Mesmo em ritmo acelerado, demora no mínimo um ano a construção de uma adutora para abastecer regularmente de água o Brejo seco e sedento da Paraíba, previu ontem (8) o engenheiro Francisco Sarmento, ex-secretário de Recursos Hídricos do Estado.
Sarmento foi procurado pelo blog para apontar alternativas que restabeleçam o abastecimento de água tratada para Bananeiras e Solânea, suspenso pela Cagepa em razão do esvaziamento da barragem de Canafístula, construída em Borborema.
Diante do anúncio das providências a serem adotadas pelo governo estadual, Sarmento concorda com a opção pela adutora, mas lembra que tudo depende de reativação da transposição de águas do rio São Francisco.
“Sem a retomada do Eixo Leste, de onde veio a água até Boqueirão em 2017 para salvar Campina Grande do colapso, nada feito”, adverte Sarmento, com a autoridade de quem foi consultor da equipe técnica que formatou o projeto da transposição no Governo Lula.
Reconhecido no meio acadêmico e profissional como um dos maiores especialistas em recursos hídricos do país, ele diz que a adutora Campina-Brejo pode ser construída no curto prazo (um ano) se o governo optar por uma tubulação de engate rápido.
“A adutora de engate rápido atende a determinadas urgências, mas é um tipo mais precário, mais vulnerável e, portanto, pode dar margem a desvios e eventuais vandalismos”, ensina Sarmento, que também é Professor Doutor em Engenharia Civil da UFPB.
Ele acredita ainda ser prudente avaliar se não seria mais viável uma adutora a partir do Canal Acauã-Araçagi, em vez de ‘puxar’ água de Campina via estação de tratamento da barragem Nova Camará, como anunciado pelo governador João Azevedo.
“Como diz o poeta Beto Guedes, ‘um mais um é sempre mais que dois’, mas temo e lamento que esse Plano B talvez não tenha sido cogitado face à inconclusão de uma obra que foi licitada – veja só! – em 2010, ou seja, há 11 anos”, observa.
E, mesmo que o canal estivesse pronto, uma adutora para levar água do Acauã-Araçagi aos municípios brejeiros de Esperança, Remígio, Solânea e Bananeiras também dependeria da retomada das operações do Eixo Leste da transposição do São Francisco.
“Sem as águas franciscanas, resta torcer e rezar para que os paliativos aventados minorem o sofrimento do povo da região”, disse Sarmento, referindo-se ao fornecimento emergencial e improvisado de água por carro-pipa, poços artesianos e chafarizes.