Em meio a tantas aflições e fatos deprimentemente pandêmicos da vida brasileira, publicar dois livros em menos de um mês é um feito e tanto. Mais ainda se trazem tanto sentimento e riqueza histórica como ‘Os olhos no Exílio – Fragmentos & Antimemórias’ e ‘Engenho Laranjeiras – O doce afeto da natureza’. Francisco Barreto é o autor. Das obras e da proeza.
Lançado em junho último, com ‘Olhos no Exílio” o leitor pode compartilhar sofrimentos, alegrias e conquistas de Barreto na França, para onde ele fugiu em 1969 após ser cassado pela ditadura militar, dois anos depois de ingressar no Curso de Direito da UFPB. Retornaria em 1974, trazendo na mala “bastante saudade”, como diz o poeta Nando Cordel, além de um extraordinário acúmulo de conhecimentos adquiridos em diversos cursos realizados nas universidades de Paris.
Conhecimentos em economia, ciências políticas e sociais, administração e finanças públicas, entre outros temas de estudo que fazem parte da formação acadêmica e profissional desenvolvida por Barreto no exterior. Formação que lhe valeu ser classificado, ainda muito jovem, para trabalhar na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), também órgão da ONU.
Tais referências não significam, contudo, que o livro prioriza uma trajetória de títulos e passagens por instituições como a Sorbonne. Quem garante é o prefaciador Cristovam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), ex-governador e ex-senador do Distrito Federal. Segundo ele, as ‘antimemórias’ de Barreto contêm “as razões básicas para emocionar qualquer leitor: o lirismo poético da linguagem que flui, a aventura em um momento histórico estimulante e perigoso de se viver, as inquietações morais, políticas, intelectuais e religiosas que seu autor expõe e provoca”.
Engenho Laranjeiras
Instalado desde o século XIX na esquina de Borborema com Serraria, municípios do Brejo Paraibano, há 30 anos sob posse e propriedade de Francisco Barreto, o Engenho Laranjeiras consolidou-se como exemplo de conservação histórica, cultural e ambiental para toda aquela região e o resto da Paraíba.
São 120 hectares de cobertura nativa, “rigorosamente interditados para qualquer tipo de poluição, degradação de solos, nascentes, depósito de lixos públicos e privados”, ressalta o dono, que separou área (20 hectares) para um empreendimento denominado ‘Privé Flor das Laranjeiras’, subordinado igualmente a “uma ocupação e uso do solo que respeita e preserva seus ecossistemas remanescentes”.
Título e razão de ser do mais novo livro de Barreto, o Engenho Laranjeiras também comporta em seus domínios uma das mais requisitadas pousadas rurais do Estado, onde os hóspedes podem sentir os bons fluídos que energizam positivamente o cenário dos “muitos ciclos de paz, tranquilidade, alegria e bem estar” vividos pelo autor, guia e anfitrião do lugar.
“No Engenho Laranjeiras, aprendi a escutar o silêncio, a sentir o halo das plantas e o aroma das flores, e ainda o cheiro da terra, com os pés descalços, retornando à minha vida infante”, descreve Barreto, arrematando que foi lá, no seu canto de contemplação e reflexão, onde viveu alguns dos melhores momentos da sua vida.
‘Os olhos no Exílio – Fragmentos & Antimemórias’ e ‘Engenho Laranjeiras – O doce afeto da natureza’ são publicações da editora Ideia, de João Pessoa. Francisco Barreto, o autor, é Professor de Economia Política do Curso de Direito da UFPB, campus de João Pessoa.
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2 Respostas para DE PARIS A SERRARIA
Excelente texto e cronica. Onde é que eu posso encontrar os dois livros, Barreto?
Estou curioso para ver os momentos de exílio, da convivência entre você, Humberto Espínola, Rubens Pinto Lira e Fernando Falcão.
Pelo menos os episódios publicáveis.
Devem ser divertidíssimos!
O Professor Barreto, é um dos poucos intelectuais paraibanos que privilegiou-se recolher-se em um dos mais belos recantos do terral mãe, justamente, para que ali pudesse decantar seu brilhante pensamento, possuidor dos vernizes culturais das mais puras escolas dos saberes humanos, hoje brindando seus amigos, alunos e admiradores, com esses dois livros que contam um pouco da sua luminosa história. Parabéns mestre!