Mesmo casado há quase dez anos com a “Santa Zazá” (assim ele chamava sua “recatada e do lar”), Geraldo adora espalhar suas mijadas fora do caco e zoar conhecidos que merecidamente ou não ganham fama de corno.
“Sabe Janjão? Tá que não passa na porta de casa, tamanha a galha que levou”. Coisas do tipo começa a contar desde a repartição, onde, insinua, “traça” quase todas. Não para por aí. Após o expediente, aprofunda detalhes dos supostos chifres em mesa de bar.
Por conta do jeito de ser, Geraldo só tem um amigo, praticamente. O cara atende pelo nome de Givanildo. Carne e unha, compadres, um fiador do outro, além de colegas. Trabalham no setor de compras de poderosa autarquia federal.
Geraldo e Givanildo são muito parecidos. Praticam acobertamento recíproco de escapadas para motéis onde “abatem as lebres” e não se cansam de propagandear façanhas de alcova que dizem cometer com regularidade quase semanal.
Semana passada, contudo, Givanildo protagonizou ocorrência desagradável. Seu carro bateu no carro de Geraldo em pleno motel Transas. Logo o carro que ajudou o amigo a escolher e comprar, inclusive ‘interando’ a entrada. Mais: foram juntos à concessionária fechar negócio.
Aconteceu o seguinte… Por uma dessas incríveis coincidências, o velho Gol de um abalroou o Prisma novinho em folha do outro. Tudo porque as garagens do estabelecimento ficam umas de frente pras outras, separadas apenas por uma estreita pista de acesso.
Na saída, principalmente, o freguês deve manobrar bem direitinho para não atingir o carro estacionado do lado contrário. No caso de Givanildo, porém, a imperícia não foi dele, mas da moça com quem acabara de se divertir. Ele pediu a ela para dirigir o Gol. Bebera. Temia ser pego na Lei Seca.
Inexperiente, a jovem assumiu o volante, engatou ré e acelerou além da conta. Do ‘pulo’ que deu, o Gol só parou porque encontrou a dianteira do Prisma na garagem oposta. Sorte que a pancada foi besta. Sequer chamou a atenção da vítima.
No momento do acidente, muito provavelmente transcorria a melhor parte da jornada de quem se encontrava no outro quarto.
“Eita, ferro, é o de Geraldo!”, exclamou Givanildo ao reconhecer no ato o carro do amigo. “Vamos simbora, que amanhã falo com ele”. De fato, dia seguinte, tão logo se encontraram, Geraldo foi convidado pelo compadre para um particular na salinha do café. Não deu tempo de Givanildo falar.
– Rapaz, tu não sabe o que aconteceu… Pois não é que ontem à noite, assim que cheguei em casa, a mulher pegou o carro e foi ver a mãe dela. A velha anda meio adoentada, dando um trabalho… Voltou de madrugada, a coitada da Zazá. Ainda por cima, na volta bateu no carro. Coisa pouca, uma bobagem, mas só você vendo como a bichinha ficou aperreada – adiantou-se Geraldo.
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