A primeira vez que fui a um bar para beber à minha custa foi no dia 6 de maio de 1974. E essa não era uma data qualquer, porquanto se tratava de meu aniversário.
Foi uma comemoração solitária. Afinal, não convidara amigos nem parentes. Na verdade, estava comemorando duas coisas, ao mesmo tempo: o meu aniversário e o recebimento de meu primeiro salário como professor. A propósito, à época ensinava no então Colégio Regina Coeli, situado à Rua General Osório, no centro de João Pessoa.
O local por mim escolhido para essa dupla comemoração foi o restaurante Pietro´s Pizzaria, cuja localização era bastante privilegiada, por se ter, de lá, uma vista panorâmica da Lagoa do Parque Solon de Lucena – um verdadeiro cartão postal de João Pessoa. Esse restaurante era bastante frequentado, principalmente nos finais de semana, pelos pessoenses, bem como pelos turistas que visitavam o centro da cidade.
Havia pelo menos dois motivos para que o Pietros’s fosse bastante movimentado: sua localização, e o fato do fechamento da tradicional Churrascaria Bambu, que teve seu auge aí pelos anos 50 e 60. A essa Churrascaria, famosos políticos e intelectuais, jornalistas, quer da Paraíba, ou de outros estados, costumavam ir. Com a sua extinção, por volta do ano de 1973, boa parte de seus frequentadores migrou para o Pietro’s, que era uma novidade, enfim, uma nova opção, em se tratando de bar e restaurante.
O Pietro´s Pizzaria, mais conhecido como Pietro´s, ficava localizado na esquina da Rua Padre Meira com a Rua Diogo Velho, que margeia a Lagoa. Na esquina oposta ficava um outro restaurante – Flor da Paraíba -, não menos movimentado do que o Pietro´s Pizzaria. Eu mesmo costumava ir aos dois, porém, preferia esse último.
É bom lembrar que já costumava ir ao Pietro´s antes mesmo da data no início referida. O fazia, normalmente, na companhia do mano Moacir Machado, através do qual conheci, no bar em apreço, o boêmio Mário Lins, conhecido frequentador das noites pessoenses, e ex-integrante da famosa Orquestra Tabajara, do saudoso Maestro Severino Araújo. Essa Orquestra, por sinal, fez com que a Paraíba ficasse conhecida no Sul do Brasil, tanto que, anos depois, o nosso Maestro foi morar no Rio de Janeiro, para onde levou a sua Orquestra. Mas essa é outra história…
Voltemos ao Pietro´s.
Era lá que sempre me reunia com meus colegas de magistério, para tirarmos o “pó-do-giz”. Era essa a expressão que usávamos quando íamos beber logo após uma noite de aulas, mormente nos finais de semana. Dentre esses colegas, cito aqui o nome do hoje consagrado professor, conferencista e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, que costumava chamar a cerveja de “a loira gelada”.
Havia, no Bar Pietro´s, vários garçons. Porém, um deles se destacava dos demais em função de sua simpatia e prestimosidade. Tratava-se da figura de “Seu Biu”, um homem de baixa estatura, no entanto, uma grande pessoa humana; digamos, uma pessoa da mais alta qualidade. Era o garçom preferido por todos.
Infelizmente, como o tempo é implacável, o Bar e Restaurante Pietro´s há muito já deixou de existir. Hoje, em seu local, existe um edifício comercial.
A todos que passaram pelo Bar Pietro´s, resta a lembrança dos bons momentos de lazer lá desfrutados.
Quanto a “Seu Biu”, não tenho notícias dele.
De qualquer maneira, ficam aqui este registro e a saudade desse recinto que tanto me fascinou, principalmente nos meus tempos de universidade
- Aderson Machado é Engenheiro Civil e Bacharel em Letras
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