Deficiente obrigado a passar pela catraca em ônibus de João Pessoa

Denúncia é de associação de deficientes. Sindicato das empresas diz que medida só vale para pessoa com deficiência moderada ou visual

Por conta de recadastramento biométrico, pessoas com deficiência são obrigadas pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de João Pessoa (SinturJP) a entrar pela porta da frente e passar pela catraca dos ônibus da cidade.

A acusação contra a entidade empresarial veio a público na manhã desta segunda-feira (13) em nota da Associação dos Deficientes e Familiares (Asdef), acrescentando ser contra a medida do Sintur mesmo que aos cadeirantes seja permitido entrar por outra porta.

Através de seu presidente, Francisco Izidoro, a Asdef diz entender que o Controle Biométrico de Passageiros “é importante para mensurar a real utilização do transporte público pelas pessoas com deficiência”, mas lembra que passar pela catraca é impraticável não apenas para os cadeirantes.

A catraca ou roleta dos ônibus seria uma barreira intransponível também para outras pessoas que igualmente sofrem com limitações de locomoção e equilíbrio. A ordem da Sintur, que estaria sendo observada ao pé da letra por motoristas, chegaria assim “a colocar em risco a segurança e a integridade física de usuários com deficiência”.

“Mesmo com o compromisso informal do Sintur de que haveria flexibilidade para ingresso nos ônibus por quem apresentasse maior dificuldade para usar a porta dianteira e passar pela catraca, o que se viu na prática foi a recusa absoluta dos motoristas em abrir outra porta para o acesso dessas pessoas, sempre alegando estar cumprindo ordens superiores, mesmo antes da conclusão do processo de Recadastramento Biométrico”, informa a Asdef, ressaltando em seguida:

“Aliás, não compete ao motorista avaliar o grau de limitação de ninguém, sob pena de expor as pessoas a inominável constrangimento”.

 

A entidade representativa dos deficientes comunica que para obrigar mudanças no procedimento do Sintur apresentou denúncia à Promotoria de Justiça do Consumidor do Ministério Público (MP-Procon), que promoveu audiência com as partes envolvidas na questão na quinta-feira (9).

Resultado da audiência, segundo a Asdef: “Ficou acertado que as empresas de transporte urbano da Capital continuarão permitindo o ingresso de pessoa com deficiência pela porta traseira ou central, sem prejuízo dos que desejarem entrar pela frente, até que o impasse seja definitivamente resolvido”.

Sintur nega e explica

Ouvido pelo Rubão, Isaac Júnior Moreira, diretor de Relações Institucionais do SinturJP, explicou que qualquer pessoa com deficiência moderada e, principalmente, os deficientes visuais, podem e devem entrar pela porta da frente porque têm um “ganho de qualidade” no serviço que lhes é prestado pelas empresas concessionárias do transporte público.

“É importante esse contato direto com o motorista, até para que essas pessoas possam se certificar do itinerário do ônibus de forma correta, ao contrário do que ocorre quando eles entram pela porta do meio ou de trás e lá recebem, muitas vezes, informações desencontradas sobre destinos, paradas etc.”, argumentou.

Isaac enfatizou que todo o recadastramento biométrico é e foi feito de forma responsável, em parceria com a Funad (Fundação Estadual de Apoio às Pessoas com Deficiência) e supervisão do Ministério Público. “É lógico que não é só cadeirante que entra pela porta do meio, que é mais larga. Quem usa muletas também pode entrar ou qualquer outro com dificuldade em passar pela catraca”, garantiu.

CLIQUE AQUI PARA LER, NA ÍNTEGRA, A NOTA DA ASDEF

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