Edivaldo Leite, de Piancó

Por não aceitar a participação de correligionários ou aliados de outros partidos em chapas encabeçadas por candidatos a prefeito que apoiem o governador Ricardo Coutinho (PSB), hoje seu principal adversário na Paraíba, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) perdeu esta semana dois aliados históricos do ronaldismo e do próprio cassismo em cidades de peso eleitoral e político no interior do Estado.

Em Esperança, no Brejo paraibano, a Direção Estadual do PSDB interveio na representação local porque o ex-deputado Armando Abílio, o tucano de plumagem mais vistosa do lugar, supostamente queria levar o partido a apoiar a candidatura de Nobson Almeida, candidato do PSB a prefeito. Nobinho, como é mais conhecido o ungido por Ricardo Coutinho, deve disputar a Prefeitura com Anderson Monteiro (PSC), atual prefeito, candidato à reeleição e filho do deputado estadual Arnaldo Monteiro, do mesmo partido. Na última eleição para governador, em 2014, o parlamentar votou em Cássio e continua apoiando o senador.

Deputado estadual por três mandatos e federal por dois, Armando Abílio foi secretário de Ação Social do Cássio I (2003-2006), mas destacava como soldado dos Cunha Lima desde quando o grupo campinense dominava o PMDB paraibano. Em 1998, o médico e agropecuarista que construiu sua carreira política em Esperança foi companheiro de chapa de Ronaldo Cunha Lima na célebre convenção peemedebista que rachou o partido. Os dois foram derrotados pelo então governador José Maranhão, que herdara o governo do finado Antônio Mariz e passou a mandar na legenda que o consagrou nas urnas daquele ano.

Mas é em Piancó onde o PSDB deve perder um dos políticos mais identificados com o grupo Cunha Lima em todo o Estado. Edivaldo Leite, vice-prefeito da cidade da qual foi prefeito por quatro mandatos, acompanha Cássio no mínimo desde 1990, quando apoiou a candidatura a governador de Ronaldo Cunha Lima, pai do hoje líder do PSDB no Senado. Nas eleições daquele ano, o favorito disparado era o já então ex-governador Wilson Braga (PSD), que tinha entre seus cabos eleitorais praticamente todos os prefeitos da Paraíba. No Vale do Piancó, por exemplo, base do pessedista desde os anos 50, somente Edivaldo Leite remou contra a maré braguista para ficar com o à época candidato do PMDB.

Em 2002, quando resolveu disputar o Palácio da Redenção com o governador Roberto Paulino (PMDB), Cássio contou com Edivaldo para mais uma vez lhe abrir as portas do Vale do Piancó, onde o candidato peemedebista era apoiado por todos os demais prefeitos da região, exceto Will Rodrigues, de Itaporanga, que também embarcou na caravana cassista ao lado do seu colega de Piancó. A parceria repetiu-se nas eleições de 2006, de 2010, 2014… Mas parece ter chegado ao fim este ano, porque Edivaldo decidiu ser outra vez candidato a vice-prefeito do prefeito Sales Limas (Democrata), que tenta a reeleição.

Sales votou no candidato de Cássio em 2010, Ricardo Coutinho, mas não seguiu o senador em 2014 porque o líder tucano apoiou uma adversária do prefeito nas eleições municipais de 2012. Assim, para evitar que o PSDB de Piancó apoie um ricardista de carteirinha, a Executiva Estadual tucana foi instada pelo deputado estadual Tovar Correia Lima, majoritário naquele município, a intervir no Diretório local. A intervenção foi aprovada na quarta-feira (20), mas derrubada no dia seguinte através de liminar concedida a Edivaldo Leite por uma juíza daquela comarca.

Diante da decisão judicial desfavorável, o presidente estadual do partido, Ruy Carneiro, baixou resolução na mesma quinta-feira proibindo o PSDB de Piancó de coligar-se com o Democratas do prefeito Sales, com o PSB de Ricardo Coutinho, com o PT e o PTdoB. Não adiantou. Sob a liderança e determinação firmes de Edivaldo Leite, na sexta-feira (22) foi realizada a convenção municipal tucana que indicou o nome do atual vice-prefeito da cidade para reeditar a dobradinha com o prefeito Sales.