TEMPO INESQUECÍVEL, por Babyne Gouvêa

Imagem copiada de madinbrasil.org

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Aos dez anos, estudava em colégio de freiras onde a rotina educacional seguia regras rígidas. As alunas, de uma maneira geral, conviviam bem com a idade pueril. Não atropelavam a infância em busca da adolescência.

Eis que ocorre a chegada de uma colega vinda do Rio de Janeiro, com novidades precoces para a meninada de comportamento infantil. O seu nome era Celina.

Celina comunicou às colegas que tinha um namorado que se chamava Ricardo. O zum zum zum estava formado. A notícia fomentou a curiosidade em saber pormenores sobre o namoro dos dois.

Fiquei atônita. As amigas, serelepes, me chamavam de “A Inocente”. Elas percebiam que eu era avessa ao assunto. Totalmente. Naquela idade só pensava em estudar e brincar.

Lembro bem que um garoto que residia próximo à minha casa jogou pela janela da sala um papel com recados carinhosos para mim. Como chorei na ocasião! Deixei de tê-lo como companheiro das brincadeiras.

A precocidade de Celina, de certa forma, me fez ver malícia em certos garotos. Os olhares, as palavras , os recados dirigidos a mim, desencadearam reflexões sobre a minha infância, que eu teimava em conservar. A puberdade dava sinais mas era ignorada.

Garota bronzeada, com cabelos dourados, Celina se mostrava dona do pedaço quando o assunto era namoro. Algumas colegas a tornaram um exemplo a ser seguido. E aí, como eu ficava? Não queria ser hostil nem hostilizada por nenhuma delas.

A alternativa foi tornar natural o meu crescimento, mesmo contra a minha vontade. Tive no esporte um aliado, não sentia o desenvolvimento vindo à tona. Quando percebi estava formada física e emocionalmente, pronta para encarar a adolescência, sem temores.

Surgiram os paqueras, mas a ideia do namoro me inquietava. Significava perda da independência. Rememoro um namoro terminado às vésperas do carnaval. Foi o melhor carnaval da minha adolescência.

O que me causou essas reminiscências? Simples lembranças de um tempo inesquecível. Ontem, durante o lançamento do livro de um grande amigo, encontrei depois de muitas décadas, um integrante da família da minha querida amiga – Simone Cavalcanti Furtado Rabelo. Família que marcou a minha adolescência.

Que abraço carinhoso! Em segundos, a memória aflorou todos os instantes de plena felicidade vividos naquela família tão acolhedora. Alegria existia em tudo. O elo com a família Cavalcanti me ensinou a assimilar leveza, inclusive quando o assunto eram ingênuas paixonites.

Essa fase foi curta, mas intensa. De repente, adolesci e me tornei adulta. Não houve tempo para as flutuações e rebeldias típicas da adolescência. Vieram as responsabilidades de outra etapa da vida.

É BOM ESCLARECER
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Uma resposta para TEMPO INESQUECÍVEL, por Babyne Gouvêa

  1. A autora nos encantas com as suas maravilhosas memórias.
    Boa parte de seu cenário, da infância e adolescência, foi tambem o meu cenário. E era realmente maravilhoso.
    O seu estilo tem a mesma qualidade, Babyne. Continue a nos brindar com seus textos.