Aposentadorias crescem 20,6% na PB

Reforma da previdência proposta no ano passado gerou memes na Internet (Ilustração: Redes sociais)

O INSS na Paraíba diz que não foi feito estudo para confirmar os motivos do crescimento, mas a economista Zélia Almeida não tem dúvida: o medo da reforma previdenciária tem apressado as aposentadorias.

O número de paraibanos que se aposentaram no ano passado aumentou 20%, em relação a 2015, passando de 18.356 para 22.150. E se o ritmo das aposentadorias continuar como no primeiro semestre deste ano, 2017 fechará com novo aumento. Muita gente está só esperando cumprir os requisitos mínimos para dar entrada no benefício e escapar das mudanças que vêm por aí.

“As pessoas estão muito ansiosas, porque elas não sabem o que está por vir. Têm medo de adiar esse momento e serem prejudicadas. Essa pressa para se aposentar é uma reação ao mistério que existe dentro da Previdência Social. Há pouca informação. Não se tem notícia, por exemplo, sobre o que gerou esse déficit na Previdência. Nós precisávamos de mais elementos para analisar a situação, e não temos. O próprio relator do projeto não tem dados. Só repete o que presidente fala”, afirma Zélia.

Para a economista, mesmo o governo garantindo, que os direitos adquiridos serão mantidos, as regras podem mudar, como já mudaram algumas vezes, nos últimos governos. Ela destaca, por exemplo, a cobrança de 11% a servidores já aposentados, que ocorreu no Governo Lula.

“As pessoas não acreditam mais nos governos. Antes, os trabalhadores atingiam o tempo de serviço e adiavam a aposentadoria. Hoje, contam cada dia que falta para se aposentar para fugir da pressão e da ameaça de terem seus direitos subtraídos”, ressaltou.

INSS não confirma motivos
Através da assessoria, o INSS na Paraíba respondeu que é possível que a pressa para se aposentar seja em virtude da reforma, mas não um levantamento oficial sobre isso e, portanto, não há como confirmar se há outros motivos envolvidos. O INSS afirmou também que não foi verificado um crescimento dos benefícios na mesma proporção (20%) em anos anteriores a 2016.

O tal déficit da Previdência
No site da Previdência Social, o governo informa que, ao propor uma reforma, quer evitar que seja colocado em risco o recebimento de aposentadorias, pensões e demais benefícios por esta e as próximas gerações. “A cada mês são pagos, rigorosamente em dia, quase R$ 34 bilhões correspondentes a cerca de 29 milhões de benefícios, somente no Regime Geral de Previdência Social (RGPS)/INSS. As despesas do INSS estão em torno de 8% do PIB e, se nada for feito, as projeções para 2060 apontam que o percentual deve chegar a 18%, índice que inviabilizaria a Previdência. No ano passado, o déficit do RGPS (coberto com recursos da Seguridade Social – da qual a Previdência faz parte) chegou perto de R$ 150 bilhões”.

A proposta
Segundo o projeto da reforma, as novas regras da Proposta de Emenda Constitucional nº 287/2016 valerão integralmente para quem tem menos de 45 anos de idade (mulheres) e 50 anos (homens), que será idade mínima de 65 anos com mínimo de 25 anos de contribuição. Os aposentados não seriam atingidos e haverá regras transição para quem tem 45 anos ou mais (mulheres) e 50 anos ou mais (homens).

  • Andréa Batista, jornalista
É BOM ESCLARECER
O Blog do Rubão publica anúncios Google, mas não controla esses anúncios nem esses anúncios controlam o Blog do Rubão.