A crítica e a intelectualidade de plantão chamam de bregas canções de versos simples e melodia corrente, sem atropelos, breques, cortes nem interrupções próprias dos hits prediletos dessa casta musical.
Insensível aos poemas do coração, avessa à emoção contida em histórias de vida, a casta se apega à aridez de muitas letras, de construções poéticas de difícil compreensão pelos mortais comuns.
Não tenho visto crítica da crítica ao lixo musical que se produz atualmente. É insensibilidade ao romantismo, sim. Podem até chamar de piegas, pobre, mas romantismo é um sentimento comum a milhares de pessoas no país da pandemia!
“Pronto! Deixou de ser brega”. Certamente é o que disse à época a crítica musical ao ver show tão “inusitado” como aquele que reuniu Paulo Miklos e Arnaldo Antunes, entre outros, ao menestrel Odair José.
Seria brega se fosse apenas Odair José no palco. Isso na concepção de muitos “mestres de obras feitas”, como costumo definir aqueles que escrevem sobre música e, muitas vezes, sequer sabem reconhecer uma nota, um tom.
Mas “deixou de ser brega” só porque incluíram Miklos, Antunes, Otto e outros ‘consagrados’ cantando com o nada intelectual Odair José, autor do hit “Eu vou tirar você desse lugar”.
Como diz Odair no final do vídeo (assista, abaixo), chamar de brega esse estilo “é um preconceito contra a música simples”. Faz tempo que tenho esse conceito, pois sou grudado num “romantismo barato”, como diria a intelectualidade de plantão.
Nem por isso deixo de elogiar a música da nossa MPB dos monstros dos versos rebuscados e melodias recheadas de acordes complicados e difíceis dissonantes. Ao mesmo tempo, adoro e me amarro ao poema rasteiro que vai certeiro nos corações de apaixonados ou não.
Com a vênia da crítica!
- Robson Nóbrega é jornalista