Foi registrada com o nome Júlia. Apesar de ter recebido um lindo nome chegou à nossa casa com o apelido de Nona. Desconheço a origem.
Fomos buscá-la em Pilar, cidade do interior da Paraíba, para me ajudar no nascimento da minha terceira filha, Camila, há 43 anos. Terminou me auxiliando em todas as atividades da casa, além dos cuidados com meus outros filhos.
Tornou-se uma pessoa conhecida e querida de todos da minha família e amigos. As histórias lhe envolvendo são muitas e quase todos gostam de lhe empregar alguma peça, aguardando a sua reação, nem sempre delicada.
Dona de um coração boníssimo, faz questão de ser vista como pessoa austera, brava muitas vezes. Entra em contradição facilmente e denuncia a sua bondade ao manifestar afeto por alguém a quem repreendeu instantes antes.
Embora já tenha passado dos sessenta anos continua com um temor enorme à morte e tudo que diz respeito a falecimento. Ao saber que alguém sucumbiu, pede a Deus que o morto não lhe apareça.
Os mais próximos têm conhecimento dessa fobia e bolam os mais variados sustos. Há quem tenha falado com ela ao telefone imitando a voz de alguém que se foi. Soltou o aparelho e correu pulando aos prantos em minha direção.
O repertório é longo em torno de Nona. Fiel a mim em toda a minha trajetória de vida, assistiu lealmente a todos os meus momentos de dificuldade ou alegria.
Crescimento dos meus filhos, separação do meu primeiro marido, casamento dos meus filhos, meu segundo casamento, nascimento dos meus netos, minha viuvez, são ocasiões nas quais Nona sempre esteve presente, solidária, amiga.
No cenário atual, eu e ela dividimos um enorme ninho vazio. Ela procura fazer de tudo para visualizar um sorriso no meu rosto e fica feliz quando viajo ou saio por alguma razão. A reciprocidade também se dá nas mesmas proporções.
Feliz de quem tem uma Nona em sua vida!
NONA É UMA FIGURA, por Babyne Gouvêa
CONSTELAÇÃO DO MAL, por Juca Pirama
Engana-se quem pensa que as atitudes dos ministros do governo Bolsonaro não têm nada a ver com o presidente. Todos foram escolhidos a dedo por Bolsonaro & Filhos. Os critérios de escolha: a) identidade total de ideias e pensamento; b) obediência cega; c) nível cultural jamais superior ao do chefe (o que por si já é muito baixo).
O ex-deputado Luiz Henrique Mandetta, primeiro ministro da Saúde do governo Bolsonaro, feriu aqueles critérios que poderiam lhe garantir – se obedecidos – longa vida no governo. Mas ele tomou o partido do bom-senso e da ciência no combate ao coronavírus e foi condenado por crime de lesa majestade por tentar medidas para salvar vidas humanas.
Como se fosse pouco, o então ministro começou a aparecer ‘demais’ na mídia, organizando e dando transparência às ações do Ministério da Saúde em favor de medidas sanitárias contra a expansão do vírus e suas trágicas consequências. Mandetta logo despertou ciúmes incontornáveis na mediocridade de quem não suporta a inteligência e a competência.
Desempenho e popularidade de Mandetta decretaram sua morte no cargo. E assim o ortopedista foi substituído por um oncologista – Nelson Teich, o Breve – igualmente defenestrado por não induzir a população a se contaminar nem a tomar remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid 19. Com a demissão de Teich, o que era muito ruim ficou ainda mais pior.
Ao longo desses dois anos e meio, a população vem assistindo a medidas inéditas e esdrúxulas por parte dos ministros bolsonaristas. A maior parte delas com elevado teor prejudicial para a ordem vigente das coisas no Brasil. A começar pelas ordens desastrosas cumpridas pelo obediente general Eduardo Pazuello, o terceiro a assumir o Ministério da Saúde em plena pandemia.
As pazuelladas provocaram o caos com a eliminação do comando central do órgão no enfrentamento da crise, forçando estados e municípios a adotarem as suas próprias políticas de saúde para deter a escalada do morticínio em curso. O desmantelo não parou por aí, todavia.
Vieram em sequência a sabotagem ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), até então modelo para o mundo, e a demora (deliberada, tudo indica) na compra de vacinas que teriam salvado a vida de mais de 400 mil brasileiros, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) amparados em estudos de renomados epidemiologistas.
Não dá pra esquecer também a ausência de logística no Ministério sob a chefia de um militar que se diz especialista em logística e as aquisições equivocadas tanto de remédios ineficazes para o tratamento da grave virose que acomete a nação quanto de testes de imunidade importantíssimos para a monitoração da grave doença.
Todas essas medidas vêm nos afetando de forma perversa e são responsáveis por significativo contágio, gravidade da epidemia e consequente aumento da mortalidade.
Desmonte ambiental e educacional
O ex-ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, desde sua posse passou a agredir e a desmontar toda a estrutura de controle do meio-ambiente, especialmente a fiscalização. Tais medidas desmantelaram o ICMBio, INPE e todo o combate ao desmatamento e à exploração ilegal de nossas florestas, rios e recursos minerais.
Com Salles, madeireiros, latifundiários, grileiros, contrabandistas de madeira e garimpeiros clandestinos fizeram a festa. Sentiram-se à vontade não apenas para desmatar a Amazônia como para extrair e vender madeira, além de poluir cursos e reservas de água da região com mercúrio, invadir terras indígenas e até matar índios.
O agora presidente da República, desde quando deputado federal inexpressivo, sempre foi a favor dessas atrocidades contra um dos maiores patrimônios naturais do mundo que pertence ao Brasil. A rigor, portanto, Ricardo Salles apenas cumpriu uma velha agenda bolsonarista.
Já no Ministério da Educação, Bolsonaro nomeou primeiro o colombiano Ricardo Velez, que mal sabia falar português e nada fez durante o seu curto período à frente da pasta. Depois, substituiu-o por Abraham Weintraub, um cara que é a cara do seu líder: grosseiro, semiletrado (apesar de professor universitário), mal-educado, intelectualmente paupérrimo e afeito a cafajestices.
Com semelhantes ministros e os desastres em série no Mec, o presidente concorreu para o retrocesso da educação do Brasil em pelo menos duas décadas.
Diplomacia faz do Brasil pária no mundo
Bolsonaro nomeou Ernesto Araújo para comandar a diplomacia do Brasil, respeitada por todas as nações do planeta até o advento do bolsonarismo no poder. E o chanceler nomeado conseguiu em apenas dois anos isolar o nosso país, promovendo intencionalmente o Brasil à categoria de nação pária do mundo.
Na Secretaria-Geral da Presidência, Bolsonaro colocou o deputado Onix Lorenzoni, também oriundo dos porões do Baixo Clero parlamentar, como Jair Bolsonaro. Desde o início do governo, Lorenzoni vem saltitando de cargo em cargo, sem largar a rapadura, demonstrando fidelidade capachal e dando forma às ideias mais absurdas do chefe.
Um Chicago boy humilhado na economia
Para comandar a economia e tirar o país da estagnação, Bolsonaro nomeou o falastrão Paulo Guedes, que nunca teve liberdade para aplicar algum programa econômico viável para o Brasil. A única coisa que conseguiu, além de autodenominar-se liberal, é a venda a preço de banana de alguns dos maiores ativos da cadeia produtiva de energia do país. De refinarias a subsidiárias da Petrobrás, passando pela Eletrobrás, o país está à venda. Baratinho baratinho.
Guedes também é o ministro que mais demonstrou aversão a servidores públicos e o mais determinado em favorecer seus pares ricos, banqueiros em especial, juntamente com seus próprios interesses interesses financeiros. Daí seu esforço para segurar o emprego, mesmo sendo semanalmente humilhado pelo presidente e a fritura operada por seus filhos e Olavo de Carvalho, o pornofônico guru de todos eles.
Deu ruim para Sérgio Moro na Justiça
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro era juiz quando mandou prender o ex-presidente Lula, afastando-o da eleição de 2018. Garantiu assim condição sine qua non para o sucesso eleitoral do candidato Jair Bolsonaro.
Pouco depois que assumiu o cargo, Moro elaborou projeto de lei que, entre outras mudanças, isentava de responsabilidades o militar que matasse durante a sua atuação, garantindo impunidade para eventuais chacinadores fardados. Sem contar o afrouxamento do controle de armas e munições, exigido por Bolsonaro e encaminhado pelo então ministro.
A proposta de Moro foi rejeitada, mas plantou a semente da desobediência dentro das polícias de todo o Brasil, agravando a letalidade policial em ações que tiveram jovens pobres e negros como vítimas preferenciais, parcelas da população pelas quais Bolsonaro manifestou desprezo por toda a sua vida pública.
Terra e Damares, bolsonaristas típicos
O primeiro ministro da Cidadania de Bolsonaro foi o deputado Osmar Terra. Sujeito que sempre que fala deixa dúvidas sobre seu caráter, na realidade é um médico antiético, que induziu o presidente a promover a desobediência sanitária e o estímulo a práticas terapêuticas ineficazes contra a Covid, além de forçar uma criminosa imunidade de rebanho – não por vacinação, mas por infecção – que levou à morte milhares de pessoas.
Terra é um bolsonarista padrão, de uma padronização onde cabe também a pastora Damares Alves, ministra da Mulher e da Família, evangélica fanática, pensamento estreito, intelecto limitado, que tolera tudo o que o seu criador apresenta de nefasto em troca de duvidosa “proteção à família”. Até onde se vê, a única família protegida no Brasil sob jugo bolsonarista é a família Bolsonaro.
Já o primeiro ministro do Turismo do atual governo, Marcelo Álvaro, deputado federal por Minas Gerais, desde o início acusado e investigado por crimes eleitorais (uso de candidatas mulheres como laranjas em esquema de desvio de recursos públicos via fundo eleitoral), demorou dois anos para ser demitido.
Antidemocrata na Segurança Institucional
O general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, é a mais expressiva personalidade militar no governo Bolsonaro. Ele é o retrato do pensamento saudosista do militar antidemocrata pegando carona no bolsonarismo, com a união do que há de pior nas duas categorias antidemocracia e saudosismo da ditadura.
Heleno é o principal articulador do golpismo com o qual Bolsonaro ameaça a democracia sempre que se vê acuado. Ou seja: todos os dias. O general é o padrinho do militarismo entreguista, do aparelhamento das Forças Armadas, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal e das polícias militares.
Com baú com tudo na Comunicação
Fábio Farias, ministro das Comunicações, é um perigo pelo que representa de inteligência e amplo conhecimento na área a serviço da obediência conveniente. Foi guindado ao cargo no qual pode, por exemplo, vitaminar a verba publicitária destinada ao Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) do sogrão Sílvio Santos.
Por último, mesmo sem ser o derradeiro, não podia deixar de ser notado nesse passeio pela Esplanada dos Ministérios o cidadão que atende pelo nome de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, um negro assumidamente racista, extremamente agressivo contra movimentos sociais e organizações que combatem o racismo e defendem direitos da população negra.
Ninguém se engane: até agora tudo foi feito seguindo rigorosamente um roteiro escrito a oito mãos por Bolsonaro e seus filhos. Não se queixem apenas da qualidade dos ministros. Eles formam o primeiro time dessa constelação do mal porque são, cuspidos e escarrados, cópias fiéis de Bolsonaro.
Mais de 70 mil alunos são filhos de pais desconhecidos
Pai não é só aquele que registra, mas ter o nome do genitor é só o mais básico dos direitos de um filho
Pensão alimentícia: Gosto Ruim tenta virar o jogo
Coisa de um mês atrás, Gosto Ruim recebeu notificação da Justiça para comparecer na última quarta-feira (21) a uma Vara de Família da Capital. Catarina, segunda ex-mulher, quer aumentar a pensão alimentícia do filho que os dois botaram no mundo há 10 anos. Não chegaram a um acordo na primeira audiência. Inclusive porque o pensioneiro fez inesperada e inusitada contraproposta. Desarmou até mesmo o Doutor Juiz, que até então não parava de defender o pedido da pensionista.