Sabe quando uma sucessão de acontecimentos ruins chove em sua vida e, mal a pessoa seca, lá vem outro banho de água fria de novo? Parece que faz sol em toda a cidade, mas uma nuvem carregada não sai de cima da gente.
Pois está aberta a Temporada de Chuvas Isoladas por aqui. De Isolada, mesmo, só o nome, porque traz consigo a maior aglomeração. Não tem álcool em gel que dê jeito: de repente, estamos no velório de alguém querido, em uma delegacia de Polícia ou cheio de pessoas outras dentro de casa.
Primeiro veio a perda de um grande amigo. Indizíveis a tristeza e a revolta, dessas marcas que a vida vai cuidando com o tempo, bem devagarinho. Às favas com o isolamento social: foi muito abraço e pouco distância.
Poucos dias depois, a casa pegou fogo. Uma faísca elétrica ardeu o quarto da menina e em pouco tempo havia uns quinze vizinhos sem máscara arriscando a vida por nós.
Afora a fumaça, ficamos todos bem. Menos as roupinhas da dona do quarto, que queimaram todas. Em compensação, ela renovou o quarda-roupa inteiro, o que, por sua vez, nos levou ao shopping depois de 6 meses.
No mesmo dia, podem acreditar, a minha mãe foi furtada e fizeram uma festa com os cartões de crédito. Pior que o prejuízo, só mesmo o 0800 da Caixa Econômica Federal. E lá fomos nós à Central de Polícia, onde ganhamos o chuvisco-bônus da viagem perdida, voltando sem B.O. nenhum porque, você sabe, era fim de semana e ali somente flagrante com violência.
O desisolamento ainda continuará com o retorno à delegacia, a ida ao banco e a reforma do quarto incendiado. Mas esperamos de coração que a Temporada de Chuvas Isoladas tenha se encerrado.
• Ana Lia Almeida é Professora e Cronista