Carnificina em Alcaçuz: juiz critica ‘inexperiência’ de delegado paraibano

Virgolino já exerceu cargo semelhante na Paraíba (Foto: falarn)

O juiz Henrique Baltazar, da Vara de Execuções Penais do Rio Grande do Norte, não vê no delegado de Polícia Civil Wallber Virgolino a pessoa mais indicada para o cargo de Secretário de Justiça do Estado. A inexperiência do policial paraibano teria ficado patente neste final de semana diante da carnificina entre gangues do presídio de Alcaçuz. 

O texto do juiz foi publicado neste domingo (15) em sua página no Facebook e enumera “sugestões”,  que segundo ele, se tivessem sido ouvidas pelo Governo do Estado, a rebelião na penitenciária estadual, que deixou mais de 10 mortos, poderia ter tido resultados diferentes.

Logo de cara, a primeira sugestão do magistrado é de que o governador deveria ter nomeado “alguém com experiência para a Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania, pasta ocupada desde 12 de maio de 2016 pelo delegado Virgolino)”. Em seguida, o magistrado lista outras medidas que deveriam ter sido consideradas pela gestão estadual.

Veja o post de Henrique Baltazar 

Juiz questiona nomeação de titular da Sejuc, o delegado Walber Virgolino (Foto: Reprodução/Facebook)

Precedentes

As duras críticas ao governo e a troca de farpas entre o magistrado e Walber Virgolino não parece ter começado hoje. Em entrevista concedida ao Portal G1 RN no dia 9 deste mês, o juiz afirmou que os presídios do Estado são dominados por facções criminosas e que o Estado é “inoperante e incompetente”.

“Aqui no Rio Grande do Norte são duas as facções que comandam os presídios e, de lá, também controlam o crime aqui fora. O Sindicato do RN (ou Sindicato do Crime) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) rivalizam para saber qual trafica mais drogas, qual faz mais assaltos e qual mata mais pessoas. E tudo isso diante de um Estado inoperante e incompetente”, disse Baltazar.

As críticas de Baltazar foram rebatidas por Walber Virgolino, para quem a culpa da crise no sistema é de “todos os agentes do Estado com poder de decisão”.

“Aqui quem manda somos nós. O controle é nosso. O que não podemos é consertar mais de 20 anos de abandono do sistema prisional potiguar em poucos meses. Estamos fazendo isso, praticamente recomeçando do zero. Se for para atribuir ‘culpa’ a alguém, todos os agentes públicos do Estado com poder de decisão e gestão têm que ser responsabilizados. Comentar sobre tourada é bom. Quero ver é lutar com boi”, falou.

A equipe do blog tentou entrar em contato com o delegado Walber Virgolino para saber se ele gostaria de comentar as declarações do juiz, mas as ligações não foram atendidas.

Suspeitas

Em entrevista coletiva concedida hoje em Natal sobre Alcaçuz, Wallber Virgolino não descartou a hipótese de facilitação de agentes públicos para a rebelião, mas ressaltou que ainda é muito cedo para qualquer conclusão.

O secretário disse ainda que seis detentos do Pavilhão 5 foram identificados como líderes do movimento. Virgolino não confirmou o número de mortos, pois a contagem, segundo sua previsão, somente terminaria às 18h deste domingo.

  • (com Tribuna do Norte)

 

É BOM ESCLARECER
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4 Respostas para Carnificina em Alcaçuz: juiz critica ‘inexperiência’ de delegado paraibano

  1. Josiclei Cruz escreveu:

    Depois dos problemas, chove de sugestões e criticas, o excelentíssimo juiz, que bem antes da vinda o atual secretário de segurança, por acaso, encaminhou por escrito ao setores competentes as criticas como forma de prevenir esse trágico episódio? é muito bom colocar em ponta essas medidas, difícil é está a frente e tomar decisões duras….

  2. A CARCERAGEM NO BRASIL ESTÁ ABANDONADA A MUITO TEMPO. O RESULTADO É ISSO AI.

  3. aluizio escreveu:

    Bota os meninos em um hotel de luxo e os trabalhadores na cadeia.

  4. Francisco Di Lorenzo Serpa escreveu:

    Há cerca de 16 anos fui o coordenador do sistema penitenciário do estado da Paraiba, antiga COSIPE. Tudo isso era previsto e esperado.

    O estado brasileiro e seus entes , desorganizada e criminosamente, não tomou as providências cabiveis.

    Não precisamos de heróis nem de planos e soluções mirabolantes. Precisamos apenas cumprir a lei em todos os seus aspectos, objetivos e subjetivos.