Imaginem alguém acreditar em que uma descarga elétrica provocada, simultaneamente, sobre células de um boi e de um tomate acarretaria a fusão genética das duas substâncias. A Veja acreditou. Reproduziu, como se fora verdade, em 1983, uma brincadeira da New Scientist com seus leitores, a propósito do 1º de Abril, o Dia da Mentira.
E o fez sem se aperceber das “pistas” deixadas pela revista britânica a fim de que o público matasse, ele mesmo, a charada. Por exemplo, os autores do experimento seriam os cientistas alemães Barry McDonald e William Wimpey (referências às duas famosas redes de lanchonetes) e o centro acadêmico onde esse invento teria vindo ao mundo seria a Universidade de Hamburgo.
Pois bem, a Veja reproduziu a “notícia” certa de que a ciência criara um fruto com casca à semelhança do couro bovino e com discos de proteína animal em seu interior. E celebrou: “A experiência dos pesquisadores alemães permite sonhar com um tomate do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho”.
O desmentido, com o pedido de desculpas aos leitores, somente foi feito em 6 de julho, após a gozação de meio mundo. Hoje, a mais alardeada “barriga” do jornalismo brasileiro é verbete de enciclopédia. Procurem por “Boimate”. De todo modo, eram melhores aqueles tempos nos quais a Veja mentia por ingenuidade, ou incompetência, e não por perversidade.
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