ANJOS AMEAÇADORES, por José Mário Espínola

Motoqueiro invade ciclovia em João Pessoa (Foto: Reprodução/T5)

Durante a quarentena do primeiro surto da Covid 19, a população, especialmente idosos e outros pacientes de risco, foram praticamente salvos por aqueles que muito se arriscaram para garantir a nossa sobrevivência.

Entre os nossos salvadores, existe uma classe de trabalhadores que correu literalmente todo tipo de risco para garantir que tivéssemos uma vida sem faltar o básico para sobrevivência e um mínimo de conforto: os pilotos de motocicleta.

Foram eles que nos trouxeram a água que nós bebíamos, a comida que nós almoçávamos e jantávamos, a nossa roupa limpa, os remédios que tomamos ao longo da longa quarentena inicial.

A eles, e a profissionais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentistas e todos os outros da linha de frente da Saúde contra a Covid, além das domésticas, cuidadoras e faxineiras, todos de alguma forma arriscando a própria vida, nós devemos a nossa gratidão e rendemos a nossa homenagem.

Recentemente, um motoboy foi assassinado por um motorista que furou um sinal vermelho dirigindo um carro em altíssima velocidade. Há indícios de que o motorista assassino estava embriagado.

Não é infrequente motoqueiros ou motociclistas sofrerem violência por parte de motoristas indignados por comportamentos temerários de quem usa motocicleta. Mas uma violência não justifica a outra. Jamais!

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Mas gratidão tem limites! Os benefícios que os motoboys nos trouxeram, recentemente, e que reconhecemos e agradecemos, não nos obrigam a suportar os males que muitos deles têm causado aos transeuntes em especial e à população como um todo, esteja a pé ou de carro.

Eu me refiro ao desempenho, ao comportamento de parte dos entregadores que guia moto nas ruas e calçadas da cidade de João Pessoa. Reprovável, insuportável, inadmissível, além de perigoso.

Dirigem em altíssima velocidade, cortam pela esquerda ou pela direita sem o menor aviso. Quem dirige carro, e quer realizar uma manobra, subitamente vê uma motocicleta se materializar ao lado, tirando fino onde nada existia segundos atrás, o piloto arriscando-se ser atingido por qualquer motorista.

Eles percorrem as calçadas, às vezes em alta velocidade, reagindo de forma estúpida quando nós reclamamos. Passam sobre faixas de pedestres ameaçando atropelar quem atravessa e não raro invadem ciclovias. Não param por aí.

Dobram à esquerda em locais proibidos. Percorrem ruas na contramão. Ultrapassam sinais vermelhos. Quando chamados à responsabilidade respondem de forma grosseira, desrespeitosa, muitas vezes agressiva.

Ai de quem atropelar um desses infratores da lei: mesmo que o motorista tenha razão, o que muitas vezes acontece devido à própria imprudência desses motoqueiros, quando são atropelados ou sofrem alguma coisa logo dezenas deles se juntam e passam a agredir quem teve o azar de ser envolvido em tal acidente.

E vocês sabem por que agem assim? Porque têm a certeza da impunidade. Pois não existe em nossa cidade órgão que controle eficientemente o trânsito. A omissão das autoridades responsáveis (?) é notória.

Isso mesmo: não existem agentes de trânsito controlando o trânsito e aplicando multas em quem transgride. E olha que são muuuitos, tanto sobre duas quanto sobre quatro rodas.

Pois bem, já que o bolso é o ponto fraco, o lugar mais sensível do corpo, o coração dos infratores contumazes, deve o prefeito espalhar amarelinhos pela cidade munidos de talões de multa para aplicá-las em quem perturbar o trânsito de forma tão deletéria. Em poucos meses, o erário encherá os cofres.

E a principal consequência esperada será a melhor disciplina do trânsito da nossa capital, que recuperará a merecida paz.

Com a palavra, Sua Excelência.

QUEM MATOU MINHA FILHA? por Marinete Silva

Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco (Foto de AF Rodrigues que ilustra o artigo na página da Anistia Internacional)

Há seis meses fomos apunhalados. O assassinato de minha filha Marielle Franco, no centro do Rio de Janeiro no dia 14 de março, deixou um imenso vazio. Um vazio do tamanho da presença de Marielle em nossas vidas.

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