A chamada violência obstétrica seria quase uma rotina, mas não uma exclusividade das maternidades públicas da Paraíba. Violência que em muitos casos coloca no mundo crianças com sequelas para o resto da vida. Esse é o resumo de pelo menos uma centena de comentários, depoimentos e mensagens que o blog recebeu nos últimos dois dias sobre denúncia de estudante de Fisioterapia que esta semana expôs desumanidade médica em parto no Hospital Universitário de João Pessoa.
“Não é novidade para profissionais que assim como eu trabalham na área obstétrica de hospitais públicos. Somos testemunhas de vários partos horríveis. Esse que foi relatado chega nem perto dos que já presenciamos, não só no HULW (Hospital Universitário Lauro Wanderley, do Campus I da UFPB), mas em todas as maternidades públicas”, escreveu ‘Ana’, no espaço do blog reservada a comentários.
“Sem citar as crianças sequeladas, por partos mal conduzidos por obstetras estúpidos. Lembro de um que todos os profissionais da UTI já sabiam quem era o obstetra, porque era conhecido pelos partos imundos que conduzia e o resultado era sempre crianças sequeladas, sequelas provocadas,entre outras, por anoxias (falta de oxigênio para a criança) e aspiração meconial (aspiração do líquido amniótico com mecônio, que vem das primeiras fezes eliminadas pelo bebê)”, acrescentou.
O depoimento da presumível enfermeira de obstetrícia sintetiza relatos de outros profissionais de saúde que, como ela, em diversas ocasiões sentiram-se desrespeitados por obstetras. Ressaltando que está julgando nem se referindo à medica do HU denunciada pelo estudante, Ana garante que tanto enfermeiros como fisioterapeutas são frequentemente “ridicularizados por médicos sem escrúpulos (…), que fazem questão de menosprezar esses profissionais e com isso tratam as parturiente com requintes de crueldade”.
Outros depoimentos
Lembro quando fui ter meu primeiro filho no HU. A médica que me atendeu, super ignorante, ainda por cima mandava as estudantes fazerem o toque. Desde os 8 meses sabia que ele estava sentado, descartando a possibilidade de eu ter normal e me conformei. Passei dois dias lá, sofrendo, porque diziam que eu tinha me internado cedo e não estava em trabalho de parto. Até que, no terceiro dia, uma médica que realmente trabalha por amor veio me ver e logo de cara ela disse que jamais eu teria filho normal porque minha barriga estava muito alta e imediatamente levou-me para o bloco cirúrgico. Meu bebê já estava roxinho. Mais um pouquinho e não sei nem o que seria de nós e ainda por cima estava com os pés para baixo e não a cabeça. Infelizmente, são poucos médicos que trabalham por amor ao que fazem. (Jussara)
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O mesmo acontece no Hospital Edson Ramalho. Eu tive meu filho lá em 2013 e vi várias violências obstétricas. A episiotomia foi uma delas. Fui usada de cobaia para alguns alunos fazerem o exame de toque. Fui obrigada a tomar ocitocina (um hormônio utilizado em anestesia obstétrica, em tese para diminuir as chances de hemorragia após o parto). Fui extremamente contrária a essa decisão e colocaram na minha veia, à força. Fui para sala de parto andando, com meu filho já coroando e a qualquer momento ele poderia ter saído e caído no chão. E ainda ouvi do médico que era manha minha e que o meu filho não estava já pra nascer. Chegando lá na sala de parto, a enfermeira viu meu filho já coroando e saiu às pressas para chamar o médico, que logo em seguida fez a episiotomia e ainda falou: “Eita, cortei a cabeça do seu bebê”. Então, entrei em desespero, mas meu filho nasceu bem; mas, ao seu nascer, o cartão umbilical se rompeu e a placenta ficou dentro de mim. o médico nem se quer espero eu me recuperar da dor e já foi colocando sua mão dentro de mim para retirar a placenta, fora aqueles velhas frases que não pensei que ouviria, como “até ano que vem”, “na hora de fazer você não gritou”… Enfim, isso é mais recorrente do que se imagina. (Williane)
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Olha, concordo plenamente com a atitude desse jovem em denunciar, porque tive bebê há três meses e graças a Deus fui muito bem tratada no Edson Ramalho, mas presenciei fatos horríveis. Alguns médicos não têm pena, acabam com as pacientes mesmo. Tão nem aí, tratam como lixo! É revoltante. Parece que trabalham com raiva, esquecem que somos humanas. Agradeço a Deus, pois tive sorte porque uma médica mandada por Deus me ajudou, pois não senti contrações e os médicos ficavam me enrolando e mandando eu esperar mais pouco . Já estava com 42 semanas e 3 dias. Minha filha ia morrer. Queriam induzir ao parto normal eu com uma bebê de 4,445 kg e 53 cm. Nunca mais eu iria ter saúde, mas graças a essa abençoada eu não passei por isso, que ela viu minha situação, fez uma cesariana e agora tá aí minha princesa, cheia de saúde! Mas são revoltantes as cenas nas maternidades de João Pessoa. (Jordânia)
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Eu tive meu filho em 2012 na Maternidade frei Damião. Fui bem recebida por equipe maravilhosa que me acolheu e teve carinho e paciência comigo. Tive meu filho normal. Graças a Deus não sofri qualquer abuso. Já minha colega teve seu bebê outro dia e, além de sofrer os mesmo abusos que a paciente do HU sofreu, ficou com trauma, pois não quer ter mais filho. (Elizoama)
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Tenho trauma desse hospital (HU). Aconteceu o mesmo comigo há 12 anos. Fizeram um estrago! (Rachel)
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Não é só em João Pessoa, minha terra, mas em vários hospitais. Acho que quando um médico desdenha de um professor, por exemplo, como já presenciei aqui em São Paulo, mostra a que ponto e em que mãos estamos. Alguns deles desdenham até de Deus. (Adriana)
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Realmente é um absurdo , uma médica com atitude dessa em quantas parturientes ela usou dessa humanização? E fora tirar selfie… É o fim da ética profissional. Tanto a médica quantos suas colegas de trabalho devem ser punida, para que fatos como esse não venham a ser cometidos. (Edvânia)
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Lamentável. Triste ver profissionais da saúde agindo de forma irresponsável e desrespeitosa para com os pacientes. Esse comportamento covarde acontece com mais frequência na rede pública. (Sueli)
Em apoio ao estudante
Primeiro, quero parabenizar o estudante pela coragem e bravura e depois tornar público o meu repúdio a esse procedimento e tantos outros que alguns “médicos” cometem, achando-se os donos do mundo. Isso tem que ser averiguado e medidas punitivas precisam ser aplicadas. (Maria)
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Primeiramente, parabéns ao aluno corajoso de expor algo tão grave mesmo estando na condição de aluno, que muitas vezes é ignorado e desacreditado. Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente ao longo da minha graduação na UFPB e acredito que tudo relatado seja a mais pura verdade, primeiramente por saber a pessoa correta que ele é. Também já presenciei algumas enquanto aluna, mas infelizmente não tive a atitude do colega, nossos comentários ficaram para a nossa turma, apenas. Cada vez mais isso precisa ser denunciado, combatido, erradicado! #NãoÀViolênciaObstétrica #QuemCuidaDoPartoCuideComAmor #SimÀHumamização. (Suênia)
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Muito triste, mas infelizmente é mais comum do que imaginamos! Na maioria dos hospitais, e não só nos públicos, o tratamento que as pacientes em trabalho de parto têm é desumano! Triste mesmo! Parabéns à coragem do aluno! Espero que quem estava presente tenha a mesma coragem para ajudá-lo nesta denuncia e não se acovarde, não se omita de suas responsabilidades. (Ana Lúcia)
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Parabéns a esse estudante. Quando concluir seu curso, vai exercer sua função com amor. Essa médica que atendeu à paciente dessa maneira tem que ser punida. Será que se fosse filha dela ou alguém da família ela agia dessa forma como agiu com essa paciente? (Maria de Fátima)
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Esse estudante é digno de aplausos por sua atitude em relatar este episódio e nos incentivar em denunciar esse tipo de médico. Pois infelizmente é o que vemos em muitos hospitais não só em maternidades muitos médicos perderam totalmente a humanidade e tratam pacientes como apenas como ferramentas para eles ganharem seu dinheiro. Sofri muito lendo este relato imaginando como essa paciente sofreu nas mãos dessa médica. Meu Deus como há gente má nesse mundo. (Aparecida)
Alguns contrapontos
Em outra postagem, se possível ainda hoje, o blog trará depoimentos e comentários que contraditam ou criticam o procedimento do estudante e a suposta precipitação de julgamento cometida por pessoas que se pronunciaram sobre a questão.
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