Quem anda de ônibus na Capital está ameaçado por um novo aumento do preço da passagem. Aumento de pronto defendido pelo órgão de trânsito da Prefeitura de João Pessoa, que, em vez de defender o usuário, apresenta-se como porta-voz das empresas que operam o transporte público de passageiros na cidade.
É o que se depreende fácil e rapidamente de relatório divulgado ontem (17) pela imprensa local. O documento é atribuído à Semob – Superintendência de Mobilidade Urbana da PMJP, que através de seu dirigente, Carlos Batinga, manifesta-se claramente a favor de percentuais que podem fazer a tarifa subir acima da inflação, que fechou 2016 em 6,29%.
Segundo Batinga, ou se depender dele, pelo visto, quando o Conselho de Transportes de João Pessoa se reunir na sexta-feira (20) deve aumentar de R$ 3 para R$ 3,40 a passagem de ônibus na Capital. Significa majorar o serviço em 40 centavos, o que implicaria reajuste em torno dos 12%, ou seja, quase o dobro da inflação do último ano.
“Se fizermos uma projeção do salário do motorista o preço da passagem vai de R$ 3 para R$ 3,40”, disse Batinga, de acordo com matéria publicada no portal Primeiras Notícias. No mesmo texto, o superintendente lembra que “há um acordo firmado com as empresas de ônibus para que a o realinhamento de preços seja feito todo mês de janeiro”. E acrescenta:
Ainda de acordo com relatório da Semob, a ser apresentado, o Conselho é que dará a palavra final para definir o preço das passagens dos ônibus coletivos da Capital. O valor entra em vigor sem a necessidade de passar pela sanção do prefeito de João Pessoa.
A partir daí, Batinga volta a campo para se empenhar ainda mais pelo novo percentual reivindicado pelos empresários do ramo, que são concessionários de um serviço público. Mas quem explora linha de ônibus na Capital do Estado conta com a indisfarçável e inestimável ajuda do poder público na Capital da Paraíba para conduzir o negócio como se privado fosse.
Tem sido assim há decênios. Esse comportamento ou essa relação nada republicana não é primazia, prerrogativa ou privilégio da gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PSD). A diferença, talvez, seja uma maior sinceridade ou desenvoltura com que a PMJP agora trata a questão. Sem considerar em nenhum momento o arrocho financeiro por que passa a maioria da população, justamente a parcela dos cidadãos que mais precisa de transporte público barato, eficiente e confortável. E nunca teve por aqui.
A única contrapartida para esse reajuste evidentemente descabido – porque muito acima da inflação – seria uma ‘renovação’ da frota. Que em geral é feita de forma localizada, em uma ou noutra linha, por essa ou aquela empresa e não em todo o sistema. Assim, exigir que os exploradores do serviço coloquem ar condicionado nos ônibus ou rodem com gás natural para baratear o custo, como fazem administrações de outras cidades e capitais…
Nem pensar! Na Paraíba em geral e na sua Capital em particular, o sistema é bruto com tendência a piorar. Sem reação ou intervenção do poder concedente. Afinal, a julgar pelas informações sobre generosas contribuições do setor a campanhas eleitorais, prefeito algum se arriscaria a enfrentar esse pessoal. Que em coro deve repetir o bordão de Lady Kate, formidável personagem de humorístico televisivo: “Eu tô pagando…”.
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