e o amor ao próximo.

Neste contexto, o colégio reforça que continuará empenhado em promover um ambiente onde o respeito e a empatia sejam valores centrais e trabalhará sempre em conjunto com a comunidade escolar, para garantir que esses princípios sejam mantidos e fortalecidos.

Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Att.
João Pessoa, 11 de outubro de 2024.

Departamento Jurídico
Paulo Vitor Souto e Larissa Bonates Souto

Departamento de Comunicação
Taynara Aires

  • Mabel Dias é Repórter Especial do Brasil de Fato na Paraíba
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ADMIRÁVEL LELÊ, por Jesus Fonseca


A Amigo Osmundo, Querido Lelê, Grande Artista Pequenino

Eu ainda era uma criança nos seus 9 a 10 anos de idade, alheia, portanto as vicissitudes da vida naquele alto sertão nordestino e achava engraçado ou divertido, em determinadas ocasiões, quando um pedinte, alcançado o seu desejo, o fruto de seu pedido, respondia agradecendo a minha mãe: “Deus te livre do mau vizinho!”.

Realmente, aquele tipo de agradecimento não fazia sentido para mim, razão de eu o achar muito engraçado e, até, sem nexo, embora não soubesse explicar tal sentimento, na época. A razão de tudo isso era muito simples! Eu pensava não existir a figura do mau vizinho, exatamente porque nossos vizinhos eram as criaturas mais dóceis, mais educadas, mais amigas, que já tínhamos encontrado, que tivemos a sorte de tê-las como vizinhos.

“Seu” Firmino Alvarenga e Dona Emília com sua prole eram estas criaturas. Para se ter idéia da sincera e pura amizade que havia entre as duas famílias, a deles e a nossa, o muro, que servia de fronteira entra as duas casas, tinha de altura, quando muito, um metro, aproximadamente.

Ali, minha mãe e Dona Emília costumavam, nas horas de folga do lazer doméstico, trocar suas idéias a respeito das coisas naturais da vida. Falavam de religião, não em dogmas, em teologia, em filosofia, mas nos temas corriqueiros de como se deve criar um filho nos caminhos de Deus.

Batiam papo sobre a educação dos filhos, sobre a medicina caseira, os chás que serviam “para isto ou para aquilo”, etc. Jamais ouvi rolar naquelas conversas algo em torno da vida alheia, sobre o bem ou sobre o mal. No meio deste enorme elo de amizade girávamos nós, os filhos que dividiam e fortificavam a amizade através das brincadeiras de criança.

Assim, aprendi a conhecer e admirar Osmundo, carinhosamente chamado de LELÊ. Ele, com 1,38 mts, tinha mais de dois metros de altura de talento. Tudo que se propunha a fazer, conseguia, como uma eficiência impressionante. Era um artífice de primeira mão. Construía seus próprios brinquedos com uma perfeição, eu diria, “doentia”, se é que assim posso me expressar.

Era um perfeccionista nato! Cansei de vê-lo aperfeiçoando um brinquedo que a meus olhos já era uma obra prima. Os piões que ele fabricava eram invejados por muitos! Seus Caminhãozinhos eram confeccionados nos mínimos detalhes! Com o decorrer do tempo tornou-se um exímio marceneiro, construindo, com idêntica habilidade, seus próprios móveis.

Era inteligente por natureza! Jamais, eu e meus irmãos, tivemos qualquer atrito ou discussão, mesmo aquela entre crianças, com nosso grande amigo LELÊ, pois o respeito era recíproco e mútuo entra as duas famílias!

Mas a roda da vida sempre com seus giros intermináveis, vai, gradativamente, colocando-nos em caminhos adversos, separando, fisicamente, um elo de amizade, todavia, sem destruí-lo, espiritualmente.

Assim, na fase adulta, todos nós fomos, cada qual, para o seu lado, cada um, para o seu canto. Entretanto, faço este registro com muito orgulho: Toda vez que visitávamos Itaporanga, íamos dar o abraço no bom amigo Osmundo, momento em que nos emocionávamos relembrando os bons tempos de vizinhança. A natureza não lhe fora pródiga, continuava com 1,38mts de altura.

Foi numa destas visitas que descobri que o gênio Osmundo era, também, alfaiate e sapateiro. LELÊ era o confeccionador de suas próprias vestimentas. Que coisa maravilhosa!

Tempos mais tarde, soube que LELÊ enveredou-se por caminhos mais altos! Foi lá para a Mansão do Criador para mostrar-Lhe que o dom que havia recebido fora exercido com maestria. Ficamos nós, na saudade, e nesta historia quem saiu ganhando foi Deus que recebeu em suas hostes, um Ser Humano de Primeira Grandeza.

Seja Feliz, meu Grande Amigo, nas Bem-aventuranças Eternas!

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Carta aberta aos dirigentes do CAVN

Praça do CAVN, vendo-se ao fundo o pavilhão central de aulas (Foto fornecida pelo autor)

Estimado amigo,

Continuo com a ideia fixa de encontrar uma forma de estimular os dirigentes do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, o nosso CAVN, a pelo menos gradualmente retomarem as valiosas aulas práticas dos cursos técnicos ministrados na tradicional e querida Escola de Bananeiras.

Não consegui ainda entender porque essas aulas não foram restabelecidas, já que há três anos foi aventado por esses dirigentes que as práticas iriam voltar, como forma de melhorar a aprendizagem. Fico a imaginar que ainda não voltaram talvez por força da estrutura atual das Universidades. Mas aí indago: será que essa estrutura é a ideal?

Queria ressaltar um caso do qual tomei conhecimento esta semana, sobre um proprietário rural que tem fazenda em Mamanguape. Ele planta cana e procurou um professor do CAVN para lhe indicar um técnico em Agropecuária para gerenciar a propriedade. O indicado chegou a conversar com o proprietário, mas terminou não aceitando a proposta de trabalho dizendo ele que não tinha como assumir uma produção de cana, se nunca havia plantado um único pé dessa cultura. Se não sabia como fazer, como iria mandar fazer?

Por essas e outras, prezado Rômulo, será que a nossa AEXA encontrará uma maneira de provocar uma sadia discussão, no sentido de estimular nossos atuais dirigentes a fazerem gestão junto aos órgãos superiores para se mudar essa realidade que vem prejudicando muito nossos recém formados?

Fico no aguardo de uma resposta e, se quiser expor o assunto ao nosso grupo de associados, fique à vontade.

Atenciosamente,

Caranguejo.

• Carta do zootecnista e professor aposentado do CAVN/UFPB Antônio Carlos Ferreira de Melo a Rômulo Gondim, presidente da Associação dos Ex-Alunos (AEXA) do mesmo Colégio 

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NÃO EXISTE ENSINO AGRÍCOLA SEM AULA PRÁTICA, por Antônio Carlos Ferreira de Melo

Praça do CAVN, vendo-se ao fundo o pavilhão central de aulas (Fotografia fornecida pelo autor)

Devo tudo de minha vida a Deus e a essa magnífica casa de ensino – Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), de Bananeiras – que no próximo Sete de Setembro completa 100 anos e tem sido desde sempre considerado um dos melhores educandários de ensino técnico-agrícola do nosso país.

Por suas salas de aula, campos, experimentos e oficinas já passou muita gente que teve a felicidade de ter excelentes professores, a exemplo dos queridos Vicente de Paula Nóbrega, Joaquim Édson de Araújo, Mariano Moreira, José Pires Dantas e Inácio Batista Dantas, entre outros. Particularmente, tive a graça de ter sido nascido e criado nesse paraíso chamado CAVN, além de receber e guardar os ensinamentos de tão admiráveis mestres.

Com suas aulas teóricas e práticas, eles nos ensinaram como desempenhar com maestria a função de técnicos em agropecuária, porque com as práticas associadas à teoria aprendemos a “fazer fazendo” e por essa razão nos sentimos privilegiados. Digo privilegiados porque hoje, infelizmente, essas aulas não são frequentes, prejudicando e muito o nível de aprendizagem e comprometendo de certa forma a boa formação exigida nos cursos técnicos.

As aulas práticas são de fundamental importância, tendo em vista que ao exercermos nossa profissão ou iremos executar referidas práticas ou vamos determinar a alguém executar e temos a consciência de que não se pode executar ou mandar alguém fazer algo que a pessoa nunca praticou. É a mesma coisa que confiar uma cirurgia a um médico que nunca pegou em um bisturi enquanto cursava medicina.

Com base nesse princípio, de que as aulas práticas são determinantes na aprendizagem técnica, lembro que em 1973 quando iniciei no magistério lecionei as cadeiras de avicultura e cunicultura, tendo muita dificuldade no começo porque não existia no CAVN nenhuma galinha e nenhum coelho.

Tive então a ideia de solicitar ao Dr. José Lenilton de Carvalho, à época diretor da Escola, para aproveitarmos velhas construções existentes que foram remodeladas e adaptadas para a criação de aves e coelhos, de modo a viabilizar nossas aulas práticas, que complementavam as aulas teóricas. E assim iniciamos uma pequena criação com apenas 100 pintos de um dia, para viabilizar as aulas práticas.

Esse projeto foi crescendo ao longo dos anos, chegando ao total de 22 mil aves distribuídas em vários galpões modernos e adequados à produção. O mesmo ocorreu com a criação de coelhos, que iniciamos com um terno de coelhos e quando me aposentei entregamos um plantel com mais de 30O animais.

Vale ressaltar que todas as práticas de manejo com esses animais (aves e coelhos) eram executadas pelos alunos, inclusive aos sábados e domingos, que absorveram a ideia de que ensinando a fazer e fazendo para aprender alcançamos o melhor da nossa formação teórica e prática.

Para finalizar, reafirmo o meu sentimento de gratidão e amor por nosso CAVN e conclamo a todos os que por lá passaram a juntos solicitarmos aos atuais dirigentes da nossa instituição que exerçam a nobreza de restabelecer com urgência as aulas práticas, que sempre tiveram papel determinante em nossa formação profissional.

Se os dirigentes atenderam ao nosso pedido, com certeza estaremos presenteando nossa querida casa de ensino nos seus 100 anos e também a todos os alunos de hoje e de amanhã.

  • Antônio Carlos Ferreira de Melo é ex-aluno e ex-professor do CAVN
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HOMOFOBIA ESTRUTURAL NO BRASIL, por Palmari Lucena

Em pleno Dia dos Namorados, celebrado em 12 de junho no Brasil, Leo Nunes, um jovem de 24 anos, nutria a esperança de um novo começo. Habitante de São Paulo, ele havia passado dias trocando mensagens com alguém que conhecera no Hornet, um aplicativo de namoro gay popular entre a comunidade LGBT. O encontro estava marcado para o bairro de Sacomã, um cenário típico da classe média paulistana. No entanto, o que deveria ser o início de algo promissor, transformou-se em uma tragédia.

O desenrolar dos acontecimentos, capturado por uma câmera de segurança, revelou o horror: dois homens em uma motocicleta abordaram Nunes no beco onde ele esperava. Em um piscar de olhos, roubaram seu telefone e silenciaram sua vida com um disparo. A brutalidade do ato deixou marcas profundas, não apenas na família, que compartilhou detalhes da investigação, mas também na comunidade LGBT do país.

A polícia de São Paulo investiga o caso como um roubo seguido de homicídio, mas o silêncio em torno dos detalhes ecoa uma sensação de insegurança e impotência. Leo Nunes não foi uma exceção, mas parte de uma triste sequência de crimes que vêm assolando a comunidade gay no Brasil. Desde março de 2024, pelo menos cinco homens gays foram assassinados após encontros marcados via aplicativos de namoro. Além disso, inúmeros relatos nas redes sociais descrevem roubos à mão armada, todos seguindo um padrão cruel: perfis falsos que atraem vítimas para armadilhas fatais.

Esses crimes não apenas abalam a segurança individual, mas escancaram a vulnerabilidade imposta pela homofobia estrutural à comunidade LGBT. Como destacou Wanderley Montanholi, advogado de Heleno Veggi Dumba, outro jovem gay morto em circunstâncias semelhantes: “Os criminosos sabem que as pessoas LGBT são vulneráveis. Sabem que serão mais facilmente intimidadas.”

O caso de Nunes se soma a uma estatística alarmante: crimes de ódio contra a comunidade LGBT no Brasil, um país onde a resistência em categorizar tais atos como homofobia ainda é flagrante. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha codificado a homofobia como crime em 2019, a realidade nas delegacias e tribunais segue outra lógica. A relutância em reconhecer a natureza homofóbica desses crimes impede que muitos busquem justiça, aprisionados no medo de que a denúncia possa trazer mais danos do que soluções.

Ainda mais cruel é a constatação de que, mesmo em uma metrópole como São Paulo, que abriga a maior parada do orgulho LGBT do mundo, a segurança para essa comunidade permanece frágil. Leo Nunes, que havia deixado a pequena Cambuquira em busca de um futuro promissor na capital, viu seus sonhos interrompidos. Ele desejava ser psicoterapeuta, ajudar aqueles que lutam contra a falta de moradia e o vício. Em vez disso, tornou-se mais um nome na lista de vítimas de uma sociedade que ainda precisa evoluir.

A morte de Nunes, assim como a de tantos outros, não deveria ser apenas mais um número. Ela é um clamor por justiça, por reconhecimento e, acima de tudo, por mudança. A resistência em categorizar esses crimes pelo que realmente são – atos de ódio motivados por preconceito – só perpetua o ciclo de violência. O medo de denunciar e a vergonha que impede as vítimas de buscarem ajuda são reflexos de uma sociedade que ainda precisa confrontar seus próprios demônios.

Enquanto a família de Leo Nunes lamenta a perda irreparável, agarrando-se à memória do jovem que desejava ajudar os outros, cabe à sociedade brasileira refletir sobre os caminhos que precisa trilhar para garantir que vidas como a dele não sejam perdidas em vão. O futuro de uma nação inclusiva e segura depende de como escolhemos agir diante dessas tragédias. É preciso mais do que palavras, é preciso mudança.

• Reproduzido de palmarinaestrada.com.br 

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