O mar está arrastando pedras colocadas ao pé da barreira do Cabo Branco para outras áreas da praia do mesmo nome, ameaçando estender-se até Tambaú, causando danos ambientais de quase impossível reparação e de proporções ainda imensuráveis.
O alerta é de Francisco Jácome Sarmento, Professor Doutor de Engenharia Civil da UFPB e especialista em recursos hídricos. Morando há mais de 30 anos em João Pessoa em local bem próximo do trecho de praia mais afetado pelo deslocamento das pedras, ele classifica de crime ambiental o que está acontecendo.
O problema, explicou, é causado pelo tamanho e peso inadequados das pedras usadas no enrocamento da faixa que circunda a falésia, uma das etapas mais importantes de obra contratada pela Prefeitura da Capital para evitar a destruição total da barreira pela erosão.
Há dois meses, Sarmento comunicou o fato e suas preocupações ao “pessoal da Prefeitura”. Sem retorno, decidiu levar o caso a público em redes sociais, ontem (12). Hoje (13), fotografou e filmou o local atingido, além de recuperar fotos do ano passado para mostrar o antes e o agora.
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“Ainda mais grave”
Bem menores e bem mais leves do que deveriam ser, as pedras não resistem à força das ondas e vêm se espalhando pela costa nos últimos oito meses (a obra foi iniciada em novembro de 2019). O movimento prejudica também a reposição de areia na parte mais prejudicada, o que agravaria ainda mais a situação, ressalta Sarmento.
“A obra alterou a dinâmica de transporte de sedimento da praia. Acontece o seguinte: em toda a praia, a areia é carregada e recarregada por uma corrente paralela à linha de costa ao longo do litoral. Nessa dinâmica de transporte, areia entra, areia sai, mantendo-se um equilíbrio agora alterado pela intervenção que fizeram lá”, explica.
Sarmento adverte que a perda desse equilíbrio é ainda mais grave porque as pedras podem até ser transportadas, mas a areia, não. “Com as pedras, você pega uma retroescavadeira e resolve, mas transporte de sedimento é outra história. Você não tem como repor areia. Por mais areia que coloque, ela vai embora”, disse.
O que diz a PMJP
Procurada pelo blog, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa enviou nota na qual Noé Estrela, coordenador da Defesa Civil do município, garante que as “rochas” que aparecem na praia de Cabo Branco são “sedimentares e seixos já existentes há milhares de anos no mar”.
Ele classifica como “inverídica” a informação divulgada por Francisco Sarmento, explicando ser impossível o deslocamento, pela força do mar, das pedras do enrocamento do sopé da barreira. E acrescenta: “Além das pedras sedimentares e seixos, também há pedras que se soltaram de gabiões construídos há alguns anos para proteção da calçadinha”.
Noé Estrela conclui afirmando que o aparecimento das pedras na areia, mesmo não sendo as mesmas da obra da barreira, não traz qualquer prejuízo à praia e auxilia a proteção da calçadinha, “quando há picos de ondas de mais de dois metros”.
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Uma resposta para PROFESSOR DENUNCIA CRIME AMBIENTAL NO CABO BRANCO (também em vídeos)
Deveria se preocupar em acionar o Município para elaboração de “Engorda de praia “.