
Hotel Tambaú (Foto: Clilson Júnior/ClickPB)
Dois grupos empresariais disputam o Hotel Tambaú, que o abandono transformou em sucata. Ambos investiram milhões em leilões controversos e há quatro anos cada um tenta provar na Justiça que é o primeiro, único e verdadeiro arrematante. Ambos se dizem também dispostos a investir pesado para devolver ao estabelecimento a serventia de hospedagem de alto luxo.
Sendo assim, qual o sentido da pretendida desapropriação do imóvel pelo governo da capital, em tese para fazer a mesmíssima coisa pela qual os dois consórcios foram brigar até no Superior Tribunal de Justiça (STJ)? Por que gastar rios de dinheiro público na mesmíssima coisa a que se propõe o dinheiro privado? E se eu disser que o caroço nesse angu pode nos custar R$ 300 milhões?
Só não digo porque alguém muito mais qualificado já disse. Refiro-me ao advogado Rinaldo Mouzalas, defensor de um dos consórcios que lutam pelas ruínas do Tambaú. Em entrevista concedida anteontem (2) à rádio CBN João Pessoa, ele também manifestou preocupação com prováveis danos que a esdrúxula desapropriação possa causar aos serviços essenciais prestados pelo município.
Afinal, agora digo eu, concordando com o bem dito, um gasto daquele tamanho para substituir ou favorecer empreitada particular pode muito bem desfalcar ou reduzir o investimento que a Prefeitura pode e deve fazer para melhorar – nem que seja um pouquinho – o atendimento e os serviços públicos que tem a obrigação de prestar em saúde, educação, infraestrutura urbana…
Pelo visto e ouvido, o alcaide de turno quer desapropriar para entregar a alguma grande rede hoteleira a exumação do famoso ícone da hotelaria paraibana. Se o fizer, terá que cobrir valores despendidos ou previstos pelos litigantes que empacaram grana alta (um fala em R$ 40 milhões) somente para arrematar a bagaceira. Ou seja, quem no final for declarado vencedor da peleja, adiante pode lucrar horrores com a desapropriação.
Além de tudo… É no mínimo questionável reabilitar aquele espaço como hotel. Seria reincidir em crime ambiental impune na época da construção. Melhor proveito a cidade teria se aquilo lá fosse transformado em uma enorme praça, tipo mandala contemplativa. Toda ela aberta para o oceano. Assim, “esse verde que chega a doer, das águas de Tambaú” seria a melhor testemunha de um povo carente de um bom lugar para suas manifestações artísticas e culturais.