AS CALÇAS E A CUECA, por Frutuoso Chaves

Há coisa mais ridícula do que a forma como se vestem o Batman, o Homem Aranha, o Capitão América, o Capitão Marvel e, sobretudo, o Super-Homem? Não é à toa que já se tenha feito a pergunta: como confiar num sujeito que veste a cueca por cima das calças?

Alguém precisa escrever com os olhos e sentidos da sociologia, ou de outra ciência de igual valor, sobre os trajes dos super-heróis lançados ao mundo, numa sucessão de idiomas, pelas grandes editoras do ramo (quase todas americanas) para o combate ao crime, a defesa dos fracos e oprimidos, a glorificação da decência e da justiça.

A propósito do Super-Homem, diga-se que surgiu em 1938, no então efervescente mercado de histórias em quadrinhos dos Estados Unidos. O Capitão Marvel viria ao mundo das HQs, dois anos depois disso, com a reprodução de duas capacidades assombrosas: a de resistir a qualquer sopapo, ou explosão, sem um mísero risco na pele, e a de voar.

De resto, ambos tiveram inspirações diferentes. O primeiro fora despachado à Terra pelos pais aflitos, ainda bebê, numa cápsula espacial, quando o planeta de origem estava prestes a explodir, enquanto o outro era produto da magia, ou seja, o prêmio a um adolescente por sua boa índole. Bastava a este último gritar “Shazam” para ser envolto por um raio e, em razão disso, adquirir corpo de aço.

Conta-se que as duas editoras – a National (do Super-Homem) e a Fawcett (do Capitão Marvel) entraram em batalha judicial que perdurou por mais de dez anos. Até que, em 1953, a Fawcett fechou as portas depois de pagar à National uma indenização de 400 mil dólares por plágio. Capitão Marvel retornaria 20 anos depois, devidamente legalizado, quando a DC Comics comprou os direitos sobre os antigos personagens da Fawcett.

Pois é, fantasia é fantasia, mas grana é grana. E, nesse nicho do mercado editorial, ela sempre foi poderosa o suficiente não apenas para matar e sepultar, mas, ainda, para ressuscitar mocinhos e bandidos. Isso, nem os dois homens de aço conseguem fazer.

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