Freud foi cirúrgico quando pontificou que todo o desejo é individual, no entanto admitiu que neuroses e as loucuras podem ser endêmicas e coletivas quando abordou a Psicologia das Massas. Muitos movimentos de massa contemporâneos são movidos por fundamentalismos fanáticos que resultam em violência, nos quais o mal é realizado em nome de uma crença religiosa, ideológica, econômica, e ou da devoção histérica a certos postulados. Os fatos históricos recentes demonstram que quando as identidades individuais e sociais são abandonadas, e se adotam os caminhos recorrentes em favor de categorias e identidades sociais fortemente associadas às opções ideológicas com elevados teores de extremismos maléficos.
As praticas revolucionarias marxistas-leninistas há muitas décadas foram arquivadas dos portões industriais e partidos ditos proletários. Os marxistas e suas práxis refluíram e apenas marxólogos permaneceram com os seus empoeirados livros. As atuais manifestações politicas são quase todas neoliberais dotadas de um enrustido e tímido verniz nacionalista, embora estas sejam subordinados às pautas globalizantes do capitalismo. A vertente esquerda-comunisante de índole revolucionaria não mais existe. A direita nos países dependentes e periféricos é uma esfarrapada abstração ideológica e que pelo seu histerismo pretende reeditar infames regimes nazifascistas. Aqui, os seus rotos militantes seguem equivocadamente mendigando nas portas dos quartéis aos comandantes a volta da Ditadura, e pedem aos generais a proteção, o arrego contra uma improvável falácia comunista que virá para destruir: Deus, Pátria, a Liberdade, a Família e a Propriedade. As altas patentes se enclausuram evitando ou se envergonhando da militante histeria.
Triste e vergonhoso cenário dos milhares que abdicam das suas avaliações individuais e identidades pessoais, e aderem selvagemente a comportamentos forjando identidades coletivas em que os indivíduos irracionalmente passam a rastejar nos seus desequilíbrio anti-democráticos e vão até ao desespero na defesa de pseudos ideologias com ênfase no anticomunismo e nas desordens institucionais.
São recorrentes e visíveis situações transversais decorrentes de desvios comportamentais diante da massificação de recurso aos desespero militaristas pelos derivados acoitados por obtusos raciocínios; ímpetos compulsivos agressivos e irracionais as fantasiosas ameaças e contraposições ; a anulação do ego, a perda de identidades e raciocínios pessoais, lucidez e o autodomínio de suas identidades.
Nas concepções mais refinadas relativas as às dimensões filosóficas do que vem a ser os enunciados de ideologias estes emergiram fincados nas raízes nos pensamentos gregos e socráticos, inspirados nos conceitos, ideias, doutrinas e praticas democráticas. Os conceitos que buscavam configurar que as ideologias deveriam nortear a participação dos cidadãos a partir de visões de mundo a reger suas ações sociais e politicas rastreando o equilíbrio da vida coletiva que as vivências humanas tiveram.
Os estudos freudianos sobre a Psicologia das Massas desenvolveu contribuições fundamentais sobre o que se designa do Mal do SuperEu que se ampara na dimensão politica. As avessas e precárias mentalizações ideológicas se estribam em pensamentos e atitudes massivas conduzidas por fanatismos que primam por violências grupais conduzidas por irracionalidades destrutivas que arrasam o que tiver em seus passos pela adesão de praticas egoístas e pelos negacionismos de postulados que refutam a ética e a moral universais e atemporais que contrariam a dignidade humana e a sociabilidade da vida coletiva.
Ao abdicarem e anularem absurdamente as suas identidades individuais em proveito de uma identidade social falaciosa cedem ao ímpeto de se tornarem uma horda, uma multidão, em que todos são apenas números incógnitos de uma massa acéfala com fortes propensões a atos agressivos e a destruição dos que são diferentes. O abandono de suas identidades e concepções individuais, estes assim, decretam a falência e a morte de relevantes comportamentos sociais. São atiçados por supostas e falsas crises, e como um rebanho descontrolado e neurótico age e se conduz tresloucadamente em modos inconsequentes com recurso a violência e a selvageria.
Há provavelmente uma psicopatologia coletiva desprovida equilíbrio mental das pessoas tuteladas por influenciadores neuróticos que os induzem e inoculam pensamentos e atos delirantes. Freud em seus escritos sobre a psicologia das massas identificou como sendo graves os desequilíbrios patológicos decorrentes da mistificação de “serem amados e odiados” pelos seus falsos lideres. Estes “que não amam ninguém” salvo seus projetos de poderes. Hoje mais do nunca os adventos das novas tecnologias regendo as proximidades comportamentais, as palavras de ordem, os comandos falseados dispensam de proximidades e contatos físicos entre pessoas e grupos massivos.
As atuais tecnologias virtuais disseminam em ritmos assombrosos e em seus frios algoritmos a celeridade de comunicações tóxicas eivadas de perversidades, de irracionalidades, de preconceitos e dos ódios gratuitos. Os lideres inexistem ou são anônimos. Observa-se o que se convencionou chamar de adesão compulsiva e irrefreada visão Lacaniana, que deu origem a expressão “Mal do Isso”. O Mal não está entre nós e sempre no próximo estranho ou estrangeiro onde todos são inimigos virtuais e devem ser destruídos. Assim nos dizem as portadores de neuroses coletivas.
A Psicanálise, há tempos já se debruçou sobre uma patologia consumada pelo “transtorno delirante” denominada de Folie à Deux. São transferências de delírios psicóticos susceptíveis aos indivíduos por desvios de personalidade, quer pela sua credulidade ignara ou irracionalidade sem limites, acreditando e agindo sob o comando de delírios psicóticos delirantes. Convencionou-se chamar estas psicopatologias de “Transtorno Psicótico Paranoide Compartilhado” sendo vulgarmente chamado Folie à Deux (loucuras a dois), ou transtorno delirante endemicamente induzido e que que pode contaminar os incautos. São pessoas incapazes de distinguir a mentira da verdade. A “fakenews” é o vetor central da disseminação da ignorancia, das neuroses e das brutalidades coletivas.
A mentira entra pelos poros e é mais facil de difundir os comportamentos psicóticos. A verdade exige reflexão e demanda autonomia psicológica nas análises e podem bloquear os ritmos das loucuras delirantes.
O transtorno psicótico delirante admite a psicanalise pode ocorrer através de uma imposição decorrente de uma relação de poder intragrupal e então se verifica a “Folie imposée ou communiquée” via o compartilhamento pessoa a pessoa que impõem crenças e influencias altamente danosas, inadequadas e socialmente perversas e este é o caso de falsas ideologias derivadas das teorias de conspiração.
As pessoas vulneráveis, transmissoras e receptoras assimilam os transtornos psicóticos que lhes são induzidos e simultâneos. As correntes de transmissão podem ser incomensuráveis. Uma ou mais pessoas vulneráveis ou ambos podem ter transtornos psicóticos e compartilharem suas falaciosas crenças entre si a Folie simultanée ou induite, influenciando o comportamento uns dos outros.
Os transtornos psicóticos neste entendimento de psicose a dois, pode ser detido se houver rupturas por atitudes sensatas e não vulneraveis às transferencias de delirios de um transmisssor de um sujeito considerado primariamente psicótico. A não ruptura pode gerar progressões geométricas. Gravíssima situação ao se admitir como verdadeira esta premissa. Em sendo verdade ou não, as atuais expressões numéricas dos superlativos números de pessoas demonstram a existência de inúmeros grupamentos contaminados por comportamentos psicóticos em variadas escalas que determinam foco de histeria coletiva.
Hoje temos uma substancial parcela, silenciosa ou agressiva da sociedade brasileira doente. Os episódios violentos e antidemocráticos na Esplanada em Brasilia a semelhança do que ocorreu no Congresso americano nos sintoniza com os riscos explosivos de frações de delírios psicóticos em cena em escala internacional.
Atitudes extremistas, violentas, terroristas a esmo, loucuras incontroláveis, induzidas pela disseminação de comportamentos com desvios psicóticos de personalidades, aceitos e praticados sem freios são sintomas de patologias graves. O momento atual, aqui e alhures já se convive com atos extremistas de massacres em massa, suicídios coletivos, violências brutais provocadas por histerias coletivas, todos são derivados de transferências de delírios psicótico: a dois, a cem ou a milhares. O mais grave é que nos eventos massivos com violência não há lideres ou controles pré-estabelecidos diante das síndromes de histeria coletiva. A história faz registros impressionantes dos atos ensandecidos.
Com a palavra: os Doutores da Psicanálise e aos Gestores Públicos da Saúde Mental que ousem denunciar e propugnar uma Intervenção Psicanalítica.
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- PS: Originalmente, o presente artigo tinha como título ‘A Intervenção Psicanalítica e o Ensandecídio no Brasil’
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Uma resposta para O DOMINÓ DA LOUCURA, por Francisco Barreto
O artigo do Prof. Francisco Barreto é de suma importância e assume uma metodologia científica para explicar toda essa paranoia coletiva.