Em apenas duas fases, a Operação Dublê da Polícia Civil da Paraíba, a cargo da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas, deve recuperar pelo menos 50 carros roubados por quadrilhas ‘especializadas’. Um desses bandos, chefiado por um professor da rede estadual de ensino, foi desbaratado mês passado. Ontem (15), foi a vez de uma segunda gangue de puxadores de carro – esta liderada por um ex-presidiário – ser desmantelada por agentes e delegados paraibanos. Até essa quinta-feira, 41 carros já haviam sido recuperados.
Baturi, apelido do ex-presidiário, participou de assalto ao Banco Central no Recife (PE), em 1992. “Essa foi a maior apreensão de carros roubados que já tivemos na Paraíba e talvez seja a maior de todo o Nordeste. Acredito que até segunda-feira chegaremos a 50 carros recuperados”, afirmou o delegado titular Nélio Carneiro, que contou com a ajuda dos colegas Adriana Guedes e Getúlio Machado tanto na Dublê I como na Dublê II, conforme nota da Assessoria de Imprensa da Associação dos Delegados da Polícia Civil do Estado da Paraíba (ADPC-PB) distribuída na tarde desta sexta-feira (16).
Nélio Carneiro revelou que os membros das quadrilhas recebiam carros roubados diretamente dos “fornecedores” dos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, pelos quais pagavam em torno de R$ 2 mil. “Os veículos eram deixados em estacionamentos de locais públicos por dois dias, com as chaves na roda dianteira esquerda. Depois desse período, o veículo continuando no local, a quadrilha tinha a certeza que o carro não estava rastreado”, explicou o delegado.
Ainda segundo Nélio Carneiro, em alguns casos os veículos já chegavam com os números de chassi e placas adulterados; em outros, a adulteração era feita em João Pessoa. “No caso de veículos ainda não adulterados, a quadrilha fazia uma busca em site de vendas de veículos para obter dados de automóveis legais de outros estados com as mesmas características dos carros roubados para efetuar futura clonagem”, disse.
A quadrilha presa na Dublê I tinha como integrantes o Professor Ricardo, Caxada, Diogo e Robson. Cada um tinha atribuições definidas, acrescentou o delegado. “O professor era o mentor intelectual do grupo, responsável por captar os dados de veículos legais em sites de vendas de automóveis. Ele também fazia a adulteração de CRLVs e falsificava documentos cartorários”. Caxada fazia o contato direto entre os bandidos de Pernambuco e Rio Grande do Norte e atuava na negociação de veículos. Diogo, além de fazer contatos, também participava de roubos, furtos e vendas. Robson fazia adulterações e negociações de veículos.
Na Operação Dublê II foram presos Jean, Baturi e Galego, que tinham um modo de agir diferente da Gangue do Professor. O bando roubava carros nos estados vizinhos e os levava para a oficina de Baturi, especialista em uso de maçarico. Lá eram implantados chassis de carros comprados em leilões de seguradoras. Depois, trocavam os carros por imóveis e gado. “Eles também faziam transações comerciais utilizando os veículos como troca por imóveis e gado”, acrescentou Nélio Carneiro.
Baturi já cumpriu pena pela participação no assalto ao Banco Central. Depois de fazer o implante de chassis, ele vendia as partes não identificáveis dos automóveis em uma sucata no Valentina Figueiredo. O pernambucano Elizaldo, conhecido como Galego, comprou uma casa em João Pessoa dando em troca dois veículos clonados, o que deu origem à investigação. Na residência foram encontrados um Discovery IV e uma caminhonete Hillux 2016. O terceiro integrante da quadrilha é Jean, filho de Baturi, preso com dois veículos clonados. Ele era responsável por esconder os carros roubados e encaminhar para os estados vizinhos.
- (com Walquiria Maria, da Assessoria de Imprensa ADCP-PB)
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