A grade de programação do Canal Arts & Entertaimment, da NET, traz “O Grande Kilapy”, filme saboroso de Zezé Gamboa, homem que se tornou a mais importante referência do cinema angolano.
A narrativa fluida, segura, tem encanto especial para o público paraibano, em razão de passagens pela orla e prédios que assinalam a diversidade arquitetônica de João Pessoa. Chamam, particularmente, a atenção dos que moram, ou conhecem a cidade, as cenas tomadas diante da antiga sede dos Correios e Telégrafos e do Liceu Paraibano, prontamente reconhecidos.
Conta-se que Zezé Gamboa tomou-se de amores pela Capital da Paraíba ao participar da quarta edição do Cineport, o Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa aqui abrigado.
Ele teria enxergado grande semelhança da paisagem urbana local com a Luanda dos últimos anos da colonização portuguesa, onde parte do enredo transcorre. Os tratos com a Prefeitura Municipal iniciaram-se em meados de 1999 e, um ano depois, o pessoense deparava-se com as filmagens das quais participavam atores do quilate de Lázaro Ramos (com o papel principal), Antonio Pitanga, Maria Ceiça e nomes europeus a exemplo de Manuel Wiborg, Sílvia Rizzo, Filipe Crawford e Alberto Magassela, este último um ator moçambicano radicado em Lisboa.
Lázaro encarna “Joãozinho”, amante das noites e das mulheres, um boa-vida transformado em herói e retirado da prisão (com a libertação de Angola) para onde fora levado em razão de subtrações do Banco Nacional a serviço de amigos revolucionários, mas, sobretudo, como bom malandro, em proveito pessoal.
Ficcional, o enredo é um tanto anárquico. Começa num terraço de Lisboa, onde um amigo, provocado sobre o assunto, relembra as peripécias de Joãozinho. Ficção à parte, há artigos acadêmicos nos quais o filme é citado por incorporar aspectos desprezados da memória coletiva relacionada à colonização portuguesa.
O espanto ante o envolvimento amoroso de um negro com mulheres brancas e o inconformismo com a boa situação econômica de Joãozinho, ou seja, o racismo, ali emerge por trás da atuação da Polícia Política portuguesa.
O termo “kilapy” – está em todas as resenhas deste que é o segundo longa-metragem de Zezé Gamboa – vem da língua kimbundu e significa “golpe”, “tramoia”. Premiado em festivais sucessivos, o filme tem enredo palatável, ágil, resultante da sucessão de tomadas curtas. Mesmo nos momentos de maior dramaticidade, não há diálogos demorados, enfadonhos. Vale a pena vê-lo, ou revê-lo.
O GRANDE KILAPY, por Frutuoso Chaves
UFPB debate indicadores socioeconômicos por grupo racial
Na próxima segunda-feira (29), a partir das 9h, acontecerá na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) um encontro interinstitucional entre os pesquisadores do Laboratório de Estudos em Modelagem Aplicada (LEMA) com representantes do Ministério da Igualdade Racial. O evento é aberto a toda comunidade universitária e ao público em geral. Estudantes que desejem certificados de participação deverão fazer suas inscrições através do Sistema Integrado de Gestão de Eventos (SIGEventos) até o dia 28 de abril.
O objetivo do encontro é discutir as bases de dados geradas pelo projeto Plataforma ODS RACIAL, uma iniciativa que visa obter informações sobre indicadores socioeconômicos segmentados por grupos raciais no Brasil para a Agenda 2030, um plano global da ONU inspirado nos princípios do desenvolvimento sustentável que tem como principal objetivo a erradicação da pobreza no mundo, e que, para alcançar essa ambiciosa meta, visa integrar ações dos governos, da sociedade civil, da iniciativa privada e de instituições de pesquisa espalhadas por todo o mundo.
A construção da plataforma foi uma inciativa do Laboratório de Estudos em Modelagem Aplicada (LEMA) da UFPB, vinculado ao curso de Ciência de Dados para Negócios, que conta com financiamento do Ministério da Igualdade Racial. Durante o evento, os pesquisadores do LEMA e os especialistas do Ministério discutirão o potencial uso das Bases de Dados e Indicadores Socioeconômicos no monitoramento da equidade no país, abordando áreas como saúde, bem-estar, representatividade, educação, emprego, renda, moradia, violência e segurança pública.
O professor Aléssio Tony, coordenado do projeto e docente do curso de Ciência de Dados para Negócios, considera que o encontro da próxima segunda oportunizará o aprendizado e o compartilhamento de conhecimentos entre a equipe de pesquisadores da UFPB e os especialistas do Ministério da Igualdade Racial. Trata-se, segundo ele, de uma contribuição para um país com mais igualdade de oportunidades e justiça social.
RÉQUIEM PARA O PONTO DE CEM RÉIS, por Francisco Barreto
O urbanismo público, em João Pessoa, tem refletido a urgência e a incompetência produtivista de um “aleatório fazer público” atrelado aos ímpetos das vontades personalistas que resplandecem nos convescotes oficiais e deságuam nas propagandas institucionais e pessoais.
Decisões e projetos são gestados de forma precária à revelia da qualidade de vida urbana. Henri Lefebvre nos diz que o conceito mais profundo sobre o urbano inspira-se, em sua gênese, na cultura perpetuada pela história (daí a urbanidade) e, ainda, na escala humana dos espaços produzidos. Na urbis, o espaço deixou há muito de ser reservado às elites passando a ser sujeito e objeto do consumo coletivo.
A forma dos espaços produzidos ou reinventados deve se subordinar ao conteúdo. Na Carta de Atenas, em 1933, Le Corbusier nos ensinou que “a vida de uma cidade é um acontecimento contínuo manifestado através de séculos por obras materiais, traçados ou construções, que a dotam de personalidade própria e da qual vai emanando sua alma pouco a pouco”.
O pensamento de Le Corbusier nos leva a refletir sobre os impactos causados pela intervenção “urbanística” no Ponto de Cem Réis: o que restou da sua dimensão histórica, sentimental, estética e da solidariedade humana? O que significa esta celeridade produtivista, demagógica na recuperação de um espaço que teve no passado virtualidades plásticas compatíveis com elos de convivência humana? Qual o consumo coletivo possível neste espaço hoje avesso e árido à convivência popular?
A grande lápide que estenderam sobre o Ponto de Cem Réis garroteou e esterilizou definitivamente um lugar coletivo que, embora agonizante, ainda insistia em abrigar uma buliçosa e alegre alma popular. Sentenciaram de morte o Ponto de Cem Réis!
A morte, ainda segundo Le Corbusier, “não perdoa nenhum vivente, ataca também as obras dos homens”. O Ponto de Cem Réis de hoje é um zumbi que vagueia longe do passado desatrelado do presente.
O lugar das grandes manifestações públicas, dos alaridos das conversas prosaicas e jocosas, dos engraxates espiões da alma popular foi desertificado em definitivo. Logo aquele espaço que tanto contribuiu para formação histórica e urbana de João Pessoa.
Hoje, ali está um urbanismo sem alma, sem afeto, sem história, usaram e abusaram dos ângulos retos (tão execrados por Niemeyer). Impuseram uma aridez excessiva aliada a uma massa de cimento inerte, de estética abominável, que faria um geômetra corar de vergonha.
De que forma uma reconstituição fictícia e enganosa como esta do Ponto de Cem Réis poderá acolher a alma popular? Como um espaço frio e inerte poderá abrigar a convivência humana?
Se copiar o passado é uma mentira, o que dizer de um projeto cingido apenas a traços mal elaborados numa prancheta ou computador, escravizado por ordens superiores inspiradas no determinismo do posso e mando? Dói-nos a insensibilidade dos “urbanistas” oficiais de João Pessoa. Merecem um bom terapeuta freudiano.
O Ponto de Cem Réis de hoje é um simulacro grotesco de um “urbanismo desprovido de vida” que abortou o traço suave, estético, sedutor capaz de produzir espaço destinado a ser fruído pela vida coletiva da cidade.
Lamentável e insensível prancheta! Incapaz e insensível, e talvez não valha a pena avaliar, não houve a sensibilidade de repensar a vida no centro da Cidade.
A obra de cimento teve apenas um predicado: o de massagear o ego de quem a determinou, sacrificando o prazer e os desejos coletivos de fruição espontânea dos espaços urbanos. Prevaleceu apenas uma alegoria mal feita, grosseira, agressiva, consistente apenas com o urbanismo prepotente, quase fascista, ditado pelo paradigma do “meu espaço”, e não o dos outros.
Espaços coletivos sem alma são espaços natimortos brindados apenas com placas egocêntricas de quem se imagina ser o galo de Chantecler: “o sol só nasce porque eu canto”.
Sobre o Ponto de Cem Réis, que agonizava há quase 50 anos, foi estendida uma lápide sepulcral, merecendo apenas um epitáfio final: Aqui Jaz o Ponto de Cem Réis e a Alma Popular – muito contra a sua vontade, sepultados pelo prepotente urbanismo oficial.
• (Imagem que ilustra este artigo foi copiada da Wikimedia Commons)
A FÉ REAVIDA, por Frutuoso Chaves
Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de tririciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mirante da Praia do Cabo Branco, um dos mais belos trechos da orla de João Pessoa, a cidade que mais cresce no Nordeste brasileiro, ao que nos assegura a propaganda oficial.
Do alto de seus onze anos, Miguelzinho mal percebia que o avô não iria dar conta dos oito quilômetros de pedaladas naquele troço pesado, se somados os quatro de ida com os quatro de volta. “Vai com teu pai”, propus, antes da resposta do meu filho mais velho: “Vai com tua mãe”. Pagaram à locadora, antecipadamente, por meia hora de uso daquilo e lá se foi a pobre Lucinha, tão animada quanto o filho, no lombo de uma ciclovia novinha em folha.
O desânimo desses dois era evidente, quando do retorno em 15 minutos, ou seja, na metade do tempo que seria gasto se o percurso fosse completado. Miguel tinha lágrimas. “Ele caiu”, alarmou-se, junto a mim, a avó que, desde o início, não concordava com aquela invenção. Procurei tranquilizá-la: Acho que eles arengaram”.
O tempo de espera por nora e neto me fez acompanhar de um banco aquele vai e vem interminável de adultos e crianças no ponto mais movimentado da Capital da Paraíba quando nos chegam as noites das sextas-feiras, sábados e domingos. Ali, a ciclovia, como não poderia deixar de ser, é uma exclusividade dos que pedalam, fazem uso de patinetes, ou de scooters elétricas.
Pude observar que a movimentação decorria, quase toda, do desembarque dos grupos alegres e ruidosos de gente jovem e das famílias procedentes dos bairros mais afastados para o bom proveito da brisa marinha, o passeio e brinquedos dispostos no calçadão largo e comprido, ou para as mesas dos bares, quiosques e restaurantes existentes em grande quantidade desde o MAG Shopping, no fim da Praia de Manaíra, até o Mirante do Cabo Branco, ponto final de um trajeto de oito quilômetros. O epicentro dessa festa, o Largo de Tambaú, área onde o Almirante tem seu busto, fica na metade do caminho e é a cereja do bolo.
Acho que os residentes fogem, ali, do burburinho noturno dos fins de semana. Deixam o calçadão e seus atrativos para os que vêm de fora. Nas manhãs e tardes, porém, aquilo tudo é recanto deles. Mal o sol se levanta, já ocupam a calçada e toda a rua (então livre dos carros) para as caminhadas, as pedaladas e as corridas diárias a poucos passos do mar, neste caso, quando o corpo e o espírito ainda suportem o ritmo das maratonas.
Diga-se que todo o lugar também é uma festa aos olhos dos turistas que a cidade recebe em fluxos crescentes. Estes últimos logo notam a diferença, para melhor, entre nossa orla e as das demais capitais litorâneas. E, também, logo se informam de que estão a visitar um ponto da cidade onde os grandes edifícios estão legal e absolutamente proibidos.
Assim obrigados por preceito constitucional, os espigões aqui se tornam mais altos à medida que se afastam das praias. Então, é possível perceber das areias de Tambaú e Manaíra várias das mais elevadas edificações brasileiras instaladas no Planalto do Cabo Branco, o bairro mais caro e luxuoso de João Pessoa. À beira-mar, não. Neste ponto, a lei impõe construções sobre pilotis com, no máximo, três andares. E, com isso, confere a um dos trechos urbanos mais modernos do País ares de interior que surpreendem e encantam os visitantes.
É norma que vale para os hotéis. Naquele sábado, levamos um Miguel choroso à lojinha de açaí que funciona ao lado de um deles. Nada como uma boa lanchonete para aplacar tristezas. Foi quando nós, os avós, nos inteiramos do problema: nosso neto havia perdido o iPhone. O aparelho, no sobe e desce dos pedais, caíra do bolso raso da sua bermuda sem que isso fosse percebido por ele nem pela mãe igualmente amuada. Calado e sisudo, o pai pensava, certamente, no tamanho do prejuízo.
Propus, então, que ligassem para o número de Miguel. Minha nora respondeu que já havia feito isso cinco vezes, sem ser atendida. Pedi para que voltasse a fazê-lo. Quase acabados os potes de açaí e todas as esperanças, uma voz de homem fez-se clara do outro lado da linha: “Alô?”.
Pronto. Meu neto voltou a sorrir e assim também a mãe, enquanto o pai desanuviava o semblante. Encontramos Carlos, 15 minutos depois, ao lado do Almirante, onde postou-se com a mulher, a sogra e duas crianças a fim de facilitar a entrega daquilo que, advindos de um bairro periférico, encontraram no leito avermelhado da ciclovia, a meio caminho do Mirante.
Não fez questão pela gorjeta nem teve a menor ideia do quanto nos impressionou com sua decência num instante em que perdemos, dia após dia, aquilo não pode nem deve ser perdido: a fé na humanidade. É a Carlos, portanto, que dedico estas linhas breves e insuficientes para dele aferir, em sua exata dimensão, a dignidade e a honradez. A ele e a seus iguais.
UM BOM CAFÉ NO PONTO DE CEM RÉIS, por José Mário Espínola
Lendo a coluna do bem-afamado jornalista Sérgio Botelho, tomei conhecimento de que o 15 de abril é o Dia Mundial do Café. A tradicional e deliciosa bebida, de origem certamente árabe, porém encontrada no mundo inteiro, trouxe-me outras recordações. No meu caso, dos cafés do Ponto de Cem Réis (Praça Vidal de Negreiros), que no século passado era o centro vivo de João Pessoa.
Para quem viveu naqueles tempos e que como eu teve o prazer de frequentar aquele lugar mágico, sabe que aquela ao Ponto de Cem Réis afluíam tentáculos que se espalhavam pelas adjacências, como as ruas Duque de Caxias, Visconde de Pelotas e Padre Meira, além da Praça 1817.
Num tempo em que o centro de João Pessoa tinha vida pulsátil, a cidade vivia em torno dele. Era o centro nevrálgico, lugar onde era possível, até, fechar bons (ou maus) negócios. Para lá convergiam os habitantes da urbe (êita! Cá estou eu falando igual a um jornalista!), todas as tardes.
Pois é, todas as tardes, após as aulas, íamos nos encontrar no Ponto de Cem Réis: alunos do Liceu, do Lins de Vasconcelos, do Pio XII… Também acadêmicos de Medicina, Direito, Filosofia, Odontologia. Lá convivíamos pacificamente, reencontrando-nos nos cafés espalhados pela praça.
Ali também praticávamos atividades políticas contra a ditadura militar, na distribuição de panfletos ou em comícios relâmpagos de Washington Rocha, de Marcos Paiva ou do grande tribuno Mocidade!
Lá, no Café Alvear, no Café Santa Rosa e mais tarde no Café São Braz, sempre se ouvia uma boa notícia. Ou alguns boatos, geralmente oriundos do Palácio da Redenção, sede do Governo, ou da Assembleia Legislativa, que à época situava-se na Cidade Baixa, entre as praças Pedro Américo e Aristides Lobo.
Mesmo quem somente ia assistir a um filme no Cine Plaza ou no Rex, ao chegar ou ao sair passava por um desses cafés, para tomar um ou para saber “as novidades” e seguir caminho.
O Ponto de Cem Réis também tinha outras grandes atrações. Havia duas sorveterias: a Sorveteria Canadá, que segundo Petrônio Souto também servia um bom chope. Quando eu era menino, meu pai, Chico Espínola, nos levava para tomar sorvete de ameixa com creme de baunilha. Uau!
No lado da Rua Visconde de Pelotas havia a padaria de Seu Edson, pai do grande enxadrista Major, de saudosa memória. Vizinho à padaria, a uma farmácia, seguida do Cine Plaza, de uma loja, e do Edifício Ypiranga, onde ficava o ponto do ônibus do Roger e de Tambiá, que era o nosso bairro.
Ainda de acordo com Petrônio Souto, nesse edifício existia o Clube das Enfermeiras, que promovia todos os anos um animado baile de carnaval. Não é do meu tempo.
No térreo daquele prédio tinha o bar Escondidinho, assim chamado porque a porta de acesso ficava por trás do elevador.
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O Ponto de Cem Réis tinha em seu centro dois pavilhões em forma de rins. Num deles ficava a lanchonete e sorveteria do Seu Madruga. Na sorveteria do Seu Madruga serviam um excelente cachorro quente, acompanhado de soda, uma bebida gasosa filtrada na hora de servir. O outro pavilhão abrigava a maioria dos engraxates e dos sapateiros do centro e a banca de revistas do pai de Walter.
Em torno dos pavilhões ficava o Paraíba Hotel, com a Sorveteria Canadá, no térreo, e o Havaí Drinks, no mezanino. Na sua calçada havia uma excelente banca de jornal, de Reginaldo Cobrão. Vendia o Jornal do Brasil e o Jornal dos Sports, este de cor rósea, ambos do Rio de Janeiro.
Essa banca era um ponto de encontro de torcedores de times paraibanos, do Rio e, em menor número, de São Paulo, a quase totalidade formada por santistas. O debate entre os diversos torcedores provocava até brigas, vias de fato, mas Reginaldo intervia e acalmava os brigões.
No Ponto de Cem Réis existiam, também, duas padarias. A Padaria Fluminense, do pai de Dr. Marco Tadeu de Freitas Pereira e de Claudio Lévy, colega do meu irmão Silvino, ficava na calçada da Rua Duque de Caxias. E a Padaria Rosa de Ouro no lado do então prédio-sede do jornal Correio da Paraíba, onde, segundo Humberto Espínola, serviam pastéis de nata e deliciosas empadas com camarão.
Também orbitando o Ponto de Cem Réis, subindo a Rua Duque de Caxias à direita, na direção da sede do Clube Cabo Branco, encontrávamos a Casa dos Frios, do Seu Leodécio. O chope era gelado e o tira-gosto, ovos cozidos coloridos. Foi nela que eu tomei o meu primeiro porre, na excelente companhia dos amigos Fernando Furtado Filho, o Nino, e Idalvo Cavalcanti Toscano.
A Casa dos Frios ficava junto do primeiro endereço do Café Santa Rosa, vizinho à loja O Faqueiro, de Seu Ciro, pai de Ciro, Flávio Libânio, o Xaréu, que jogava xadrez muito bem. E de meu amigo Bosco, de quem tenho muita saudade.
Já subindo a rua Duque de Caxias à esquerda havia um bar chamado Porta Aberta. Acima dele, no primeiro andar, uma república de estudantes denominada Castelo, habitada pela turma da cidade de Misericórdia, hoje Itaporanga.
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Não somente os que aqui habitam como também pessoas que vinham do interior tinham um certo fascínio pelo local.
Chegando à capital para resolver algum problema, por exemplo, na Secretaria das Finanças, para se consultar com Dr. Arnaldo Tavares ou Dr. Osório Abath, ou apenas para tratar de algum problema no Tribunal de Justiça. Qualquer que fosse o motivo, terminavam dando ao menos uma passada por lá.
Essas pessoas chegavam cedinho no ônibus da Viação Gaivota, desciam na Praça Pedro Américo e se dirigiam para o local de destino.
Invariavelmente, após ter resolvido o seu problema, essas pessoas demandavam algum restaurante do centro, onde almoçavam. À tarde, dirigiam-se para um dos cafés do Ponto de Cem Réis, para fazer um lanche, tomar um café e fazer hora até chegar o momento do retorno à cidade de origem.
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Pois bem, esse foi o Ponto de Cem Réis que eu conheci e aprendi a amar. Para mim é muito triste ver a situação em que se encontra hoje, totalmente deformado, transformado numa laje fria e, assim como o seu entorno, semimorto. Tornou-se assim após a mudança das atividades vitais da cidade, do centro para a orla.
Já tive esperanças de revitalização do centro de João Pessoa. Hoje, não vejo mais retorno para o nosso ponto central. É a vida, a evolução…
PURGANDO OS PECADOS NO SERTÃO, por Frutuoso Chaves
Transcorria julho de 1984 quando a leitura de um artigo do amigo Hélio Zenaide me fazia cair o queixo. Então Secretário de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa, Helinho escrevera n’A União, o jornal pertencente ao Governo da Paraíba, sobre a visita de entidades extraterrenas a um grupo de moradores de Sousa, a mais de 470 quilômetros de João Pessoa.
Artigo do próprio punho, na página de opinião do Jornal, a fim de que não restasse dúvida quanto à história e sua autoria. Mesmo assim, liguei em busca da confirmação daquilo que eu acabava de ler.
Disse-lhe que pretendia encaminhar o assunto a’O Globo, do qual fui correspondente por toda a década de 1980. O homem me confirmou tudo, detalhadamente.
O jornal carioca divulgou a coisa na edição do dia 9 do mês aqui já referido. E o titulista me deixava mal com meu amigo. O cara assim grafou no topo da matéria publicada no primeiro caderno: “Richelieu, agora bancário, paga os pecados no Sertão”.
Sem fotos, naturalmente, de tal encontro, o Departamento de Arte d’O Globo completou o estrago. Alguém, ali, fez o desenho de um disco voador pousado na Caatinga e com a rampa baixada para o desembarque de Richelieu em cima de um jumento. Jornalista de longo batente, Hélio não rompeu comigo. Sabia que o título nem a ilustração eram coisas minhas. E sabia, é claro, dos riscos que corria ao dar publicidade ao assunto.
Dizia o texto que encaminhei à Sucursal recifense d’O Globo, onde foi recebido por Roberto Tavares, então encarregado da coleta e do repasse à Sede, no Rio, daquilo que produzia a rede regional de correspondentes:
JOÃO PESSOA – Contatos com naves interestelares e seres extraterrestres, revelações de que o Cardeal Richelieu, a eminência parda da França do Século 17 está vivendo no interior da Paraíba e a construção de um hospital fazem parte de uma espantosa história que envolve um grupo de pessoas, entre as quais figuras de expressão no Governo e meios empresariais do Estado.
A história é contada pelo Secretário de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa, Hélio Zenaide, um dos integrantes do grupo e homem que também já foi Secretário de Educação, Finanças e Comunicação do Governo da Paraíba.
O hospital está sendo construído em Sousa, município do Alto Sertão, para reparar um mal causado à cidade francesa de Montpellier, em 17 de agosto de 1603, quando um exército de encapuzados, sob o comando do Cardeal, invadiu La Maison de Route (A Casa do Caminho), um albergue-hospital, destruindo-o e matando pastores protestantes e todos os enfermos.
Hélio Zenaide garante que foi o assassino de Charles de Montebrun, General dos Hunguenotes (exército protestante), fundador de La Maison de Route. Chamava-se, então, Vicent de Medard e era, ao que diz, “um fanático católico a serviço da Igreja de Roma”.
Richelieu, afirma Zenaide, está encarnado em um bancário que vive em Sousa. O grupo aumenta a cada dia à medida que outros “invasores de La Maison de Route” são identificados por Cleofas, um ser que, segundo o mesmo Zenaide, “habita Antares, uma estrela da Constelação de Escorpião” e que desembarcou, a 17 de agosto do ano passado, junto com Charles de Montbrun e outras vítimas do massacre de 1603 de uma nave espacial no local onde está sendo construído o hospital-albergue.
Visitei essa mesma edificação situada à margem da BR-230, entre Sousa e Aparecida, anos depois, já em pleno funcionamento, desta vez, para matéria destinada ao Jornal do Commercio, do Recife.
Eu e o fotógrafo fomos bem recebidos. Conversei com o pessoal da direção e com alguns internos – gente retirada das ruas e ali abrigada – todos solícitos. Mas, em nenhum momento, apesar da minha insistência, me revelaram a identidade atual do velho Richelieu. Perdi, sem dúvida, um bom papo. Outro fato a lastimar foi a notícia posterior de que “A Casa do Caminho” paraibana, que vivia de doações, passava por dificuldade financeira em razão da falta de apoio governamental.
Coisas ali percebidas ainda hoje me intrigam: o doce cumprimento de uma velhinha, seu olhar pacífico e penetrante a me acompanhar na conversa de varanda e, além disso, a presença intimidadora de um camarada alto e forte que tomei por segurança do lugar. Do meu pequeno grupo de interlocutores foram estes os únicos dos quais não me despedi porquanto não mais os via por perto. Êpa!
TRÊS FACES DE UMA MESMA MOEDA, por José Mário Espínola
1 – CARA
Como que provando que o homem ainda é capaz de admirar o belo, passados alguns meses e ainda nos lembramos da beleza da decoração de João Pessoa no último Natal. Nesse ano, 2023, a Prefeitura realizou a talvez mais bonita decoração natalina de rua. Após dois anos muito fracos, eis que fomos surpreendidos por ruas, praças, a Lagoa e a praia engalanadas com luzes brilhantes e coloridas, formando figuras lindas.
A Lagoa Parque Solon de Lucena e a Praça da Independência estavam exuberantes, com luzes de cores variadas, com vários formatos. A fonte luminosa central da Lagoa nunca havia “trabalhado” tanto e tão bem! Na Avenida Epitácio Pessoa, os troncos e os galhos das árvores foram envolvidos por luzinhas brancas que lhe deram formatos diversos. A avenida parece ter sido invadida por gigantes luminosos nas mais variadas atitudes.
Mas as figuras mais notáveis tinham formas humanas. Lembravam figuras ciclópicas soltas pela avenida.
Pareciam pessoas em atitudes diferentes: dançando soltas; namorados abraçados num enlevo sensual; segurando uma criança ou erguendo uma bola. Quanta beleza! Inesquecível! Extasiante! Esperamos que a prefeitura volte a nos presentear da mesma forma, no próximo Natal.
2 – COROA
Infelizmente, aprendemos também que não se pode apenas elogiar. Há mais de ano, o trânsito ao longo da Avenida Ruy Carneiro, já muito lento e atribulado nos horários de pico, vem sendo agravado por uma obra interminável no canteiro central da via. Que já era estreito, com ciclo-faixa nos seus dois lados, mas recoberto por bonitas pedras portuguesas pretas e brancas.
Sem nada que justifique, até o momento, eis que as pedrinhas vêm sendo arrancadas e substituídas por… Cimento! Enfeando ainda mais o que era apenas bonitinho. O canteiro está sendo reduzido em mais ou menos 20 centímetros de cada lado, para se transformar em um quase meio-fio. Enquanto isso, nas redes sociais dizem que a “obra” é para alargar a “ciclovia” (?), que vai do antigo Largo da Gameleira ao nada, pois é descontinuada, interrompida, quando a Ruy Carneiro encontra a Epitácio Pessoa.
Pergunto: essa ‘obra’ vai beneficiar mesmo quem? O trânsito da cidade, naquela área, seguramente não é, pois só piora o que já era ruim. Com um agravante: se por um lado as ciclovias (quando de verdade) são necessárias para quem utiliza bicicleta na prática de exercícios ou para se deslocar e trabalhar, por outro são fartamente utilizadas por motoqueiros irresponsáveis.
Como se fosse pouco, a Prefeitura de João Pessoa piora ainda mais a situação ao derrubar árvores da mesma avenida Ruy Carneiro, sob o pretexto de que serão plantadas 60 outras, nativas. Lembrando: na avenida Fernando Luiz Henrique, no Jardim Oceania, foram também derrubadas outras tantas árvores, sem nenhuma explicação. Por que de repente a PMJP decidiu adotar esse comportamento floricida?
3 – COROA B
Livres de punibilidade, eles infernizam a nossa cidade. Além de circularem soltos pelas ciclovias, fazem manobras proibidas à esquerda, à direita, correm na contramão, sobem nas calçadas e por elas circulam livremente. Surgem súbita e rapidamente à direita dos carros, depois se enfiam por entre os veículos de forma perigosa. Meses atrás, quase fui atropelado na calçada do prédio do meu consultório por uma moto pilotada por um desses motoqueiros irresponsáveis, que circulam pelo trânsito como maus elementos, andam em manadas e quando provocam um acidente caem ameaçadoramente em cima do motorista do carro envolvido.
Por que eles agem assim? A resposta, muito simples, é essa mesmo que você está pensando: IMPUNIDADE! Eles sabem que nada lhes acontecerá, pois não existem oficiais de trânsito pelas ruas e esquinas da cidade que possam controlar o tráfego e MULTAR esses baderneiros do asfalto. Infelizmente, no nosso Brasil o mau cidadão só aprende pelo peso do prejuízo da multa no seu bolso. É o que está faltando à Prefeitura fazer. E ela já está muitíssimo atrasada para isso!
Os agentes da Semob em nossa cidade são como o Lombardi, do programa de Sílvio Santos: nós nunca os vemos. E só temos conhecimento de sua “presença” nas artérias da cidade quando recebemos uma multa por estacionamento feito inadvertidamente em local proibido.
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Se por um lado as motocicletas popularizaram o transporte individual do brasileiro, sendo muito úteis para quem precisa trabalhar ou deslocar-se rápido, por outro geram prejuízos para a nação. Explico. As emergências de todo o Brasil estão repletas de acidentados e motocicletas. Isso eleva bastante o custo do atendimento de emergência em todo o país, com reflexos bastante negativos para o Ministério de Saúde, que tem que desviar recursos valiosos para pagar o atendimento de emergência. Assim como gera prejuízo para o INSS, que tem filas longas para conceder licença a esses acidentados.
Fico pensando como seria financiar toda a emergência do Brasil, acrescentando um imposto exclusivo para a aquisição de motocicletas, a ser pago na hora da compra? Seria algo como 2% pagos pelo fabricante; 2% pagos pelo vendedor; 2% pagos pelo comprador, num total de 6%, que seriam destinados exclusivamente para os serviços de urgência e emergência de todo o país. Acho que isso teria um bom reflexo, muito importante nas despesas do Ministério da Saúde e do INSS, financiando o atendimento de emergência. E, por que não, um bom reflexo sobre o trânsito de todo o país, quem sabe? A conferir.
- José Mário Espínola, Médico e Cidadão
AS ELITES NÃO PERDOAM, por Jesus Fonseca
Há momentos que me fazem voltar ao passado e relembrar coisas boas da infância. É o que acontece agora quando ouço loas, parlapatices para tudo que é lado. Lembro-me bem de uma historiazinha que gostava de ler naqueles livros que minha mãe costumava nos dar, a mim e a meus irmãos, para que não viéssemos a andar “soltos na rua” como ela costumava dizer. Um deles contava-me a estória de uma galinha que de posse de três espigas de milho resolvera fazer um bolo. Para tanto, seria necessário que o milho fosse debulhado, moído, peneirado e, posteriormente, misturado aos ingredientes necessários ao petisco desejado.
Assim, ela conclamou a patos, perus, porcos, marrecos, guinés, galos e demais galináceos presentes no terreiro, solicitando-lhes ajuda na feitura do bolo: quem quer debulhar o milho? Eu não quero, respondeu um! Eu, também, não, respondeu um outro! Nem eu, disse-lhe um terceiro! Ninguém se apresentou para a tarefa. A galinha debulhou o milho e de posse dos grãos fez outra solicitação; quem quer moer o milho? Idêntica negativa foi o que se ouviu. E assim a galinha fez todas as tarefas até deixar o bolo pronto. Então perguntou; quem quer comer do bolo? Eu, eu, eu, também, eu, e todos se acharam no direito de devorar a guloseima.
Início do ano da graça de 2003! O Brasil vai mal! Está quebrado, desacreditado perante a opinião internacional. Inflação beirando a casa dos 12%, taxa Selic atingindo os patamares de 25% ao ano, risco Brasil na casa de 2250, último no Mundo. O FMI ordenando como deverá ser a política financeira do País, com arrochos fiscais. Alguns jornalistas independentes e desassombrados escrevem que há espinhos na trilha do novo Presidente, principalmente, na área econômica.
O Dólar, moeda universal, está disparado, rumo às alturas, resultado de mais umas das facetas dos oito anos do governo FHC, ameaçando a estabilidade dos preços. É uma economia tão frágil que as crises se sucedem, bastando para isto haver algum “choque” em qualquer parte do mundo ou, mesmo, internamente, como especulação financeira, racionamento de energia, anúncios desastrosos de autoridades, não se sabe se proposital ou por incompetência etc., etc.
O defunto morreu! Alguém, por certo, irá se escandalizar com tal oração! É porque, muito antes, ele já era defunto para as classes oprimidas pela pobreza, pela miséria, mas bastante vivo para banqueiros, como os Cacciolas da vida. A dívida social deixada como herança faz o País bater o recorde de desemprego, com mais de 8 milhões de desempregados e dentro do contexto, a pior concentração de renda do Planeta Terra, deixando o “Gigante pela própria Natureza” ao lado dos países mais pobres da África, tipo Serra Leoa, Suazilândia.
E a Previdência Social? Vai muito mal, obrigado! Tem um rombo de mais de R$ 17,5 bilhões, com perspectiva de aumento, fruto da crescente informalidade. E os investidores, onde andam? Já fugiram da Suazilândia sul-americana, intitulada Brasil, é evidente! Sem investimento, a situação torna-se dramática para setores de suma importância ao crescimento da Nação, como é o caso do de Energia, cujas pendências regulatórias acanham o seu desenvolvimento e, consequentemente, o do País.
Como toda herança só é considerada grande quando há somas ou números maiores, Lula está herdando quantias extrapolantes de endividamento. O do Setor Público, sempre em escala crescente, alcança a bagatela de mais de 790 bilhões de Reais, o que equivale a mais de 59% do PIB, em torno 1,346 trilhões de Reais. Assim a “debacle” da Classe Média é evidente, que tem como lazer cortar despesas e criar novo estilo de vida. Da Classe Pobre, sequer se pode falar, pois o que consegue arranjar com “bicos”, mal dá para comer, já que a cesta básica nem com um salário se compra. Finalmente, lá mais para baixo, a classe surgida nos oito anos do governo FHC, a dos Miseráveis que, para sobreviver, parte para a violência já em ascensão pelo País, afora.
E os Títulos Públicos? Ora bolas, os números do Senhor Fernando não podem estar com cifras de milhões! A herança que deixará tem que ser fenomenal, senão não será herança! Então, para Lula, o primeiro trimestre de 2003 irá ser seu primeiro teste! Vence-se R$ 106 bilhões de Títulos Públicos. Alguém de mente mórbida deve ter pensado: “você ganhou o pleito, mas não vai poder governar!” – ou seja, se pagar os Títulos não poderá reduzir os juros em menos de um ano, aliás, terá que subir estes juros, o que por certo fará a desilusão do povo que o elegeu. Nunca vi um jargão popular tão bem aplicado na prática – “se correr o bicho pega se ficar o bicho come!”. Oba! Esqueci-me dos juros! A Taxa Selic é de 25% aa!
Quero frisar que estou usando o Presente do Indicativo, quando estou a escrever esta matéria, por me portar ao início da gestão Lula, no início de 2003. Pois bem, a situação econômica é tão caótica neste início de 2003, que setores da Mídia, vejam bem, setores da Mídia, tais como Bandeirantes, Revista Forbes, Jornal do Brasil tomam a iniciativa de juntar especialistas em diversas áreas para fazerem uma relação dos principais problemas que Lula irá enfrentar, inclusive, formular uma Agenda de Transformação do Brasil que, entre outras coisas, faça um plano para elevar o PIB do Brasil para patamares em torno de 1,6 trilhão de dólares, em 25 anos.
Antes de irmos ao Ano da Graça de 2007, segundo governo de Lula, lembro-me, agora, que no final do governo FHC, o “bendito” FMI, de saudosa memória para o PSDB & Cia., havia estabelecido uma meta do Superávit Primário de 3,75%, quando a “Nação Econômica” do País achava que deveria ser de, no mínimo, 5%. Mas contrariar o FMI, por quê? O aperto no Crédito tem que acontecer, senão o Setor Produtivo poderá crescer e aí, então, se fará presente a espiral de crescimento, com surgimento de empregos, mais renda, mais consumidores, mais renda, mais salários, mais empregos, etc. e ainda, nosso “amigo” Dólar caindo a patamares mais modestos.
Quatro anos se passaram! O Operário, o Barbudo, o Metalúrgico, o Analfabeto, o “Sem Dedo”, qualquer que seja o epíteto preconceituoso ou maldoso, mostrou como se deve governar um País! Os verdadeiros Cidadãos ganharam o direito de assim serem chamados. O Brasileiro que, até anos atrás, escondia-se de sua Cidadania, em outras plagas, no início do segundo mandato de Lula, já bradava sem susto, sem complexo, ter o orgulho de ser brasileiro!
Dou-me a liberdade de usar o Pleonasmo para reforço do que escrevo.
Tentaram, também, naqueles idos, fazer uma INTENTONA contra o Governo estabelecido. Não foi possível, porque o Povo inteligente não atendeu ecos desesperados, ainda mais pelas “vozes” dos NÚMEROS que teimavam, diuturnamente, em mostrar o vigoroso progresso do País. Apelaram, e ainda apelam, para sordidez, para mesquinhez, através da MÍDIA que, se aproveitando de algum sinistro ocorrido, como foi o caso da TAM, na época, queriam dar entender ao povo que o País estava um caos. Semana após semana, mês após mês, surgia na tela da TV, por trás do jornalista, o informe sobre os vôos com letras grandes – ATRASADO, ATRASADO, CANCELADO, ATRASADO, CANCELADO, numa espécie de lavagem cerebral, mas o cidadão entendeu, não como eles queriam, e, mais uma vez, lá se foi outra vil estratégia.
Aqui é onde cabe a analogia com a estória da Galinha e das Espigas, narrada no começo desta matéria. Na época, não podendo fugir das evidências de franco progresso do Brasil que se colocava no topo das Nações em desenvolvimento, inventavam o conto da carochinha, falando em alto e bom som que o crescimento do País não era mérito do Presidente que ali estava, pois começara com outros Presidentes.
Veja que mesquinhez! Sempre que se via publicada uma estatística de desenvolvimento, ela vinha sempre com os dados de 1999 a 2007, jamais de 2003 a 2007. Ora bolas, nos oito malfadados anos do Governo do PSDB foram criados 900 mil empregos, no Governo Lula, em cinco anos, 13 milhões. Se colocarmos estes números de crescimento de emprego, desde 1999 até 2007, obteremos uma média de 1, 450 milhão a cada ano, beneficiando uma média de um governo, que não passou de 110 mil empregos anuais. Por outro lado se a estatística for feita com base em 2003 e 2007, teremos uma média de 2,600 milhões empregos/ano.
Isto é apenas um dos exemplos que acontecia em vários setores. Tratava-se de mais uma estratégia para confundir a opinião pública. A Elite não perdoa e cobrava de seus seguidores a derrocada do Homem do Povo no Poder. Os principais partidos da época, PSDB, DEM e Cia. já não sabiam mais o que fazer, então apelavam para umas das estratégias acima.
Segundo alguns parlamentares, o Governo Lula adotava a mesma política econômica do Governo anterior! VERDADE? E que fosse! Então por que em oito anos o governo do PSDB, tendo no leme o Sr. FHC, foi um verdadeiro fiasco? Logo, se a política era a mesma, houve falta de inteligência ou má intenção. Certa vez ouvi uma justificativa. A Política Econômica do Governo passado demorou um pouco para aparecer porque o Governo FHC não teve a sorte do Governo LULA, de encontrar um cenário internacional tão favorável, em quatro anos de gestão!
Segundo eles, o Governo que passara enfrentou tempestades, as mais drásticas, como a crise na Rússia, a do México, dos Tigres Asiáticos etc. Quiçá tivessem razão! Naqueles tempos era suficiente Boris Yeltsin, Presidente da Rússia, tomar uma carraspana, aliás, ‘carraspodka’, e amanhecer de ressaca para derrubar a economia do Brasil. Se no México, o presidente Ernesto Zedillo colocasse um “sombrero” e cantasse “malagueña” sem afinação, a economia brasileira sofria uma crise, e por aí vai.
Entretanto, mesmo não sendo um “expert” em economia, ouso dizer sem susto que todas aquelas crises externas jamais atingiriam o Brasil se o Senhor Fernando Henrique não tivesse atrelado à Selic 49% de nossa dívida interna e os outros 51% ao Dólar, dolarizando a economia brasileira, deixando-a altamente vulnerável.
Isto foi considerado, na época, pelos doutos economistas, dois gatilhos de autodestruição, pois protagonizou fuga de capitais e, consequentemente, geração de uma ciranda de dependência de empréstimos junto ao FMI e diversos outros credores, fazendo a moeda americana entrar em franco crescimento e o risco País ir lá para as nuvens, apesar das reservas internacionais, pois tais reservas eram ilusórias, eram fictícias, eram de mentirinha, eram fruto de empréstimos, não tinham robustez.
Ademais, se Luis Inácio tinha sorte, o povo fez bem em escolhê-lo como Presidente, pois o País não necessita de gente azarada no seu leme. Entretanto esquecia-se, a Oposição (PDDB, DEM e Cia), que a Economia, tanto alardeada por todos, como a maior do Mundo, a Economia Estadunidense, na época, tremia em sua base, dando mostras de início de uma recessão e, apesar de todos estes solavancos, o Brasil tirou de “letra”, não houve nenhum abalo considerável que pudesse derrubar o avanço brasileiro no Setor, tanto que os investidores mundiais resolveram apostar no País, elevando-o como um dos Países mais sólidos do Planeta, em sua Economia, onde pudesse fazer seus investimentos.
O barril de petróleo ganhava as alturas, nos preços, quase que diariamente, mas, aquilo não abalava o País, o preço dos combustíveis estava estagnado, praticamente, em nosso Território, há anos, diferentemente do que ocorria na gestão do Senhor FHC.
Eram aqueles e outros números positivos que deixavam os agentes das elites desesperados. Não tendo meios para investir contra a robustez daquele Governo, procuravam situações mesquinhas no intuito de desqualificar o destemido governante. Em desespero total, a Mídia chamou os irmãos “tutti frutti”, os Caruso, Chico abacaxi e Paulo Goiabinha para fazerem “charges” pífias e bufas para achincalhar a imagem do Presidente. Não deu certo, o Povo mais uma vez deu prova de inteligência e de maturidade!
Assim, sabedores de mentes preconceituosas, convocavam-nas para através de seus blogs estamparem em suas telas as imagens, não só do Governante Máximo da Nação, mas também de seus dirigentes, de seus ministros, principalmente daqueles que mais se destacavam no cenário nacional, fazendo galhofa, críticas infundadas, distorções de fatos, tudo em nome de uma “imprensa livre e saudável”.
Todavia, continuo batendo na mesma tecla, o Povo é Inteligente. Ele já estava podendo fazer comparações do que via e sentia em relação a governos passados. Assim, os preconceituosos, os desesperados elitistas, sofriam as agruras daquele refrão usado pelos “emboladores” com seus ganzás enfeitados de pequenos espelhos, nas feiras do Interior deste lindo país: “Chora, Pirrita, pra teus “oi” correr loção, teu desespero vai enfartar teu coração”.
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Escrevi este artigo porque vejo nos dias atuais a mesma cantilena que os setores elitistas, aproveitando-se de uma horda de fanáticos bolsonaristas, ignaros sob todos os aspectos, principalmente na política, destilam com uma ânsia sórdida de PODER.
Paulatinamente, usando de todo tipo de subterfúgio, queimando por baixo como fogo de monturo, o mundo elitista vai tentando salvar da derrocada final um indivíduo inescrupuloso, sórdido, ao tempo em que prepara a ascensão de outros indivíduos da espécie, tais como Nicolas Ferreira, Ratinho Júnior et caterva.
Cuidado! O jargão popular continua em evidência: ‘Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!’.
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- Título original do artigo: ‘A galinha, o bolo e a classe elitista’