ACHADO DOURADO, por Babyne Gouvêa

Imagem copiada do OdontoBlogia

Nada como empatia instalada no ambiente de trabalho. O estímulo se aguça, a produção aumenta e a generosidade impera dando sinais de que a partir dela tudo se resolve a contento. Mas atitudes na contramão também acontecem, infelizmente.

Dois colegas, um na parte térrea do e o outro no mezanino do prédio onde trabalhavam, costumavam trocar informações sobre assuntos técnicos sem a necessidade de deslocamento físico.

Durante uma discussão de trabalho ocorreu algo inesperado: num auxílio ao colega, a prótese dentária de Seu Mariano caiu, seguindo a gravidade, já que estava lotado no patamar acima do seu interlocutor.

Os dentes se espalharam num raio infinito, dificultando o resgate. Entre gargalhadas, o episódio se transformou em motivo de chacota. Outros colegas se dispuseram a procurar as peças, notadamente uma bastante preciosa: un dente de ouro.

Em resposta a uma colega quando indagado sobre o ocorrido, Seu Mariano respondeu lastimando ter perdido o seu amuleto da sorte quando acometido por um acesso de tosse. A amiga mostrou-se solidária, caindo em campo à procura do talismã. O dourado será achado, murmurou para si mesma.

O ambiente de trabalho tornou-se um ninho de farejadores, todos engatinhando na busca da peça valiosa. A procura foi inútil. Passaram-se meses, outra prótese foi providenciada, mas sem o complemento que todos queriam encontrar.

Seu Mariano ficou estigmatizado. Muitos dos colegas, ao encontrá-lo, logo se lembravam do caso e faziam algum esforço para disfarçar o riso. Por precaução, ele parou com o hábito de se comunicar pelo mezanino, evitando baixar a cabeça.

Decorrido um bom tempo, uma surpresa: Constância, que trabalhava no mesmo ambiente, passou a exibir um pingente de ouro no seu colo exuberante. A moça atraiu ainda mais atenção de seus colegas.Choveram elogios, inclusive das companheiras de trabalho.

O inevitável, enfim, aconteceu. O verdadeiro proprietário do tesouro perdido identificou o objeto que ornava Constância. Não se conteve e elogiou. “O seu colo dourado é um achado”, disse.

Ela, malandra, sacou rápido: “Obrigada, foi mesmo um achado. E achado não é roubado”.

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