VIDAS FANTASIOSAS, por Babyne Gouvêa

Arlequim, Colombina e Pierrô (Imagem: imgarcade.com)

Com a aproximação do carnaval, uma foliã ressentida sentimentalmente precisava idealizar a sua vestimenta para a ocasião. Optou por uma fantasia que atraísse os rapazes. Decidiu se apossar da celebridade Colombina – icônica personagem da peça italiana do século XVI -, alternativa certeira de sucesso.

Começou a tradicional festa profana e a jovem transformada em Colombina saiu às ruas em busca do seu par. Encontrou Arlequim, mas ignorava o seu currículo de Don Juan na origem do personagem nas brincadeiras de carnaval.

Durante os festejos, brincou sempre com o almejado, desconhecendo o sentimento de Pierrot, um colega perdidamente apaixonado por ela. Fazia gestos esnobes e involuntários, quando cruzava com o ignorado. Não percebia a paixão escondida naquele cujo coração ela tinha conquistado.

No terceiro dia de folia, observou um Arlequim esquivo, desviando o olhar quando este devia estar na direção da Colombina. Enquanto isso, o Pierrot sorumbático acompanhava toda a cena, sentindo comiseração por sua amada.

Colombina desejava ser exclusiva do Arlequim, por ser um jovem atraente, com atributos físicos elogiáveis. Sentia-se bem com ele por ter conseguido, ilusoriamente, superar as tristezas afetivas anteriores ao carnaval.

A dança prosseguia e a alegria da Colombina começou a se esvair. Flagrou olhares do seu companheiro para outras dançarinas. Perseverante, acreditava não ser substituída. Valeria a pena passar por aqueles constrangimentos?

Suportou até o momento de sua tolerância se esgotar. Entregou-se ao desespero, frustrada por não ter sido correspondida. E agora, o que iria fazer? Estava próximo o término do carnaval e a sua história precisava ter um final feliz.

Sozinha e se sentindo desprezada, surge uma luz à sua frente – Pierrot -, que por ela era encantado. Segurou as suas mãos entregando os ombros para ela desafogar as mágoas. E foram dançar.

Sorrisos voltaram à face da Colombina e, principalmente, à do Pierrot. Dançaram, brincaram, aproveitando bem o final dos dias festivos. Mas tinham consciência de que aqueles momentos passariam. E aí, como seriam os seus destinos?

Próximo o término da brincadeira, Arlequim voltou a abordá-la. Colombina voltou a se deslumbrar por ele e Pierrot se retraiu, intimidado.

Passado um ano, chegou um novo carnaval. Os três mantiveram suas vidas fantasiosas – de trajes e de sentimentos. Tomaram conhecimento que encenaram personagens da era renascentista. Decidiram não desvendar o segredo por trás de suas máscaras.

Estava formado o trio enamorado, reproduzindo a história originada nas ruas das cidades italianas, no carnaval, há cinco séculos: Colombina continuou insistindo num Arlequim volúvel, enquanto Pierrot eternizou a sua paixão por aquela que não conhecia o verdadeiro amor.

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