TUDO DE VELHO NO FRONT, por Francisco Barreto

Imagem símbolo da Sexta-feira Sangrenta,  21 de junho de 1968, data em que a ditadura militar matou três pessoas, feriu dezenas e prendeu mais de mil no Rio de Janeiro (Foto: Evandro Teixeira – CPDOC/FGV)

Contrariamente ao que disse Eric Maria Remarque em ‘Nada de Novo no Front’, ao fazer profundas e severas reflexões sobre a condição humana e a miséria moral da violência das guerras e dos exílios…

No front brasileiro, vislumbra-se tudo de velho e carcomido pela ignorância que nos domina. Ecoam entre nós vozes tresloucadas bradando contra um comunismo e sua ideologia advindos dos séculos passados das teses marxistas-leninistas. Há décadas, a agitação e a propaganda pró-comunista deixaram de existir nas portas proletárias das fábricas do mundo ocidental.

As ideias que seduzem o mundo operário e camponês têm total intimidade com a social-democracia com pendores neoliberais. O que existe é um blefe politico travestido de falsos e virulentos discursos anticomunistas. A ideologia político-partidária da luta de classes é apenas uma quimera literária, sobretudo para a esquerda.

Os falaciosos discursos “à direita” são ratoeiras para iludir os imbecis. Hoje, não se tem clareza politica para se conceituar o que são: à direita e à esquerda. Nesse contexto, vale admitir como máxima a premissa segundo a qual importaria tão somente, para compreensão do que vivemos hoje, distinguir o certo do errado. A ética, a moral e a dignidade humana são nortes para postular este entendimento.

Velha e desonesta é a reverberação do principal magistrado do país,  o atual presidente desta infelicitada República, vociferar contra o perigo comunisante. Quem tem o mínimo conhecimento sobre contrainformação sabe que é uma farsa a estratégia adotada, até segunda ordem, que seduz as hostes militares, políticas e endinheirados, todos entrincheirados nos poderes.

O atual e desacreditado presidente da República tem supostamente na sua retaguarda um significativo número de altas patentes militares que o usam como uma “marionette” para continuar usufruindo dos penduricalhos do poder central. Milhares de patenteados transitam organicamente no poder e, hoje, outros tantos estão envolvidos em disputas eleitorais para cargos eletivos. Parlamentos em todos os níveis escandalosamente estão se conspurcando nas benesses fiscais, financeiras e fisiológicas. Os tribunais superiores, com minguadas exceções, perseguem trajetórias inusitadas sem, no entanto, teren a coragem cívica e a honradez de fazer cumprir as leis.

Para as Forças Armadas e seus comandos, imagino eu, amparam-se no manto do silêncio e quizás de vergonha porque teriam que admitir que o “capitão” é apenas um “valet de chambre”. Sempre refreiam as suas ambições individuais ou corporativas, as quais nunca são reveladas. Seguem o antigo brocardo “melhor do que ser Rei é ser amigo do Rei”.

A principal força de suporte a todas as encenações que ocorrem e ocorrerão fica à conta das hostes militares, de e sem pijamas. São os que organicamente dão e recebem as benesses do Poder central. Sem este suporte, o minguado Poder Central não é nada, no máximo uma biruta que depende estruturalmente dos sopros da área militar.

No mais, há um núcleo empoderado que se nutre de segmentos milicianos, de uma desastrada família, de políticos famélicos por cargos e dinheiro, de corruptos de plantão, ambiciosos financistas, e de uma classe média vergonhosamente presente nas hordas que cultivam o autoritarismo.

Tudo de velho golpeia-se e alardeia-se dando vivas à morte do Estado de Direito e da Democracia brasileira.

O PAÍS NA ENCRUZILHADA, por Flávio Lúcio Vieira

(Foto: Evaristo Sá/AFP – El País)

Vamos raciocinar: os militares assumiriam o poder para quê? Para alterar a atual política que está jogando a economia do país no abismo? Para interromper as reformas, desfazer as que já foram feitas?

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