Difícil lembrar outro colega tão jornalista quanto Adelson Barbosa. E, por excelência, repórter, função que consagra a essência do jornalismo. Tive a sorte de ter sido o primeiro a me valer do talento dele.
Aproveitar-se talvez diga melhor, porque sem dúvida alguma houve sentido acréscimo de qualidade à reportagem do Correio da Paraíba quando Adelson iniciou carreira no jornal sob a minha editoria, em 1988.
Ele ingressou nos quadros do diário pessoense juntamente com Madrilena Feitosa, outra vocacionada e das mais qualificadas no ofício para o qual foram preparados pelo curso de Comunicação Social da UFPB.
Os dois foram classificados em processo seletivo que realizei com o auxílio luxuoso de Walter Galvão, então chefe de Reportagem do Correio. Concorreram com outros nove oriundos dos bancos acadêmicos.
Fizeram estágio ‘de campo’ seguido de prova escrita para avaliar a escrita dos candidatos a repórter. Madrilena e Adelson destacaram-se de tal forma que por muito pouco não foi cancelada a etapa final do concurso.
Enfim contratado, Adelson não demorou a ser escolhido para cumprir pautas relevantes e impactantes. Algumas bem ‘carregadas’, como aquela em que virou refém de um truculento deputado paraibano.
Destemido, sempre muito direto e franco, o repórter Adelson Barbosa não fazia perguntas para agradar a seus entrevistados. Deve ter feito uma daquelas ao coroné que certa feita entrevistou no interior do Estado.
Não lembro, sinceramente, o nome do atrabiliário. Nem o diria, se lembrasse. Morreu faz tempo quem não teria como se contrapor à versão de agora, de que por brutal incivilidade pôs uma vida em risco.
Não me recordo também dos detalhes, mas tenho que Adelson foi salvo graças à exposição, no jornal, do cárcere privado a que foi submetido num quarto da casa grande de uma fazenda no município de Teixeira.
Expor-se publicamente vai além da vaidade que um Adelson Barbosa possa ter ou querer. Ser conhecido e reconhecido é um bom escudo desse mister quase sempre obrigado a confrontar pessoas nefastas.
Em legítima defesa, o bom e corajoso jornalismo transforma os canalhas com que lida nos ‘suspeitos de sempre’, nos mandantes preferenciais de ameaças ou atentados à integridade física e até à sobrevivência do jornalista.
Adelson trazia coragem na mesma proporção de competência em seu combo genético. Daí a razão, creio, de se ter projetado tanto no seu desempenho quanto na estima e admiração dos contemporâneos.
Acredito mesmo que a mesma composição orgânica se fez a couraça mais forte e resistente, quase inexpugnável, da projeção de Adelson Barbosa como jornalista, repórter antes de tudo, dentro e fora da Paraíba.
Triste e precocemente, sua gênese não lhe valeu de fortaleza para reagir e superar, até vencer, o mal que lhe consumia há dois anos e hoje consome de tristeza imensa todos aqueles que lhe querem bem.
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3 Respostas para ADELSON BARBOSA, JORNALISTA POR EXCELÊNCIA
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Tive o privilégio, embora em lapso curto de tempo, de conviver com este às na redação do Correio da Paraíba. Nosso hoje depauperado jornalismo fica bem mais pobre sem a presença de Adelson.
Um lindo comentário amigo, sobre o queridoe jornalista que nos deixou. Adelson foi um valor do jornalismo, corajoso e responsável, hoje pouco posto em prática. Ele foi daqueles jornalistas, que buscavam a pauta em busca da matéria, muitas vezes sabendo do perigo que corria. Cumpria a missão sem medo. Era um repórter corajoso e compromissado com a verdade dos fatos.
Parabéns, mais uma vez, pela homenagem ao Adelson, que partiu e deixa uma lacuna na comunicação paraibana.