Pelo menos de uma coisa na Paraíba há certeza de que é realmente socializada e bem distribuída por todas as classes sociais. Trata-se da consolidada, continuada e crescente violência que iguala todos os paraibanos. Sem distinção de cor, sexo, credo ou renda. Aqui, o crime não poupa rico ou novo rico, abastado ou remediado. Não poupa, principalmente, pobres e miseráveis.
A prova irrefutável de que na Paraíba todos são iguais perante a lei – a lei dos bandidos, bem entendido – foi apresentada mais uma vez no final de semana. Começando pela tentativa de assalto e de homicídio sofrida pelo juiz José Ferreira Ramos Júnior no sábado (3) à tarde, quando parou o carro no acostamento da BR 230 para atender ou fazer uma chamada de telefone e foi abordado por um homem armado.
Quem abordou o juiz foi um ladrão armado de revólver ou pistola, da qual foram disparados dois tiros contra o magistrado. Porque a vítima não obedeceu à ordem do facínora para abrir a porta ou janela do carro, que estava todo fechado, ligado e deu chance para o motorista arrancar dali. O bandido atirou. Uma, duas vezes. Por sorte, o primeiro ‘bateu’ catolé’ e o segundo disparo não acertou o alvo.
Executado por um celular
Quando passou por aquela enorme aflição, o juiz José Ferreira dirigia-se a Campina Grande para rever a família. Na mesma cidade, na noite do mesmo sábado, o jovem operário Arthur Henrique de Lima, de 22 anos, seria assassinado com um tiro na cabeça. Segundo informações de policiais, ele foi executado porque teria tentado esconder o celular que um motoqueiro assaltante parou para roubar.
Já motorista e passageiros de ônibus que faz a linha João Pessoa-Guarabira escaparam todos vivos de assalto que sofreram naquele mesmo dia, à tarde, na estrada que liga Santa Rita e Cruz do Espírito Santo. Foram interceptados por um trio armado de facas que lhes roubou dinheiro, celulares e todos os pertences que estivessem expostos. O bando foi embora no carro pequeno que usou para bloquear a pista.
Rebelião e morte
O domingo (4), por sua vez, começou e terminou em morte. Por volta de uma hora da manhã, em Alagoa Nova, um cidadão de 31 anos, não identificado até a postagem deste artigo, levou dois balaços na cabeça e morreu na hora, em local bem próximo de uma festa que se realizava na cidade. Policiais disseram que a arma usada no crime foi uma pistola calibre ponto 40. À noite, no Hospital de Trauma da Capital, morreu um rapaz de 17 anos ferido durante rebelião somente controlada no final da tarde no Centro Socioeducativo Edson Mota, de João Pessoa.
Aliás, conforme anotou o G1 Paraíba, “este foi o terceiro registro de tumulto nas unidades socioeducativas de João Pessoa em uma semana”. Na segunda-feira (29/8), seis internos fugiram em meio a um ‘tumulto’ que teria destruído as instalações do Centro Educacional do Jovem (CEJ) de Mangabeira. Na sexta (2), após rebelião, todas as internas do Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente (Cendac), em Jaguaribe, foram transferidos para uma outra unidade, no Jardim Cidade Universitária.
Repressão e vandalismo
Fechando o firo, dois casos de violência por motivações políticas. Na sexta (2), estudantes de classe média que participavam de uma manifestação ‘Fora Temer’ em Campina Grande foram dispersados na base da bomba de gás lacrimogênio e spray de pimenta usados por uma tropa de choque da Polícia Militar. Na Capital, na noite de ontem a sede do Diretório Estadual do PMDB (Avenida Duarte da Silveira, Centro) foi pichada e vandalizada por pessoas que certamente nada fariam se não contassem com ruas vazias de gente e de Polícia.
Resumindo, por essas e outras fica claro que na Paraíba todos são iguais perante a lei, mas a lei dos bandidos. Porque na lei inscrita na Constituição e nos códigos, é bem diferente. Perante essa lei, a ‘lei dos mocinhos’, uns poucos são bem mais iguais do que todos os demais.
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