Muitos analistas tecem teorias sobre o comportamento do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tentando encontrar alguma lógica, algum padrão. Realmente, chama a atenção a forma como ele vem se conduzindo ao longo desses dois anos.
Desde que assumiu o cargo, ele frequenta o Palácio do Planalto todos os dias. Nem sempre como local de trabalho, pois parece comportar-se mais como um visitante. Usa aquele espaço como alguém que não tem vínculo trabalhista por lá.
Eleito democraticamente, esperávamos que ele assumisse o trabalho para o qual concorreu e venceu. Pensamos: “Deixem o homem trabalhar”. Mas ele sempre se portou qual adolescente deslumbrado com responsabilidade de adulto que inesperadamente lhe caiu no colo. Lembra o personagem de Tom Hanks no filme “Quero Ser Grande,” de 1988.
Já é de domínio público a sua atitude (ou a falta de) ao despachar com subordinados. Não é levado a sério, apenas temido pela capacidade de perseguir e prejudicar aqueles que ele nomeia como desafetos.
Já é notória, também, a sua fuga dos ossos do ofício, dos encargos do cargo. Está sempre transferindo culpas, deveres ou prerrogativa do fazer para outras pessoas ou instituições.
Quanto às suas briguinhas ou polêmicas diárias (semanais, no começo), evidente que lhe trazem benefícios.
Em relação aos seus fanáticos seguidores e àqueles que ainda lhe têm alguma simpatia, ele mantém o clima sempre eletrizante. Impulsiona comentários e falatórios pelo resto da semana. Parece ser adepto da máxima infame: “Falem bem ou falem mal. Mas falem de mim!”.
Quanto àqueles que nunca caíram no canto de sereia ou descobriram amargamente que não fizeram boa escolha, suas arengas infanto-debiloides trazem dificuldades para se pensar e organizar algum tipo de ação. E, dentro da mídia, Bolsonaro garante um bom espaço, uma boa fatia no noticiário. E a pecha de ser perseguido pela imprensa, coitadinho.
Outro efeito positivo para o ocupante da Presidência da República é manter a oposição sempre desarticulada, acuada, sem capacidade para organizar propostas que possam ser aprovadas pelo Congresso ou adotadas pelo povo.
Mas, dentro do caos de relacionamento de Bolsonaro com o Brasil, já dá para perceber alguma regularidade, algum padrão. Ele solta as suas bombas de gás para se beneficiar. Ao reconhecer que não tem capacidade para administrar nem o seu condomínio residencial na Barra, o Milician Paradise, Bolsonaro promove a bagunça para não ter que tomar decisões.
Ele promove a desordem e pula fora, para observar a poeira descer, e ver como ficou.
Parece surgir alguma luz no fim do túnel político no qual Bolsonaro enfiou o Brasil: os parlamentares mais sensatos estão se unindo para reduzir a sua influência política no Congresso. É uma esperança para o Brasil, pois poderá controlar as suas investidas contra as instituições democráticas.
Temos que ser otimistas, porém com um pé atrás. Pois a eleição das mesas da Câmara Federal e do Senado ainda não aconteceu e há sempre o risco de ser servida sopa de traíra durante o sufrágio.
Vamos ver.
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