UM EXEMPLO CHAMADO WELLINGTON FARIAS, por Francisco Barreto

Jornalista Wellington Farias (Foto: Polêmica Paraíba)

Num dia qualquer no Jardim das Laranjeiras, flagrei num momento de descanso um jovem trabalhador que suspirava acordes no seu violão. Perguntei: “Dedilhando Bach?”. Ele respondeu: “É o Ponteio da Bachiana Número Sete de Villa Lobos”. E arrematou: “Primeiro Movimento”. Disse-me de um jeito como quem provavelmente reconhecia a minha surpresa. Continuou a tocar, dominando as cordas do violão com visível maestria, muito distante daquela condição de trabalhador braçal. Fiquei perplexo.

Este episódio me levou direto a contemplar a delicadeza e o elevado espirito de Wellington Farias, Leto, autor desta façanha incomparável. Fora ele o competente Mestre daquele garoto e de muitos outros jovens adolescentes da cidade de Serraria. Fiquei admirado, compreendi o que poucos sabiam: a enorme e desconhecida grandeza do Mestre Leto como um gentil e sensível artista esculpindo na alma e no coração de jovens pobres o cultivo da erudição musical de um Heitor Villa-Lobos.

Levar humildes jovens do roço da terra a dedilhar peças musicais nobres enveredando pelo violão clássico e conseguir deles o domínio do instrumento musical é uma tarefa de um ser superior. Os ensinamentos de Wellington Farias demandavam certamente um abnegado esforço e paciência contínua ao lapidar os jovens para que evoluíssem para uma base musical, do “rés do chão” a leitores ágeis do ouvido à partituras musicais.

Durante anos, Leto foi um formidável e dedicado Mestre, destinando incontáveis noites ao aprendizado de corações e mentes para longe da escuridão. Fez isto de moto próprio e nunca contou com apoios públicos ou privados nessa franciscana missão. Conseguiu o impossível. Criou um grupo concertista de jovens violonistas oriundos de população pobre e rural. Iluminou Serraria tão hostil à cultura e à educação. Que magistral exemplo de uma nobre consciência com a sua incógnita escola de música!

Welington Farias não foi apenas um Mestre musicista que se distinguiu durante anos um leitor empedernido de todos os gêneros de literatura e mais tornou-se um jornalista com refinado e preciso estilo critico ao se debruçar sobre pautas sociais, políticas e culturais na imprensa escrita, radiofônica e mais recentemente no universo virtual.

Leto tem um caráter respeitável aliado a uma humildade franciscana. Profissional jornalista louvado pelos seus contemporâneos que sempre lhe destinaram distinguidas reverências pela simplicidade e a coragem com que enfrentou todos os embates de modo destemido. Sempre no front das missões jornalísticas nunca hesitou fazer de peito aberto entrevistas com distinguidos ícones da política brasileira e local, do mundo cultural e artístico.

Com fervor e espírito arrebatado, encarou seu papel na imprensa derramando as suas emoções e opiniões com a verdade e a coragem de um pequeno grande homem. Com a sua arguta e buliçosa inteligência, no rastro de sua consciência de seus limites culturais e intelectuais de um menino de interior, sempre se submeteu a exitosas conquistas, e por consequência, do alto de sua humildade e destemor é respeitado por seu desempenho como homem de imprensa.

Seus limites interioranos todos foram superados quando demonstrou que a prática é o critério da verdade e isto lhe credita enorme respeito. Welington foi enormemente penalizado pela geografia de sua origem, mas seguiu ao pé da letra o ensinamento de Goethe. Soube se limitar para crescer. Ademais, sempre teve postura ética e moral, não deixando se seduzir pelas embriagantes e ilusórias luzes e benesses do poder. Comportamento raro no meio profissional em que milita.

Pobre e obscura Serraria, que nunca lhe destinou a menor das honrarias ao seu ilustre e (di)Leto filho. Parafraseando Bertolt Brecht, diria: “Há homens que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. Leto é um desses. Pobres e medíocres são os serrarienses que nunca o distinguiram. Sempre teve uma desmedida paixão pela sua imerecida terra.

Hoje, vivo e audaz, encara com rara coragem enfrenta o duro desafio que a vida lhe impõe. Ao lado de sua preciosa família e de seus amigos, com os pés e as mãos numa luta sem tréguas se mantem incólume fisicamente sem renunciar a sua já e amplamente reconhecida coragem e vontade férrea de louvar a vida. Ele é exemplo formidável de ser humano que encanta a todos que o estimam e o conhecem.

Bravo, amigo Leto!

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