Nasci e me criei na zona rural do município de Areia, Paraíba. E tenho muito orgulho em dizê-lo, porquanto para ser um cidadão não se faz necessário que a pessoa seja nascida na cidade. Ademais, fui criado em um regime onde havia bastante disciplina, imposta pelos meus genitores, evidentemente. E é bom lembrar que eles não tiveram muita instrução escolar, apenas sabiam ler e escrever o suficiente para o dia a dia.
No caso de meu genitor, ele teve apenas dois meses de escola, mas, por ser autodidata, aprendeu a ler e escrever bem como fazer as quatro operações aritméticas. Mas o importante é que ele não queria que os filhos seguissem o seu exemplo. Sendo assim, fomos colocados na escola desde pequenos; queria que fôssemos doutores!
Antes de irmos para a escola, em casa éramos devidamente orientados no sentido de nos comportar de maneira civilizada. Assim, não podíamos nem devíamos fazer nada de errado, sob pena de sermos severamente punidos. Era assim que o barco andava, ou seja, navegava.
Apesar de ter nascido na zona rural, nunca tive vocação para as ciências agrárias. No entanto, quis o destino que, aos 13 anos de idade, fosse estudar exatamente em um Colégio Agrícola Federal, ou seja, o Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN) em Bananeiras, Paraíba. Por ser filho de agricultor, tive prioridade em ingressar nesse Colégio, ainda que me submetesse ao famoso Exame de Admissão ao Ginásio.
Uma vez admitido no Educandário em questão, em regime de internato, passei a viver uma realidade bem diferente da que estava acostumado até então.
Saíra do convívio do meu doce lar para me juntar com pessoas estranhas, pessoas essas assaz heterogêneas, em todos os aspectos. Esse fato, contudo, poderia ter representado para mim uma grande dificuldade de adaptação, se não fora as lições de vida que aprendi no lar, uma vez que convivia com um maior número de pessoas, enfrentando diversos tipos de situações, o que me foi deveras útil para enfrentar as vicissitudes da vida.
É importante sabermos que a verdadeira Educação nós aprendemos – ou deveríamos aprender – com os nossos genitores, porquanto a Escola é responsável, primordialmente, pela nossa instrução, na medida em que adquirimos conhecimentos de Português, Matemática, Física… No caso do Colégio em pauta, também obtive conhecimentos que me prepararam para a vida. Com efeito, em se tratando de valores morais como respeito, cidadania, polidez, honestidade ou coisa que o valha, aprendi tudo isso tanto com meus pais como no CAVN.
A propósito, podem me chamar de quadrado, ultrapassado ou seja lá o que for, mas confesso que sou do tempo em que se tomava a bênção aos pais, tios, tias, padrinhos, madrinhas, e por aí vai… Também não dispensava um bom dia, boa noite, boa tarde a todas as pessoas com as quais me encontrava pelos caminhos da vida.
Respeitar os mais velhos, independente da condição social, religiosa, racial etc. era outra coisa que aprendi desde pequeno. Tudo isso me remete ao seguinte pensamento: “Respeito é bom e eu gosto”. E tem mais: expressões como “com licença”, “desculpe-me”, “por favor”, “posso entrar?”, faziam parte do meu cardápio!
Infelizmente, nos tempos hodiernos, essa prática está em decadência, o que é uma pena. Com a chegada da Informática, então, é que a coisa está complicada. Hoje todo mundo está plugado a um computador, tablet, iPod, iPad, iPhone ou algo parecido. Praticamente não há mais diálogo no seio familiar! Está todo mundo conectado com o mundo o tempo todo… Uma loucura! E é aí que reside o lado negativo da internet, na medida em que nos distanciamos dos próximos e nos aproximamos dos distantes, virtualmente.
Definitivamente, estamos vivendo num mundo virtual. Sendo assim, o mundo palpável, real, está em segundo plano!
Só um cego não vê esse estado de coisas…
- Aderson Machado é Engenheiro Civil e Bacharel em Letras
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