A COBRA
O bêbado adormeceu encostado numa árvore. A cobra que estava lá em cima, no meio da tarde começou a descer.
A caminho do chão entrou dentro da calça frouxa do bêbado, gostou do calor, enrolou-se, aninhou-se e adormeceu.
Lá pras tantas o bêbado acordou-se com vontade de mijar, abriu a braguilha, e puxou “aquilo” pra fora. Olhou pra baixo, certo de que segurava a piroca, e ao ver a cabeça da cobra perguntou-lhe:
– Ôxente! Onde é que tu arrumasse esses dois zóim?!
***
SALTA UMA BRAHMA!
Todas as noites era a mesma coisa. O bêbado chegava no balcão do bar, e fazia sempre o mesmo pedido:
– Salta uma Brahma estupidamente gelada!
Bebia várias, e sempre caía pela sarjeta, a caminho de casa.
Certa noite estava ele em sono profundo quando passou o tarado. Adepto do provérbio “chinês” que diz: “Conde bêbo num tem dono”, o tarado traçou o bêbado. Este acordou no dia seguinte muito incomodado, sem saber o que era. Foi pra casa.
Noites depois, a mesma cena: o bêbado em sono profundo na sarjeta. O tarado passou novamente, e novamente aproveitou-se do bêbado. Isso se repetiu por mais algumas semanas. Então, certa noite o bêbado entrou no bar e bradou para o balconista:
– Salta uma Antárctica estupidamente gelada!
Estranhando, o balconista pegou uma garrafa de Antártica, e enquanto servia o bêbado, perguntou-lhe:
– Você só tomava Brahma. Resolveu mudar?
O bêbado respondeu:
– Num tomo Brahma mais não! Brahma dá uma dor no reto, danada!
***
O INVERSO
O bêbado ia voltando pra casa bebinho, de madrugada, quando ouviu uma voz vinda do escuro atrás dele: “Bêbado!”
Olhou pra trás, e não enxergando nada, continuou no seu passo oscilante. A voz seguiu atrás dele: “Bêbado, bêbado!” E ele não via nada, só a escuridão.
Até que em determinado trecho do caminho, ao olhar para trás, passando embaixo de um poste aceso, viu um jacaré dizendo: “Bêbado! Bêbado!”
O bêbado enfureceu-se! Ficou indignado com aquele desrespeito, dobrou a esquina e ficou esperando o jacaré. Quando este virou a esquina e abriu a boca para mexer com o bêbado, este enfiou o braço pela goela e puxou o rabo, deixando o jacaré pelo avesso. E foi-se embora.
Não andou dois quarteirões, ouviu a voz inconfundível do jacaré: “Dôbabê! “Dôbabê!”
***
PROMOÇÃO IMBATÍVEL!
O machão embriagou a namoradinha linda e levou-a para uma praia deserta. Estacionou a Hilux entre as dunas e conduziu a namorada para a areia fofa da beira-mar. Aos poucos foi convencendo-a despir-se totalmente, e deitar-se.
Antes que conseguisse alguma coisa, a mocinha queixou-se que a areia estava incomodando-a. O machão, então, foi até a Hilux, procurou e encontrou uma esteira, trouxe até à mocinha, que estava dormindo, estirou a esteira, limpou a mocinha e deitou-a sobre a esteira.
Ao deitar-se sobre ela foi que notou que o vento dobrava a esteira, incomodando o casal, que não conseguia concentrar-se para o melhor.
Deixando a mocinha adormecida, voltou à Hilux, pegou quatro garrafas de Coca-Cola na mala do carro, retornou, fixou as pontas da esteira com as garrafas e, mais tarado do que nunca, atirou-se sobre a jovem, acordando-a excitada.
Mas logo ela começou a incomodar-se com os mosquitos, picando a mocinha nua. Então ele lembrou-se de que tinha um repelente na Hilux. E foi procurar.
Enquanto o machão estava procurando o repelente, passou um bêbado pela praia, e deparou-se com aquela cena: uma bela mocinha nua, deitada numa esteira de palha, fixada por quatro garrafas de coca-litro, adormecida. O bêbado olhou em torno, e como não viu mais ninguém, CRAU!
Depois levantou-se, pegou uma das garrafas, foi saindo da cena e disse, como quem voltado para uma câmera cinematográfica:
– Duvido a Pepsi-Cola faça uma promoção igual a esta!
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FRÁGIL DELIRIO
O nosso amigo Ivo Bichara (foto), à época do fato que passarei a narrar, morava em Recife, ao final dos anos 60 do século passado. E foi lá que ele contou a meu irmão Silvino, a história que se segue.
Ivo foi o primeiro beatnik de João Pessoa. E ao longo da vida tornou-se hippie, permanecendo assim até vir a falecer, na última década do século passado. Faleceu no final dos anos 1990.
Ivo foi também um excelente enxadrista, mestre no sacrifício de peças importantes para alcançar a vitória. Jogava muito bem.
Pois bem, Ivo contou que certa noite, madrugada já avançada, ele voltava de porre para o apartamento onde morava, na Recife Velha, quando ouviu passos atrás dele. Ficou preocupado: alguém o seguia!
Nesses anos, a cidade era tranquila, segura. À noite só quem fazia medo eram as forças da repressão, pois estávamos vivendo o pleno AI5.
Mais do que assustado, Ivo ficou curioso: de quem seriam aqueles passos furtivos? A cidade em torno estava vazia, adormecida.
Ivo resolveu tirar a limpo. Ao dobrar a próxima esquina, atravessou correndo a rua e escondeu-se. Logo a seguir, ficou assombrado com o que viu!
Dobrando a esquina, surgiu um geladeira aberta, carregada de garrafas de Ron Montilla! Arrepiou-se todo, nunca tinha visto uma cena daquelas, as garrafas brilhando como que piscando para ele! E disparou pela calçada.
Mas logo freou os passos, pois ouvia o tilintar das garrafas de rum. E teve medo que elas se quebrassem.
E foi assim até chegar ao velho prédio em que morava: dava uma carreira com medo da geladeira, mas tinha que diminuir, temendo que as garrafas quebrassem e perdessem todo aquele rum.
Logo Ron Montilla Carta Ouro!
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