Uma academia de jornalismo na redação de O Norte

O Norte que me acolheu em 1974, já na então sede nova da Avenida Pedro II, Centro de João Pessoa, era uma verdadeira academia de jornalismo, sob editoria-geral de Teócrito Leal e coordenação de Evandro Nóbrega, que fazia o papel de chefe (ou secretário) de Redação.

Pra vocês terem uma ideia, além de Teó e Druzz, que decidiam o que sair e como sair no jornal, boa parte dos textos publicados em O Norte era redigida por ninguém menos que Nathanael Alves, Luiz Augusto Crispim e Martinho Moreira Franco.

Nathan (foto acima), assim carinhosamente chamado por seus mais próximos, era também dos mais admirados cronistas da Paraíba, juntamente com o próprio Crispim (foto ao lado) e Gonzaga Rodrigues, que chefiou a Redação de O Norte na velha sede da Duque de Caxias, no Centro Histórico da capital paraibana, antes da era Marcone Góes, inaugurada em 1969 e objeto de capítulo adiante.

Já o multitalentoso Martinho Moreira Franco, o Morengueira (foto abaixo), distribuia e ainda brinda leitores com excelência de escrita tanto no texto jornalístico como no publicitário. Com a mesma qualidade, incursiona pela crônica e crítica de cinema.

Pois bem, aquele trio fantástico formava a bancada de copidesques de um jornal que contava ainda com a versatilidade de um Dásio Sousa. Também médico e radialista, ele editava os cadernos de cultura e de esportes.

Em Esportes, editoria que concentrava no futebol praticamente todo o seu noticiário, o incansável Gogoia (apelido de Dásio) tinha o auxílio luxuoso de Martins Neto, o Quati, e de Antônio Hilberto, o Negão Toinho.

Mas, como se fosse pouco dar conta de tudo isso e de plantões em hospitais, Dásio Sousa ainda arranjava tempo para jogar no time de craques que transmitia futebol pela Rádio Tabajara. Era repórter ‘de pista’, como chamam aquele que leva ao ouvinte detalhes da partida diretamente do campo onde transcorre a ‘peleja’.

Dásio, Quati e Pedro Moreira, meu chefe imediato e responsável pelas seções de Nacional e Internacional, exerciam a função de editor setorial, cargo que também desempenhei ‘tirando’ folgas, faltas e férias dos colegas.

Editor de ‘Polícia’

Foi um aprendizado e tanto as substituições que me confiaram. Tornei-me um coringa de redação, ‘jogando nas onze’, inclusive encarando missões dificílimas como a de suprir as ausências de Juarez Félix, editor de Polícia, ou de Fernando Wallach, que à noite fechava (editava a primeira página) do Diário da Borborema.

O DB passou a ser impresso em João Pessoa a partir de 1973. Creio que por obsolescência do seu parque gráfico. O jornal era montado e editado quase todo em Campina, incluindo boa parte da capa, que chegava à Redação de O Norte com alguns ‘buracos’ reservados às notícias de última hora. Wallach, em parceria com José Cabral, o Cabralzinho, preenchiam as lacunas durante a noite.

A ‘página policial’ era dos maiores índices de leitura – talvez o maior – de O Norte e de qualquer outro jornal de então. E o velho Juarez era um bom e criativo redator, além de exímio editor. Carimbos que ele colocava nos casos de maior repercussão, por exemplo, pegavam fácil, apesar da forma equivocada como ele os grafava, atribuindo crimes ao local onde aconteceram ou mesmo às vítimas.

Palinha: a finada Churrascaria Bambu da Lagoa (Centro de João Pessoa) não cometeu crime algum, óbvio, mas se Juarez Félix identificava como ‘Crime da Bambu’ o assassinato de um motorista, ocorrido naquele restaurante… Doravante, para todo o sempre, ficou ‘Crime da Bambu’ e pronto. Da mesma forma, o flanelinha assassinado por um estudante de Medicina na Praça João Pessoa protagonizou, graças a Juarez, o ‘Crime do Flanelinha’.

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