Fórum de Mangabeira em João Pessoa (Foto: TJPB)

O defensor público Fernando Enéas de Souza denunciou nesta terça-feira (13) que montaram uma espécie de operação abafa no Fórum de Mangabeira para intimidá-lo e impedir que leve a público “desmandos” como a punição à mulher do cafezinho, dispensada do serviço por supostamente não acertar o gosto das autoridades às quais serviria há cinco anos naquele complexo do Poder Judiciário em João Pessoa.

Fernando Enéas (Foto: Facebook)

A denúncia veio em mensagem encaminhada ao blog na madrugada de hoje, acrescida de declaração, postada já pela manhã, na qual assegura que “a quantidade de denúncias no interior do Poder Judiciário é infinita”, mas garante que longe se se intimidar a sua disposição “é deixar tudo a nu, mesmo que isso possa me custar caro”. Sobre a a ‘Operação Intimidação’, Fernando Enéas escreveu:

Está em curso, uma operação coordenada pela Diretoria do Fórum de Mangabeira, cujo objetivo é intimidar-me. É sufocar minha voz. É fazer calar-me. É fazer-me cego à viva força, para que não possa enxergar os desmandos que pairam diante dos meus olhos. Pelo atrevimento, a sórdida campanha, promete desdobramentos de toda ordem. De minha parte, não me calarei diante das injustiças ali perpetradas naquela unidade judiciária. Estou firme. Nada temo. Enquanto vida tiver estarei na trincheira de luta, bradando contra as injustiças. Só a morte me pode sufocar a voz, fazer calar-me. (01 hora e 57 minutos, da madrugada do dia 13/09/2016)

Solidariedade

Antes de denunciar o que tem como perseguição e retaliação da Direção do Fórum, Fernando Enéas enviou ao blog e postou na sua página no Facebook, na noite de ontem (12), um emocionado artigo no qual descreve os seus sentimentos diante da despedida da mulher do cafezinho. Eis o texto do Defensor Público:

Hoje, com o coração apertado, assisti ao bota-fora daquela servidora acusada, injustamente, de servir um “cafezinho amargo” ao paladar refinado de juízes, promotores, defensores e serventuários do Fórum de Mangabeira. Lá se foi a pobre servidora em sua despedida, sozinha em seu desespero, em sua impotência, diante da injustiça, e da indiferença, daqueles a quem serviu, dando o seu melhor, durante 5 (cinco) anos. Foram poucos os que lhe prestaram solidariedade na despedida; a maioria preferiu o silêncio que se traduz por cumplicidade para com o arbítrio perpetrado. Desolado, através de minha janela observei a chuva que caia lá fora, e era assim como um choro que se desfaz em chuva fina, ao ritmo do meu coração que sofreu, diante da cena, em soluços abafados, mal contidos. Oh! Mundo medonho, cruel! (Fernando Enéas de Souza).

Retificação

Na tarde dessa segunda-feira (12), Fernando Enéas solicitou retificação de duas informações da matéria inicial sobre o afastamento da mulher do cafezinho do Fórum, publicada no último sábado (10). Os pontos que ele pediu para retificar:

Gostaria que fossem retificados dois pontos na matéria. Um é onde fala que sou advogado, no caso, seria Defensor Publico. Outro ponto importante é a parte que fala em “juízes”. Acontece que no meu texto original escrevi que seriam as autoridades daquele Fórum, entre eles, juízes, promotores (de Justiça), defensores públicos e servidores.

O outro lado

Diretora do Fórum de Mangabeira, a juíza Andréa Arcoverde Cavalcanti disse que desconhece qualquer tipo de retaliação sofrida por qualquer servidor da unidade judiciária. Ela disse ainda que não conhece pessoalmente o defensor público que afirma estar sofrendo perseguição. “Nem conheço essa pessoa. Nunca tive qualquer tipo de contato e posso garantir que não existe perseguição alguma. Só ele reclama do Fórum. Nunca recebi queixas de nenhum outro defensor público, promotor ou quem quer que seja”, afirmou.