Neste final de maio, quando vicejam as cores da primavera de todas as flores com distinção para o fino aroma e as cores brancas do “muguet” conhecido também como “Lis de Vallée” é um precioso e lindo ícone que vem da milenar tradição céltica.
O suave e intenso perfume que exala a todos desse conjunto espargem sentimentos de felicidade e “bonne chance”. É um amuleto simbólico que se espraia por toda a França, anunciando que o inverno cedeu lugar aos ensolarados e alegres cálidos dias em que as pessoas e a natureza desabrocham e florescem.
Como um lindo e esplendoroso ramo de “muguet”, Arlette Martin Espínola retorna à sua amada Normandia. A sua bela Normandia que seduziu Monet, Flaubert, Prévert e Guy de Maupassant, dentre os mitos e dos muitos que a amaram perdidamente.
Arlette sofridamente parte deixando Humberto, o seu grande companheiro, e Benoît Henri, o seu amado filho (meu afilhado) a sua paixão fruto de uma formidável gênese franco-brasileira. Parte, certamente feliz “à la recherche du sol sacré de la France” para a sua “destinée finale”.
Retorna, nestes 27 de Maio, à sua terra natal Normande, ao Village de Dozulé em Calvados, como uma filha pródiga da felicidade e do afeto levando em suas mãos ramos de “muguet” augurando que a sua eternidade será uma eterna primavera.
Antevejo Arlette entrando no céu, alegre, tímida, generosa, silente, toda de branco, como se estivesse envolvida na própria alma. E, na Conciergerie do Paraíso, ouve alguém dizer: “Entre, Arlette, você não precisa dizer ‘Ni P ardon, ni s´il vous plaît’, seu lugar está reservado”.
Obriga-nos a leveza e a grandeza de Arlette a vê-la caminhar tranquila, como era, sobre uma senda emoldurada por flores e ramos de “muguet” perfumados.
Arlette era como um botão primaveril que desabrochava para todos os que a cultivaram: um olhar solidário e generoso, um sorriso largo encilhado no seu afeto, gestos calmos e delicados e a surpreendente grandeza de uma alma em paz com a vida.
Tinha um distinguida sensibilidade artística à flor da pele. Era mímica por vocação, artista plástica habilidosa em suas aquarelas e em seus arranjos florais de ikebana. Amava a música. E Brassens sempre morou no lado direito do seu peito.
Não lembro em nenhum momento de lhe ter visto abatida e entristecida. Falava com discrição e sem hesitações, pronunciava com comedimento as suas opiniões a “a bout portant” os seus precisos dizeres.
Deixou a Comuna de Montmartre, em Paris, pelas mãos venturosas de Humberto. Abraçou e amou o Brasil e não mais olhou para trás nem abandonou a sua paixão pela França. Nunca hesitou em se sentir uma enraizada brasileira com seu marido e filho.
Dói a todos que viveram o tempo de Arlette entre nós a sua partida prematura. Muita tristeza que deve nos inspirar momentos da paz que certamente desejaria aos seus. Ela lutou bravamente, no extremo da sua coragem. Sabia que tinha que partir, certamente. Palmilhou os seus últimos passos iluminando os seus e certamente, de onde estiver, acena-lhes desejando muita felicidade.
Não esqueçam nunca na existência de vocês, companheiro e filho, que a vossa felicidade tem um nome: Arlette. Permitam-me, lado a lado, ombro a ombro, ecoar com muito afeto: A bientôt, minha querida Comadre Arlette.
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2 Respostas para A BIENTÔT, ARLETTE por Francisco Barreto
Arlette est a regnee de la Normandie. Certamente anda pelos belíssimos jardins agora no começo da primavera escolhendo flores para pintar e para suas ikebanas. Va a adornar o céu esperando por nós.
O mais lindo neste momento é a esperanza de poder encontrar novamente você querida amiga.
Até Deus aquele no qual você no acreditava te recebe com toda limpa no seu Paraíso.
Belíssima homenagem neste momento tão triste