E o décimo sexto maior banco dos Estados Unidos, o Silicon Valley Bank, vulgo SVB, vai para o beleléu. Logo ele que carrega “silício” no nome. Justamente ele, o motor da indústria da tecnologia, o preferido pelo pessoal da high tech.
Leio pouco sobre o assunto, mas leio o suficiente para me inteirar de que a encrenca por lá se completa com o fechamento do Signature Bank, o banco comercial licenciado pelo Estado de Nova York. Assim mesmo, uma bancarrota puxando outra.
Os tais analistas de mercado, ao que me contam as manchetes, não veem crise tão generalizada quanto a de 2008, aquela sentida de Moscou a Coxixola. Aquela na qual o Brasil seria o último país a entrar e o primeiro a sair, no dizer de um camarada egresso de chão de fábrica para o movimento sindical e, daí, para a Presidência da República. Quem não lembra?
Mundo doido esse em que o sistema financeiro dá um espirro no berço de Tio Sam e um chinesinho toma um susto. Por falar nisso, não dá para esquecer a observação da dona Hillary ao velho Trump ao cabo daquela disputa eleitoral por ela perdida. O vitorioso tascava o pau na China. E ela, abismada: “Como é possível ser duro com seu banqueiro?”. Referia-se ao fato de ser a China, com US$ 800 bilhões daqueles títulos, a maior credora do Tesouro americano. Mundo doido, de fato.
E eis que é chegada a hora de rever, com direito aos arrepios, “Grande demais para quebrar”. Trata-se do filme que revela os bastidores da crise financeira para a qual Wall Street arrastou o mundo, 15 anos atrás. O roteiro tem base no livro do jornalista Andrew Sorkin.
Sob a direção primorosa de Curtis Hanson, um conjunto de atores competentes encarna figurinhas carimbadas do cenário político e econômico moderno, a exemplo do ex-secretário do Tesouro americano Henry Paulson, de Jamie Dimon (CEO do banco JP Morgan), Dick Fuld (do Lehman Brothers), Lloyd Blankfein (do Goldman Sachs) e John Mack (do Morgan Stanley), entre outros menos cotados.
Impagável a cena que reproduz um Henry Paulson de joelhos a suplicar o apoio de Hillary Clinton ao plano de injeção de US$ 125 bilhões no sistema bancário dos Estados Unidos. E ela, irônica: “Henry, eu não sabia que você era tão católico”. Mas contribuiu para a aprovação da mutreta com a entrega aos carniceiros da vultosa parcela de recursos decorrentes da cobrança de impostos, enquanto milhões de famílias perdiam suas casas e amargavam o desemprego.
Firmado o negócio, uma assistente de Paulson lamentava, estarrecida: “Demos 125 bilhões de dólares para solucionar a crise que esse pessoal provocou e o fizemos sem impor nenhuma restrição ao uso desse dinheiro porque, se impuséssemos, eles recusariam”. E outro mais perguntava: “Eles vão emprestar esse dinheiro, não vão?”.
Ah, os capitalistas… Privatizam lucros e socializam prejuízos.
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