Não que precisasse de qualquer confirmação. A intensa movimentação pelo Estado e as inúmeras entrevistas concedidas desde que Ricardo Coutinho anunciou que terminará o mandato de governador e não será candidato a nada em 2018 já eram sinais suficientemente claros de que João Azevedo será mesmo o candidato do PSB ao governo no próximo ano.
Ao antecipar o anúncio da candidatura de João Azevedo no último domingo em Guarabira, durante o segundo dos muitos encontros que o PSB pretende realizar por todo o Estado até o fim do ano, Ricardo Coutinho coloca em andamento sua estratégia, cujo primeiro passo é começar a empinar a candidatura do assim chamado “super-secretário”, ainda um desconhecido da maior parte do eleitorado paraibano.
Acredito que se João Azevedo alcançar os 10% até dezembro a estratégia ricardista terá logrado êxito. Não precisa mais do que isso. Ao projetar alguém relativamente desconhecido – e sem rejeição – outro fator entrará em movimento, esse com peso mais psicológico do que eleitoral: a percepção da força política que tem uma dupla sustentação, e que é fundamental para qualquer candidato de situação: o prestígio pessoal do governador e o peso da máquina estadual.
Esse fator tem um impacto também duplo: nos atores indecisos (deputados, prefeitos etc.), que deixam para a última hora a definição a respeito de quem apoiar, e nos adversários. No caso desses últimos, notem que há um certo alvoroço entre aqueles apontados hoje como possíveis candidatos da oposição, Romero Rodrigues e Luciano Cartaxo.
A disputa por espaços entre os dois é cada vez mais acirrada, e como há muito tempo ainda para uma definição, a tendência é que ela persista e até mesmo se radicalize. Enquanto isso, José Maranhão anima-se à disputa. Sob a legítima consideração de que se Cartaxo e Romero, em tese nomes do segundo time da política paraibana, podem reivindicar candidatura, por que ele não? Afinal, senador pela segunda vez e três vezes governador, Maranhão é bem mais conhecido que seus potenciais adversários.
A razão tem a ver com uma generalizada percepção, nos meios políticos e na imprensa, de que há um vazio eleitoral nas hostes governistas e que esse vazio o PSB não conseguirá preencher com a candidatura de João Azevedo. Alguns acreditam mesmo que Azevedo sequer chegará à eleição como candidato, como aconteceu em 2016 na eleição para prefeito de João Pessoa (essa questão analisarei em breve por aqui).
Trata-se de um equívoco. O campo que o governador Ricardo Coutinho lidera hoje tende a polarizar a disputa com quem quer que venha a ser o candidato do campo “oposicionista”, em torno do qual se reúnem lideranças tradicionais da política paraibana, como Cássio Cunha Lima, e outras mais jovens, como o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. Juntos e misturados, os dois serão apresentados como uma coisa só em 2018, como, aliás, já está acontecendo.
Como é difícil supor que a polarização que dividiu o Estado em todas as eleições desde 1982, com exceção da de 1998, não vá se repetir no próximo ano, o candidato do PSB tende a ir aos pouco ocupando o espaço que pertence a esse campo, hoje vazio pela inexistência de um candidato declarado. Acredito que mesmo antes da campanha começar, João Azevedo começará a figurar entre os dois candidatos favoritos na disputa.
Se for isso mesmo, tanto Romero Rodrigues como Luciano Cartaxo terão um grande dilema a resolver quando chegar a hora de decidirem se entregam, a políticos que não são de suas estritas confianças, os cargos que ocupam nas duas mais importantes cidades do Estado, deixando de lado quase três anos de administração que ainda restarão pela frente, para se arriscarem em uma disputa de resultado imprevisível e, portanto, com uma boa chance de derrota. E na oposição a um governo bem avaliado, situação que, por exemplo, Luciano Cartaxo não enfrentou nem em 2012 nem em 2016.
Agora me vem à lembrança a eleição presidencial de 2010. José Serra, então governador de São Paulo, e Aécio Neves, então governador de Minas, os dois mais importantes estados brasileiros, ambos acreditando que Lula não conseguiria eleger a então desconhecida Dilma Rousseff, se acotovelaram numa disputa dentro do PSDB pela candidatura presidencial. Disputa em que até dossiês foram produzidos de ambos os lados.
Aécio foi mais rápido em perceber a força eleitoral de Lula e desistiu primeiro da candidatura, deixando para Serra a inglória obrigação de renunciar ao mandato de governador de São Paulo e enfrentar a candidata de Lula, cujo governo se encerraria com mais de 80% de aprovação.
- Flávio Lúcio Vieira é analista política convidado do Blog
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2 Respostas para RC COLOCA JOÃO AZEVEDO EM CAMPO, por Flávio Lúcio Vieira
e isso governador vamos adiante com esse guerreiro, tem muito serviço pela frente esse estado merece o gestor compativel com o seu trabalho,sua força e coragem, avante JOAO AZEVEDO
Já vi este filme, Flavio Lúcio! Esta candidatura não se sustenta. Aposto também que RC não vai até o fim do seu mandato, ao contrário do que vem blefando por aí nos generosos espaços da mídia a serviço do governo de plantão. Vamos para frente…