Sob o título ‘Escândalo Dom Aldo: documentos confidenciais da Arquidiocese da Paraíba’, a advogada e professora universitária Lauro Berquó publicou hoje (20) em seu blog cópias de cartas encaminhadas ao Vaticano tanto pelo ex-arcebispo como por padres e lideranças de movimentos sociais acusados de conspirarem contra o arcebispado que terminou no último dia 6 por renúncia do titular.
O material foi entregue à advogada dentro de um envelope timbrado da própria Arquidiocese. São oito peças, entre as quais fotos digitalizadas dos oito padres que teriam conspirado contra Dom Aldo, cartas do então arcebispo a dois cardeais próximos do Papa Francisco “denunciando o Padre Luiz e seu grupo”, relatório sobre melhoria financeira e patrimonial da Arquidiocese durante a gestão Pagotto e “demais relatos que ensejaram o ódio de alguns padres contra o bispo”.
O ‘Padre Luiz’ que aparece na relação de documentos é Padre Luiz Antônio, da Paróquia do Altiplano, apontado como mentor da suposta trama que derrubou Dom Aldo. Em carta datada do dia dia deste mês ao cardeal Ouellet (foto acima), prefeito da Congregação dos Bispos, o ex-arcebispo acusa o pároco de ter cometido ‘desfalque’ em uma igreja de Boa Viagem antes de lá ser expulso e depois acolhido em João Pessoa por Dom José Maria Pires, que foi arcebispo da Paraíba de l965 a 1995.
Curiosamente, em outros papéis que compõem o dossiê aparentemente favorável a Dom Aldo há narrativas de episódios em que o ex-arcebispo aparece como autor de manifestações tipicamente racistas, além de protagonista de atos e atitudes que reafirmam seu conservadorismo em permanente conflito com movimentos sociais e pastorais dedicados à defesa das pessoas mais pobres e mais humildes.
Procurado por este blogueiro, o Padre Luiz Antônio disse que somente vai se pronunciar sobre o conteúdo divulgado por Laura Berquó após consultar seus superiores e conversar com outros padres mencionados nos documentos que a advogada publicou no Epa Hey!
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3 Respostas para Dom Aldo: blog publica dossiê ‘confidencial’
A Constituição Federal de 1988 assegura a “liberdade de pensamento” (CF, art. 5º, inc. IV). Porém, a mesma lei máxima do país garante que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (CF, art. 5º, inc. X). Então, leitores – muita cautela e responsabilidade ao compartilharem essa notícia – que se acha instruída com uma carta confidencial de encaminhamento de dossiê e de acusações contra o Pe. Luiz Antônio, dadas as implicações legais para cada um que o fizer. Com efeito, naquela carta, supostamente assinada pelo agora Arcebispo Emérito no apagar das luzes de seu ministério, a honra de um sacerdote foi frontalmente violada, quando, diga-se, no documento não há notícia de que ele tenha apurado nada a respeito de desfalque ou conduta imoral do citado padre durante os 12 anos que esteve à frente da Arquidiocese da Paraíba.
E quanto à esse veículo de comunicação, penso que, no mínimo, deveria ter cuidado de reproduzir, já de um blog, aquela carta, com a mesma visibilidade da manchete (não se consegue ler o seu conteúdo, a não ser com muito esforço de recursos de editor de texto), pois nela consta a ressalva do suposto autor (Aldo Pagotto) que “sinceramente, desconhecia os fatos e afirmações contidas. Coloco-os todos, portanto, como objetos de averiguação, devendo ser rigorosamente apurados. Não afirmo, e nem posso fazê-lo, em respeito à caridade…”.
Para concluir, informo registro da despedida de Padre Luiz Antônio da Paróquia de Boa Viagem, disponível em http://www.igrejanova.jor.br/luiz.htm, para que cada um reflita se as manifestações são compatíveis com um pároco que, segundo a carta, teria sido expulso por “desfalque considerável”. “A DESPEDIDA MARCOU A HISTÓRIA DA PAROQUIA. Nas duas celebrações que assinalaram a partida de Pe. Luiz da paróquia de Boa Viagem, se destacaram as significativas manifestações de solidariedade, recebidas pela comunidade, tanto ao Conselho Paroquial, através de 24 mensagens (das quais 14 foram de Bispos de outras Dioceses), como pela presença de 16 representações de instituições eclesiais, ordens e congregações religiosas, movimentos e serviços leigos, conselhos pastorais comunitários e paroquiais, além da participação de 28 padres na concelebração do dia 30”.
Laura, vc é uma advogada, operadora do direito se em 2004 que Dom Aldo assumiu e percebeu todas essas falcatruas e não denunciou então ele prevaricou, foi leviano conivente com a corrupção.Porque não denunciou na epoca? Porque não trouxe a tona os fatos logo que tomou conhecimento? Acredito que nunca aconteceu isso, pois conheço Padre Luiz, homem integro, sério que ao longo desses anos, nunca se ouviu dizer nada que desabone a sua idoneidade, por onde passou. O mesmo não é carreirista, ou seja nunca quis ser Bispo na igreja, nem mesmo titulos como Monsenhor, etc. Vc diz isto com conhecimento de causa ou porque outros estão dizendo isso dele? Diferente de Dom Aldo que veio de Sobral com problemas que continuaram na Arquidiocese. Para voce ter uma idéia.ainda hoje os paroquianos de Boa Viagem como também os de Cabo Branco lamentam a saída de um verdadeiro sacerdote, pastor e servo do senhor.
Isso tá parecendo briga de comadre. É claro que tem coisa muito mais séria do que isto neste caso. Um bispo não renuncia por briguinhas com outros padres. Quem quiser que acredite.