Durante a quarentena do primeiro surto da Covid 19, a população, especialmente idosos e outros pacientes de risco, foram praticamente salvos por aqueles que muito se arriscaram para garantir a nossa sobrevivência.
Entre os nossos salvadores, existe uma classe de trabalhadores que correu literalmente todo tipo de risco para garantir que tivéssemos uma vida sem faltar o básico para sobrevivência e um mínimo de conforto: os pilotos de motocicleta.
Foram eles que nos trouxeram a água que nós bebíamos, a comida que nós almoçávamos e jantávamos, a nossa roupa limpa, os remédios que tomamos ao longo da longa quarentena inicial.
A eles, e a profissionais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas e todos os outros da linha de frente da Saúde contra a Covid, além das domésticas, cuidadoras e faxineiras, todos de alguma forma arriscando a própria vida, nós devemos a nossa gratidão e rendemos a nossa homenagem.
Recentemente, um motoboy foi assassinado por um motorista que furou um sinal vermelho dirigindo um carro em altíssima velocidade. Há indícios de que o motorista assassino estava embriagado.
Não é infrequente motoqueiros ou motociclistas sofrerem violência por parte de motoristas indignados por comportamentos temerários de quem usa motocicleta. Mas uma violência não justifica a outra. Jamais!
***
Mas gratidão tem limites! Os benefícios que os motoboys nos trouxeram, recentemente, e que reconhecemos e agradecemos, não nos obrigam a suportar os males que muitos deles têm causado aos transeuntes em especial e à população como um todo, esteja a pé ou de carro.
Eu me refiro ao desempenho, ao comportamento de parte dos entregadores que guia moto nas ruas e calçadas da cidade de João Pessoa. Reprovável, insuportável, inadmissível, além de perigoso.
Dirigem em altíssima velocidade, cortam pela esquerda ou pela direita sem o menor aviso. Quem dirige carro, e quer realizar uma manobra, subitamente vê uma motocicleta se materializar ao lado, tirando fino onde nada existia segundos atrás, o piloto arriscando-se ser atingido por qualquer motorista.
Eles percorrem as calçadas, às vezes em alta velocidade, reagindo de forma estúpida quando nós reclamamos. Passam sobre faixas de pedestres ameaçando atropelar quem atravessa e não raro invadem ciclovias. Não param por aí.
Dobram à esquerda em locais proibidos. Percorrem ruas na contramão. Ultrapassam sinais vermelhos. Quando chamados à responsabilidade respondem de forma grosseira, desrespeitosa, muitas vezes agressiva.
Ai de quem atropelar um desses infratores da lei: mesmo que o motorista tenha razão, o que muitas vezes acontece devido à própria imprudência desses motoqueiros, quando são atropelados ou sofrem alguma coisa logo dezenas deles se juntam e passam a agredir quem teve o azar de ser envolvido em tal acidente.
E vocês sabem por que agem assim? Porque têm a certeza da impunidade. Pois não existe em nossa cidade órgão que controle eficientemente o trânsito. A omissão das autoridades responsáveis (?) é notória.
Isso mesmo: não existem agentes de trânsito controlando o trânsito e aplicando multas em quem transgride. E olha que são muuuitos, tanto sobre duas quanto sobre quatro rodas.
Pois bem, já que o bolso é o ponto fraco, o lugar mais sensível do corpo, o coração dos infratores contumazes, deve o prefeito espalhar amarelinhos pela cidade munidos de talões de multa para aplicá-las em quem perturbar o trânsito de forma tão deletéria. Em poucos meses, o erário encherá os cofres.
E a principal consequência esperada será a melhor disciplina do trânsito da nossa capital, que recuperará a merecida paz.
Com a palavra, Sua Excelência.