RISCO DE MORTE, por Aderson Machado

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Imagem meramente ilustrativa (pt.dreamstime.com)

A princípio, gostaria de dizer que, não raro, costumamos afirmar que quando uma pessoa está prestes a morrer, por motivo de algum tipo de acidente, doença etc., ela está correndo risco de vida. Contudo, no meu entender, se essa pessoa ainda não morreu, na verdade ela está correndo risco de morte. É apenas uma opinião, muito embora há quem diga que as duas formas estão corretas.

Todos nós, no dia a dia de nossas vidas, em maior ou menor escala, corremos risco de morte. É por isso que sempre temos que agradecer ao Todo-Poderoso por cada dia vivido. Quanto a mim, só tenho agradecimentos a fazer ao Criador de Tudo por ter chegado até aqui, e, porque não dizer, por estar escrevendo estas linhas para quem interessar possa.

A propósito, gostaria de relatar, da forma mais cronológica possível, fatos que comigo aconteceram e que puseram a minha vida em xeque. Com efeito, quando tinha 12 anos, levei um coice de um asno, na boca, que ‘extraiu’ dois dentes e suas respectivas raízes! Por pura sorte o meu maxilar não foi afetado. Por outra, se esse coice tivesse acertado o meu tórax ou minha cabeça, talvez eu não estivesse mais contando esta história.

Era um domingo ensolarado do ano de 1975. Eu estava na casa do mano Ademar Machado, na praia de Camboinha, município de Cabedelo/PB, tomando umas cervejinhas, quando me aventurei a ir andando de água adentro, com a maré baixa, até alcançar a ilha de Areia Vermelha, que fica a um quilômetro da areia da praia em questão.

Demorei aproximadamente uma hora para chegar à ilha sem que a água cobrisse a minha barriga. Ao chegar ao destino, fora advertido de que a maré estava enchendo. Incontinenti, entrei na água e comecei a retornar para o litoral. Quando andei uns 150 metros, a água já estava quase me cobrindo! Resumo da ópera: tive que fazer o restante do percurso nadando, e nessa incursão marítima eu quase me afoguei, chegando à praia bastante exausto. Nesse dia, praticamente eu nasci de novo.

No ano de 1978, quando estava aprendendo a dirigir, em plena capital paraibana, e sem instrutor, cometi uma lambança que quase, quase, ceifou a minha vida. É que, ao tentar cruzar uma rodovia federal, apenas havia olhado para o lado direito, quando do lado oposto, do nada, surgiu em minha direção um carro em alta velocidade. Por um segundo fiquei indeciso se freava ou continuava a travessia. Optei pela primeira decisão, para minha sorte, porque, caso contrário, o citado veículo teria colidido com o meu, atingindo exatamente a porta do meu lado. Aí as consequências teriam sido catastróficas.

Já trabalhando em Floresta/PE, em 1979, eu morava numa antiga casa, cuja cumeeira era bastante alta, e o seu madeiramento era por demais mal conservado. Pois bem, num certo final de semana os colegas que moravam comigo nessa casa viajaram e eu fiquei sozinho. Num dia de domingo, por volta de 11 horas, fui para um bar tomar algumas cervejas para depois almoçar.

Quando estava tomando a segunda cerveja, chegou um colega de trabalho, desesperado, à minha procura. E ele foi logo dizendo: “Graças a Deus, doutor, que o encontrei aqui. É que a casa que o sr. mora caiu, e eu pensei que o senhor estivesse no meio dos escombros. Cheguei lá, gritei, e ninguém respondeu nada, por isso vim procurá-lo pelas ruas da cidade”.

Por essas e outras é que o velho meu pai sempre dizia “a gente só morre na hora”, “o nosso destino está traçado” e outras frases semelhantes.

Pelo exposto, podemos inferir que, em certas circunstâncias, nem dentro de casa a gente está seguro. E que, também, uma cervejinha gelada, às vezes, faz bem à saúde e à vida. Na verdade, na verdade, a nossa segurança mesmo reside em Deus. Por isso é que temos que Nele acreditar e ter fé. Muita fé.

Mais alguns fatos posso ainda relatar, pois os acho relevantes. Um deles foi quando mandei consertar a câmara de ar do meu carro. Depois que a câmara foi consertada e colocada dentro do pneu, ao enchê-la, o pneu estourou, e foi arremessado a uma altura de quase dez metros. Por pouco, mas muito pouco mesmo, o pneu não caiu na minha cabeça. Assim, escapei de morrer por mais uma vez. Porém é importante frisar que esse incidente aconteceu por culpa exclusiva do borracheiro, que colocou a câmara de ar, dobrada, dentro do pneu.

Outros fatos me aconteceram quando me deslocava em rodovias federais, jurisdicionadas à Unidade Local (UL) do DNIT onde trabalhava, na cidade de Floresta/PE. Pois bem, mais ou menos no ano de 1993, na BR-110/PE, nas proximidades da cidade de Petrolândia, eu passei por um grande susto. E bota susto nisso! É que, a certa altura do caminho, me deparei com uma grande rocha “voando” por sobre a rodovia, passando logo à frente do meu automóvel. Se estivesse andando mais rápido, a rocha poderia ter atingido o meu carro.

Na verdade, a rocha foi arremessada por intermédio da explosão de dinamites, e aí houve uma total imperícia por parte dos detonadores, que não sinalizaram nem interromperam o tráfego momentos antes da explosão de grande monta. A diferença, nesse caso, é que, além de mim, toda a minha família correu risco de morte!

Já na BR-316/PE, entre Petrolândia e Floresta, no ano de 2002, estava a serviço de minha repartição, dirigindo um carro oficial quando, de repente, me deparei com um carro vindo na contramão. Para evitar uma colisão frontal, tive que fazer uma manobra brusca e arriscada, o que fez com que o carro oficial atravessasse a pista de rolamento, de forma transversal, e em seguida descesse um aterro, vindo, finalmente, a colidir com uma algaroba. Como consequência, levei apenas um pequeno arranhão na testa, apesar de o carro ter ficado bastante avariado. Agora, caro leitor, imagine se tivesse havido uma colisão frontal!

Por fim, a partir de 2020, com o surgimento dessa malfadada pandemia, não só eu, mas todos nós corremos risco de morte… E como!

  • Aderson Machado é Engenheiro Civil e Bacharel em Letras
É BOM ESCLARECER
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Uma resposta para RISCO DE MORTE, por Aderson Machado

  1. O cronista tem mais vidas do que um gato!
    Muito bom, o texto! Parabens!