por Rubens Nóbrega
O Correio da Paraíba de 2 de março de 1996 publicou matéria de destaque informando que a Honda de Manaus (AM) aprovara no dia anterior 11 alunos de duas universidades nordestinas na concorrida seleção que naquele ano a empresa abriu para 17 vagas.
Sete dos selecionados estavam por concluir Engenharia Mecânica na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), campus de João Pessoa, dois em curso similar ministrado na mesma instituição em Campina Grande e outros dois estudavam na Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Notícias como aquela eram frequentes na produção da Sala de Imprensa da UFPB, que me teve como coordenador nos reitorados de José Jackson, Neroaldo Pontes e Jader Nunes. A fonte das informações era sempre a mesma: Ademar Cândido Simões Lins, coordenador de estágios do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade.
Professor de Engenharia Mecânica, curso no qual ingressou como aluno em 1972, Ademar ensinou Termodinâmica e outras matérias afins da área de Energia Solar. Tudo isso acumulando sala de aula, laboratório e campo com a Coordenação de Estágios do CT, para a qual foi eleito cinco vezes entre 1984 e 1998, ano em que se aposentou.
Nesses 16 anos, seguramente transformou-se no maior ‘exportador’ de força de trabalho qualificada formada pela UFPB. Espalharam-se pelo mundo e no Brasil estagiários que Ademar levou para indústrias da Paraíba, do Nordeste, da Zona Franca de Manaus e de outras regiões do país.
Que o diga o paraguaio Ramon Talavera. Graduado em Mecânica na UFPB (João Pessoa) em 1992, ele criou e aperfeiçoou departamentos de engenharia de segurança no trabalho em empresas do seu país. Iniciativa que motivou, inclusive, a criação de mestrado específico na Universidade de Assunção, da qual é professor.
Sobre o ‘efeito Ademar’ em sua vida que o diga também o brasileiro Hugo Dias Rocha, outro egresso da Engenharia Mecânica da UFPB, soteropolitano que roda o planeta trabalhando para empresas da China, África do Sul, Nigéria, El Salvador…
Dá para incluir entre os beneficiários do caça-talentos de Ademar Lins alunos de outros cursos além daquele ao qual estava vinculado no CT/UFPB. Alunos das engenharias oferecidas no Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da UFPB em Campina Grande, por exemplo.
Alunos como João de Almeida, Vânia de Araújo, Luciano Nobre e Maurício Santana (Engenharia Mecânica), Augusto Porto, Augusto Lisboa e Nivaldo Portela (Engenharia Elétrica), que se juntaram a Edson Nakamura (Mecânica do CT) para conquistar as oito vagas oferecidas em seleção promovida em fevereiro de 1977 pela Sharp do Brasil.
Ademar não diz, mas ele deve ter priorizado no seu tempo de coordenador de estágio a inserção de seus estagiários em empresas japonesas. Preferência muito provavelmente ligada ao rigor de provas e critérios, reconhecidos e copiados mundialmente, que eram aplicados por aquelas multinacionais na escolha de seus empregados.
Por essas e tantas outras, aos 72 anos Ademar Lins não perde o contato, a amizade, a admiração e gratidão dos seus ex-alunos e contemporâneos de magistério. Tanto é assim que a cada ano eles se reúnem em João Pessoa para memoráveis e agradáveis confraternizações.
O último desses encontros aconteceu ontem (28) em uma churrascaria da capital paraibana. Engenheiros, engenheiras, professores e convidados trocaram lembranças, lamentaram ausências e se disponibilizaram para novos reencontros.
Foi uma celebração de reverência ao passado em comum na Universidade e ao sucesso profissional que muitos alcançaram. Algo que tem origem “no quanto o Professor Ademar batalhou pelo futuro de muitos alunos”, conforme lembrou e reconheceu um deles nesse sábado.
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