Temos uma semana marcada por importante seminário realizado nas dependências do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para debater o processo de desertificação do Nordeste, especialmente em nossa Paraíba. Lamento não ter participado presencialmente em razão de virose que me acometeu. Lamento também, de outro lado, que determinados assuntos não tenham merecido o necessário aprofundamento ou pelo menos alguma abordagem durante o evento.
Refiro-me, por exemplo, ao fato de nenhum expositor tocar em assunto tão relevante para o controle e combate à desertificação que é entregar água a produtores rurais e outros usuários sem que esses recebam capacitação técnica ou orientação mínima em relação ao uso dessa água através de sistemas de irrigação eficientes, manejo adequado do solo e preservação do meio ambiente. É o básico do básico para o emprego produtivo de recursos hídricos nos quais o Brasil tanto investiu.
São processos e procedimentos voltados para deter ou atenuar a temerosa degradação dos solos e consequente desertificação. Se os governos não vêm executando políticas públicas no sentido de conter os danos da desertificação, que se encontra em plena ascensão, que pelo menos execute ações de natureza preventiva, que passo a relacionar.
- • Levantamento do perfil de solo e quais culturas devem ser plantadas nas terras que irão receber as águas do São Francisco em nosso estado (algo feito apenas parcialmente em algumas das propriedades cadastradas, segundo tomei conhecimento;
- • Somente liberar a água para agricultores que tenham comprovadamente participado de treinamento do uso da irrigação eficiente (por microaspersão ou gotejamento), além de capacitação técnica no manejo da cultura que vai plantar e licenciamento ambiental para execução da atividade;
- • Ter a garantia de assistência técnica e gerencial do empreendimento, para se ter certeza do sucesso no projeto (essa assistência técnica e gerencial, se não for possível na esfera estatal, sugere-se que grupos de produtores contratem técnicos autônomos, através de financiamentos bancários, onde essa atividade pudesse ser incluída no mesmo projeto de financiamento da produção).
Isso feito de forma coletiva torna-se mais barato e eficaz para um conjunto de beneficiári0s, a exemplo do que já vem fazendo com sucesso o sistema Senar/Faepa. Sugerimos ainda aos bancos financiadores da produção só liberarem créditos para os produtores que atendam as citadas exigências, para não continuarmos na mesma situação de décadas, onde a maioria não tem assistência técnica, muito menos gerencial.
Sem esse apoio, sem tal direcionamento, o resultado provável é o insucesso do empreendimento, provocando inadimplência e piorando a qualidade de vida dos nossos agricultores.