A decisão do governador João Azevedo de fundir estruturas e serviços do Estado que cuidam de pesquisa agropecuária (Emepa-PB), extensão rural (Emater) e regularização fundiária (Interpa) é alvo de duras críticas de técnicos que atuam ou já atuaram em alguma dessas empresas.
Imposta por medida provisória publicada no dia 2 deste mês que criou a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), a fusão repercutiu negativamente, com maior intensidade, entre expoentes do meio profissional como Paulo Roberto de Miranda Leite.
Ex-presidente da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária, ele publicou semana passada no Facebook um artigo que na avaliação do professor Antônio Carlos Ferreira “deve resumir magistralmente o sentimento ou mesmo o silêncio de todos aqueles que trabalham ou trabalharam na Emepa e congêneres”.
Ex-coordenador estadual do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), Antônio Carlos disse ontem (14) que a MP editada pelo novo governo apenas complementa atos da gestão anterior, à qual atribui “sucateamento e desmonte do setor agropecuário paraibano, com esvaziamento da Emepa, da Emater, do Interpa e da defesa agropecuária”.
Por sua vez, Paulo Roberto, ex-presidente e um dos fundadores da Emepa, escreveu que a “dissolução” da empresa de pesquisa colocou a Paraíba “no caminho inverso do desenvolvimento social, cultural e econômico da produção agropecuária”. Segundo ele, a Emepa “era a única empresa do setor agrícola do Estado da Paraíba que tinha visibilidade e reconhecimento nacional e internacional”.
Pesquisador aposentado da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Paulo Roberto também ajudou a fundar e presidiu a Associação Brasileira de Criadores do Gado Sindi, raça do qual é um dos maiores criadores do Nordeste.
Ele lembra em seu escrito que os pesquisadores da Emepa trabalharam por 40 anos para criar um dos mais importantes e avançados bancos de genética animal do país, “sendo referência para todo o Brasil e para os países das regiões tropicais, principalmente das zonas tropicais áridas e semiáridas”. Garante ainda que “não existe país, criador ou selecionador de raças e associações promotoras de raças puras que não tenham como referência em muitos aspectos o nome ou marca da Emepa-PB”.
“Com uma justificativa de economizar recursos financeiros se dissolve uma empresa de pesquisa sem avaliar qual era ou foi o valor incalculável para economia do estado, dos estados nordestinos e do país dessas pesquisas, publicações, seminários, palestras e acesso destes materiais ao universo de pequenos, médios e grandes produtores das zonas semiáridas do país, pois muitos produtos gerados pela Emepa-PB transformaram-se em soluções e riquezas para o agronegócio paraibano em particular e nacional de forma geral”, reforça Paulo Roberto.
De acordo com nota publicada pela Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), a fusão de Emepa, Emater e Interpa proporcionará ao Estado uma economia de R$ 20 milhões por ano. A medida não afetaria a pesquisa agropecuária ou qualquer outra atividade de Emater ou Interpa porque a economia virá da redução de 500 para 74 cargos comissionados.
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