“NO MEU GOVERNO NÃO EXISTE CORRUPÇÃO!”
Esta frase, tantas vezes dita e repetida pelo presidente Jair Bolsonaro, corre riscos de cair em desuso, em força sem expressão, a partir das revelações crescentes na CPI da Pandemia e na imprensa nacional.
Desde que surgiram as primeiras revelações de que existe forte indício de corrupção no ambiente do Ministério da Saúde no âmbito da compra de vacinas que todos indagam: “Mas a saúde não é feita exclusivamente de vacinas; cadê as compras de testes, máscaras, medicamentos para combater a doença, alguns inúteis e sem submeter-se a licitações, como se revelou depois? Cadê os respiradores, comprados aos montes por tudo o que é nível de governo?”
Eis que desde ontem está sendo noticiada uma compra milionária de máscaras KN95, as mais específicas para o uso preventivo da contaminação. A denúncia é escabrosa: superfaturamento de 29%!
No último fim de semana veio à tona outra denúncia: de que vem sendo pago um ‘mensalinho’ no Ministério da Saúde, instituído em 2018, e que seria administrado pelo recém-demitido alto funcionário Roberto Dias.
Essa aberração, tão criticada em outros governos passados, viria beneficiando políticos pertencentes justamente à massa amorfa chamada Centrão. Que na filmografia dos anos 1950 seria chamado de ‘A Bolha Assassina’.
A corrupção é uma das mais fortes causas de atraso econômico e social. Mas corrupção, quando feita à custa de medicamentos, insumos medicamentosos, testes e, principalmente, de vacinas, mata 500 mil vezes mais!
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Mas desgraça pouca é meio de vida, diz o ditado. Paralelo a essas denúncias vem a notícia do superfaturamento do Fundo Eleitoral, que financia as campanhas dos partidos para as próximas eleições.
Na votação para a aprovação da Lei das Diretrizes Orçamentária – LDO, que limita e ordena as despesas que serão realizadas pela administração federal no próximo ano de 2022, os deputados escamotearam um “jabuti” no valor de 5,7 bilhões de reais para financiar a farra da próxima eleição, quase o TRIPLO da eleição de 2018, que foi 2 bilhões de reais.
Assim, a aprovação da LDO incluiria a aprovação automática do Fundão. Dessa forma o Fundão foi aprovado com votos majoritaramente oriundos da base governista, aí incluídos os filhos 01 e o 03.
As duas honrosas exceções foram os partidos Novo e PSOL, que apresentaram a proposta de um destaque para que o Fundão fosse votado EM SEPARADO. Porém foram derrotados: o destaque não foi votado.
Isso ficou decidido por parlamentares de todas as matilhas- ops! – matizes, exceto pelos deputados dos partidos da proposta.
De modo que aparentemente Bolsonaro foi colocado numa fria pelos seus próprios companheiros: ele tem o direito de vetar o que foi aprovado e sair como ‘herói’ da possível armação.
O que eu acho que vai acontecer: Bolsonaro vai mesmo vetar a proposta combinado com os deputados para derrubarem o seu veto. Já fez isso antes. Assim ele fica bem na foto com os seus eleitores, de que faz uma ‘nova política’.
Porém… Desta forma a LDO terá que ser votada novamente contendo o “jabuti”, desta feita por voto nominal. Isso deixará os deputados expostos à opinião pública. E dará nome a todos os bois que aprovarem tamanha aberração.
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Somadas às notícias acima, é inevitável a forte sensação de que estamos vivendo numa Cleptocracia, nos moldes mais vulgares da Velha Política.