DOENCEIRO SOLTO, por Ana Lia Almeida

Assento e banco com mensagens de aviso

Assento e banco com mensagens de aviso – Divulgação / Facebook / Praia Grande Mil Grau (imagem copiada de Aventuras na História)

Foi covid, seu Carlinhos. Não durou cinco dias no hospital. Tanto que avisaram a ele… Eu mesma dei conselho: se vacine, homem! Mas ele não quis saber. Dizia que o povo tava adoecendo era por causa da vacina, que não tinha precisão, que a vacina dele era a de Deus, essas conversas.

A moça de óculos escuros lamentava movendo a cabeça sutilmente de um lado para o outro, em modo de não, no que olhou para cima e encontrou os olhos de Rita prestando atenção na conversa. Rita, de pé no corredor do ônibus, segurava as barras de apoio do banco em que a moça vinha sentada ao lado de seu Carlinhos. Este, um senhor educado, havia oferecido o lugar a Rita assim que ela chegou, com sua bolsa pesada. Agradeceu, não precisava, então me dê suas coisas, muito obrigada. Ele notou, pelo reflexo das lentes dos óculos, o encontro do olhar da moça com o de Rita e, ao tomar a palavra, dirigiu-se às duas.

Meu filho chegou em casa com uma conversa dessas também, que não ia tomar a vacina. Pois dentro da minha casa você não pisa, eu dei as ordens. Deixei não. Trazer doença para a gente? Não era nem por mim, que fui o primeiro a entrar no postinho para me vacinar, quando chegou a minha vez. Mas tinha a irmã dele, que na época tinha tomado só a primeira dose; a minha netinha, que agora é que vai agendar… A gente não pode descuidar não, que o doenceiro tá solto no meio do mundo.

Rita pegou a deixa e entrou de vez na conversa. Na casa da patroa dela foi adoecendo um atrás do outro, depois das festas do fim do ano. Ninguém lá se vacinou, tirando a filha do meio, que é brigada com todo mundo e não foi nem para o Natal. Mas caiu também, porque, além da covid, tá dando essa gripe aí, todo mundo pegando. Sei que começou com o caçula, depois do Natal. Já voltou pra casa doente mais a esposa e os dois filhos, os quatro tossindo, com febre e dor de cabeça. Tudinho positivou. Três dias depois, o patrão adoeceu do mesmo jeito. Passou mais uns dias, foi a vez de dona Laura, junto com o mais velho e a esposa. Essa bateu até no hospital, faltando ar. Por isso mandaram o menino deles pra casa da avó doente, mais um para eu tomar de conta. Uma peste! Escondendo os remédios de dona Laura, bulindo em tudo, espalhando os brinquedos pela casa toda, sem brincar com nenhum… Ainda judiava com o cachorro. Menino que come na hora que quer, não sabe, sem gostar de comida nenhuma que tem na mesa; lá ia eu atrás de salsicha pra fazer cachorro-quente na hora do almoço.

A moça de óculos escuros balançava a cabeça em reprovação novamente, pouco antes de atender uma ligação. Ah, se fosse meu neto, dava logo umas boas palmadas, comentou seu Carlinhos. Pense numa bença! _ Rita continuou. Resultado: pegou fraqueza, vivendo só de lanche, terminou voltando pra casa doente também. Só quem testou foram os primeiros, mas acho que tudinho foi covid. Por que eu acho: porque eu fui a única que escapei. Se peguei, não tive nada. Se bem que no sábado senti a garganta um pouquinho, uma molezinha bem de leve. Passei o domingo deitada, tomando chá de alho com limão, e segunda-feira, pronto, já estava boa. Agora, isso por causa de quê?

Da vacina! Respondeu seu Carlinhos. A moça continuava na ligação, saída da conversa. Seu Carlinhos se ajeitava para descer do ônibus, devolvendo as coisas de Rita, que se preparava para sentar no lugar dele. Ela passou o restante da viagem cochilando. Acordou já bem pertinho de casa, com a moça de óculos escuros ainda ao telefone. Quase que Rita perdia o ponto.

SABER JULGAR, por Babyne Gouvêa

Imagem copiada do blog Afferolab

Viver em sociedade implica fazer parte de grupos com interesses comuns ou com preferências variadas. Todos seguindo padrões e regras condicionantes à efetiva integração.

Seguimos ao tema que desejamos discutir: os julgamentos numa sociedade. O que se argumenta é o julgo leviano e calunioso.

Ao julgar indivíduos sem o devido conhecimento de causa muitas vezes são cometidos atos inconsequentes, danosos e irreparáveis. Notadamente quando propagados pelos formadores de opinião.

É lugar-comum julgar. À medida que as injúrias são disseminadas vão se adornando com detalhes de difícil dissolução; ao longo do tempo tornando-se “verdadeiras”. Fica estabelecida uma mácula na vítima.

Julgar pressupõe responsabilidade. Quem julga deve ter consciência de que esse ato pode provocar uma morte simbólica pessoal. Isso ocorrendo torna-se improvável o ressurgimento honrado da moral de quem é julgado.

Os casos são inúmeros. Como pessoa, de identidade privada ou pública, o indivíduo está sujeito a julgamentos em todas as áreas em que transita, podendo inclusive tornar-se refém do seu próprio grupo social.

Os julgamentos precipitados e injustos tornaram-se rotineiros no nosso país, sem a reflexão sobre as possíveis sequelas a quem está sendo irresponsavelmente julgado. Um bom exemplo são as sucessivas notícias falsas.

Ações judiciais deveriam ser criadas para inibir esses atos perniciosos, uma espécie de crime de lesa-cidadania.

Em contrapartida, na mesma sociedade, como um alento, há também o cidadão sensato e consciente dos seus deveres no meio em que vive. Este não costuma agir destilando prejulgamentos.

Cidadãos assim deveriam ter os seus moldes rotulados e copiados por todos os que pregam a empatia e respeito entre pessoas, seja através de convicções, preces religiosas ou chavões populistas. Coletivizar esse comportamento seria a idealização de uma sociedade realmente séria e justa.

Shakespeare, entre algumas de suas citações, afirma que julgar é uma das coisas que mais dá prazer ao ser humano. Sendo verdadeira a premissa, é necessário saber julgar, seguindo o fato e ignorando a versão, adotando a verdade como início, fim e meio de todo e qualquer julgamento.

Difícil no Brasil de hoje? Muito, demais da conta. Mas este ano temos nova oportunidade de mudar pra melhor e banir pro nunca mais o que agora tanto nos aflige e divide.

ACHADO DOURADO, por Babyne Gouvêa

Imagem copiada do OdontoBlogia

Nada como empatia instalada no ambiente de trabalho. O estímulo se aguça, a produção aumenta e a generosidade impera dando sinais de que a partir dela tudo se resolve a contento. Mas atitudes na contramão também acontecem, infelizmente.

Dois colegas, um na parte térrea do e o outro no mezanino do prédio onde trabalhavam, costumavam trocar informações sobre assuntos técnicos sem a necessidade de deslocamento físico.

Durante uma discussão de trabalho ocorreu algo inesperado: num auxílio ao colega, a prótese dentária de Seu Mariano caiu, seguindo a gravidade, já que estava lotado no patamar acima do seu interlocutor.

Os dentes se espalharam num raio infinito, dificultando o resgate. Entre gargalhadas, o episódio se transformou em motivo de chacota. Outros colegas se dispuseram a procurar as peças, notadamente uma bastante preciosa: un dente de ouro.

Em resposta a uma colega quando indagado sobre o ocorrido, Seu Mariano respondeu lastimando ter perdido o seu amuleto da sorte quando acometido por um acesso de tosse. A amiga mostrou-se solidária, caindo em campo à procura do talismã. O dourado será achado, murmurou para si mesma.

O ambiente de trabalho tornou-se um ninho de farejadores, todos engatinhando na busca da peça valiosa. A procura foi inútil. Passaram-se meses, outra prótese foi providenciada, mas sem o complemento que todos queriam encontrar.

Seu Mariano ficou estigmatizado. Muitos dos colegas, ao encontrá-lo, logo se lembravam do caso e faziam algum esforço para disfarçar o riso. Por precaução, ele parou com o hábito de se comunicar pelo mezanino, evitando baixar a cabeça.

Decorrido um bom tempo, uma surpresa: Constância, que trabalhava no mesmo ambiente, passou a exibir um pingente de ouro no seu colo exuberante. A moça atraiu ainda mais atenção de seus colegas.Choveram elogios, inclusive das companheiras de trabalho.

O inevitável, enfim, aconteceu. O verdadeiro proprietário do tesouro perdido identificou o objeto que ornava Constância. Não se conteve e elogiou. “O seu colo dourado é um achado”, disse.

Ela, malandra, sacou rápido: “Obrigada, foi mesmo um achado. E achado não é roubado”.

O MUNDO ESTÁ PERDIDO, por Ana Lia Almeida

Foto: Isabella Mayer/SMCS

Do assento onde estava, Rita acompanhava a algazarra dos meninos. Um deles acabara de sentar-se ao lado da mocinha do mesmo tamanho, deviam ter todos uns doze ou treze, no máximo catorze anos. Começou com o menorzinho pedindo o whatsaap dela, que negou: só passaria o número para o outro, de boné. Eita porra, Gasguito ganhou a boyzinha! Assovios, batuques, gaitadas. Quando Rita voltou as vistas, os dois já estavam aos beijos, no meio do busú.

Esse mundo está perdido, espantava-se a senhora ao lado, antes de desatar a falar. A primeira vez que fui beijada, achei que tinha engravidado de gêmeos, e olha que foi nas bochechas. Culpa da minha avó. Era Carnaval e eu, com onze anos, adorava as La Ursas. Aliás, eu amava tudo do Carnaval: as fitas, as cores, as sombrinhas de frevo, o coco de roda, os bois, a animação que ficava nas ruas… mas minha avó não me deixava brincar.

“Menina que pula carnaval se perde logo na vida”, dizia. Na minha cabeça, ela tinha medo de eu me perder no meio da multidão e não achar mais o caminho de volta. Eu já tinha me perdido uma vez, na feira do Oitizeiro, e não queria passar por aquilo novamente. A tarde todinha andando de um lado para o outro, morrendo de medo de ficar de castigo quando me encontrassem… Então ela explicou que o se perder não era daquele jeito, e sim entrar para a vida errada, se desviar do caminho certo de viver, como engravidar antes da hora.

“E como é que acontece uma coisa dessas, vó?”, eu perguntei. “Começa os meninos beijando você no Carnaval, por exemplo”. Prometi não deixar ninguém me beijar nem sair da nossa calçada, e assim consegui aproveitar um pouco a folia, morta de feliz. Até que, junto com o urso mais animado do bairro, vieram Amaro e Antônio. Já chegaram me dando um beijo em cada bochecha.

O pai deles tinha uma vendinha na esquina, onde os meninos se revezavam ajudando no balcão. Eu gostava dos dois, que eram também meus colegas da escola. Quando minha avó me mandava ir na vendinha, o caminho todo eu ia suando, tentando adivinhar qual dos dois estaria naquele dia. Moeda para cima: cara, o sorriso tímido de Antônio; coroa, os olhos pretinhos de Amaro.

“A la ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”… e aquele urso branco de estopa rodopiando na nossa frente. Eu, apavorada, engravidada por Antônio e Amaro ao mesmo tempo, começando a me perder nos caminhos errados do Carnaval. Chorei até a quarta-feira de cinzas, e, como a barriga não cresceu, deixei a história pra lá.

Rita, que ouvia com atenção, já se arrumava para descer do ônibus. Enquanto levantava, a senhora foi concluindo: Hoje em dia, isso não acontece mais. A internet está aí, ensinando de tudo para esses meninos. Como engravida, como não engravida, como troca a fralda… tudinho no celular deles, por isso o mundo está perdido. Vá com Deus, minha senhora. E vocês aí, tomem juízo.

Observatório debate hoje programas de rádio e tv na Paraíba

Programas de rádio e televisão do gênero policialesco e outros ditos jornalísticos, apresentados diariamente em emissoras da Paraíba, serão debatidos ao vivo na Internet nesta quarta-feira (12) pelo Observatório Paraibano de Jornalismo (OPJor).

A transmissão começa às 18h, no YouTube do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (PPJ/UFPB). As avaliações serão apresentadas por Mabel Dias, Mariana Moreira e Ênio Max, com mediação de Zulmira Nóbrega.

Mabel é membro do Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social), Mariana é professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Ênio, autor de pesquisa sobre o rádio no Sertão paraibano. Zulmira coordena o PPJ.

O OPJor é um serviço voluntário criado por jornalistas e professores da área com objetivo de contribuir para o desenvolvimento e melhoria do jornalismo profissional na Paraíba. Em todas as mídias, veículos e plataformas.

O Observatório concentra a sua atuação na crítica de mídia, checagem e pesquisa sobre qualidade e acessibilidade da informação.

ABALOS NA INFÂNCIA, por Babyne Gouvêa

pe de jambo

Imagem meramente ilustrativa. Foto: Daniela Alarcon/Repórter Brasil

Início dos anos 60, pura efervescência. A mudança da capital, do Rio de Janeiro para Brasília, a eleição do presidente Jânio Quadros e sua vassoura contra a corrupção, o veto presidencial ao uso do monoquíni, a renúncia ao cargo, as rádios tocando Bossa Nova…

O frisson daquele período ajudou a mudar costumes, mas a provinciana Paraíba não acompanhou o ritmo dos grandes centros. Existia um ‘delay’ entre as megalópoles brasileiras e a Pequenina. A imprensa estampava a modernidade, mas os padrões da tradicional família paraibana impediam a aceitação das novidades do Sul Maravilha.

Da política à polícia, variavam as informações que nos traziam o rádio e os jornais, principalmente. As transgressões noticiadas impactavam, causavam perplexidade, estarrecimento. Mas aconteceu exatamente nesse contexto o mais horrendo dos assassinatos que se tem conhecimento na história de João Pessoa.

Em época de delinquências menos execráveis e infrações leves punidas dentro de celas do xilindró de precárias delegacias de Polícia, a nossa aparente tranquilidade foi brutalmente interrompida por um protagonista do mal radicado em São Paulo, mas de passagem por nossa cidade. Um resumo…

Irene era doméstica e namorava Simplício, que contratou o paulistano Elias para assassinar a patroa da namorada. O trio assassinou uma senhorinha indefesa que morava sozinha na Avenida Almirante Barroso, no centro da capital. O motivo não podia ser mais banal: a vítima proibira que dormisse em sua casa o namorado da secretária.

Descobertos e presos os autores, o homicídio seria reconstituído depois sob testemunho de uma multidão. No meio dos adultos, uma criança a tudo acompanhava, reparando no contraste entre os estames das flores de jambeiro que entapetavam o chão e o comportamento de alguns presentes que pareciam ovacionar os criminosos.

Com pouco discernimento, mas precocemente sensível, a menina voltou para casa abalada com a conduta bizarra que presenciou. A partir de então, um questionamento tomou conta de sua mente: que motivo teria alguém para manifestar empatia com aquela barbárie, com tamanha atrocidade?

Talvez devamos perguntar, hoje, a quem se compraz com a dor do outro, do diferente, do divergente, e até debocha do sofrimento por que passam milhões de brasileiros que choram a perda de entes queridos assassinados por um vírus que matou milhares com ajuda de monstros em forma de gente.

Observatório avalia programas de rádio e tv da Paraíba

Descrição para cegos: card do evento, ilustrado pelo conjunto formado por uma TV, o rolo de película de cinema e um microfone, além do signo convencionado como play, formado por um quadrado com um triângulo no centro, apontando para a direita. Ao lado, o título do evento: “Vícios e Virtudes do Rádio e da Tevê na Paraíba”. Acima, à direita, a logomarca do Observatório Paraibano de Jornalismo, formada pelo seu nome tendo à esquerda um conjunto de telas de TV formando um globo, onde se sobressaem uma tela vermelha e outra preta. Na faixa abaixo da ilustração, vê-se a logomarca do YouTube (formada por essas duas palavras, sendo a segunda aparece sobre um tela de vídeo), seguindo-se os seguintes detalhes: “quarta – 12/01 – 18h – no canal PPJ UFPB”.

O Observatório Paraibano de Jornalismo (OPJor) apresenta quarta-feira (12) suas primeiras avaliações sobre programas de rádio e televisão de emissoras da capital e do interior do Estado.

A apresentação será feita a partir das 18h no programa semanal do Observatório transmitido pelo YouTube do PPJ (Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, da Universidade Federal da Paraíba).

‘Vícios e Virtudes do Rádio e da Televisão na Paraíba’ é o tema central do programa. Terá participação de Zulmira Nóbrega (mediadora), Mariana Moreira, Mabel Dias e Ênio Max (expositores).

O OPJor reúne profissionais voluntariamente dedicados a promover o direito de leitores, ouvintes ou espectadores a uma informação jornalística de qualidade, ética e comprometida com a verdade.

DEPLORÁVEL EXCLUSÃO, por Babyne Gouvêa

Afinal, nem tudo são flores. Incômodos são inevitáveis, basta viver. Alguns são leves, de fácil administração, outros provocam dores, um verdadeiro infortúnio. Mas vamos ser mais precisos, vamos pensar juntos sobre o incômodo da exclusão, notadamente o familiar ou pessoa amiga, quando a discriminação ocorre em um núcleo afetivo com relações de proximidade.

Quem é ou foi vítima dessa infelicidade conhece bem o mal que a segregação imposta provoca. De forma geral, a exclusão ocorre em vários âmbitos, com conotações sociais, econômicas, políticas, étnicas, por identidade de gênero. mas haveremos de concordar que entre conhecidos, intencional ou não, é o que mais vitimiza.

Os laços fraternos, a princípio, deverão constituir um relacionamento sólido sem direito a preterir nenhum dos envolvidos no círculo de amizade; porém, nesse grupo, há as diferenças e as identificações entre os seus integrantes, sejam no aspecto político, financeiro, intelectual ou por simples empatia.

Resulta, muitas vezes, em embates de difícil conciliação. Essa heterogeneidade, em tese, exige uma sensibilidade maior de todos no sentido de se evitar que um dos elementos se sinta desprotegido, sobretudo no aspecto emocional.

Essa é uma área que requer contínuos estudos. Não é o que propõe esse breve comentário. O que se sinaliza é uma espécie de advertência para casos de exclusão provocados, ou autoexclusão, que poderão levar as vítimas a questionamentos intransponíveis, muitas vezes perenemente, e que deveriam ser evadidos.

EXCLUSÃO PREVISÍVEL

Estão previstos momentos sombrios antecedendo a eleição deste ano. O ideal seria não acontecer, mas será implacável e inevitável que as convicções político-ideológicas imponham precaução ao falar para evitar sempre as expressões agressivas, muitas vezes denotando total ausência de leitura e reflexão.

Nos grupos de WhatsApp, todos deveriam postar mensagens embasadas em fatos reais assim como textos de pensadores sérios deveriam servir para discussões. As notícias falsas passariam a ser descartadas. Essas são intenções ideais, quando há respeito entre os participantes dessa mídia social. Mas é algo utópico, até por que não existe homogeneidade político-ideológica. Geralmente, as postagens possuem cunho afrontoso sem teor respeitável. É dever manifestar as respectivas concepções com conteúdo fundamentado e não leviano.

Essas observações são em face do apreço aos familiares e amigos que deve ser priorizado acima de qualquer campanha eleitoral. Os políticos passam e os familiares e amigos ficam. Mas, pelo andar da carruagem, haverá muita discórdia, muito conflito e, também, muita exclusão. Quase impossível não haver choques e rompimentos, alguns irreversíveis.

Mas, como diria um colega de Universidade, água benta e moderação não fazem mal a seu ninguém. Fica o alerta – ou a dica – para que ninguém assuma intencionalmente o protagonismo da exclusão, como causador ou vítima.