Ciop da Paraíba implantou este ano novo sistema com tecnologia digital (Foto: Página 1 PB)

O Ciop (Centro Integrado de Operações da Polícia) está sendo usado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado para monitorar o que os policiais paraibanos fazem ou deixam de fazer em horário de trabalho. A denúncia foi feita ontem (18) pela Adepdel (Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba).

Em nota à imprensa, a entidade “repudia a forma como a Secretaria de Segurança Pública está tratando os policiais civis do Estado”, usando o Ciop como uma central de vigilância (ou espionagem) das atividades policiais. Presidente da Adepdel, o delegado Steferson Nogueira (foto) chama o procedimento de “represália” ao trabalho da Polícia Civil.

Sem citar nominalmente o secretário Cláudio Lima, Steferson lamenta que o titular de Segurança Pública se preocupe em monitorar policiais, em vez de dedicar seu tempo à informatização da Polícia Civil, à melhoria das condições de trabalho e de remuneração dos policiais civis, além de promover concurso público para reforçar os quadros da instituição, algo que não é feito há dez anos.

Steferson também chama a atenção para a questão dos plantões a que são obrigados os policiais. Delicada e preocupante é como o delegado define a situação, ressaltando que “em alguns polos como Sapé, por exemplo, o plantão só conta com dois policiais e um delegado”. Já em Mamanguape, “em vários dias no mês”, a Polícia Civil dispõe de apenas três servidores para 12 cidades.

O delegado informa ainda que a Central de Flagrantes da Capital, que antes contava com duas equipes de plantão, agora só de dispõe de uma equipe para João Pessoa e Cabedelo e em muitos casos nem conta com escrivão. “Além de o secretário não se preocupar com o que de fato é importante para a Polícia Civil, ele usa o Ciop, que foi criado para atender ao cidadão, para monitorar o policial. É preciso corrigir as falhas do CIOP. Será que o cidadão está sendo prontamente atendido?”, questiona.

Ainda na nota da Adepdel, seu presidente credita a permanência de Cláudio Lima no cargo, nos últimos oito anos, aos números positivos que o desempenho da Polícia Civil teria proporcionado à segurança pública na Paraíba no período.

O QUE DIZ A SECRETARIA

Delegado-Geral João Alves (Foto: Secom-PB)

Procurada pelo blog, a Secretaria de Segurança Pública manifestou-se através do delegado-geral João Alves de Albuquerque, conforme texto reproduzido a seguir.

Segundo a Portaria Nº 101/2018 do Secretário de Estado de Segurança e Defesa Social, de 29.10.2018, publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) de 31.10.2018 e, na mesma data, no BSPC (Boletim de Serviço da Polícia Civil), o Sistema de Rádio Comunicação Digital do Estado é o meio de comunicação oficial da Polícia Civil da Paraíba.

Foi determinado ao integrante da Polícia Civil no Centro Integrado de Operações (CIOP) que realize comunicação diária com todas as unidades policiais, especialmente nos horários de troca de plantão. O procedimento tem o objetivo de fomentar a comunicação interna na instituição, com uso da nova tecnologia de rádio comunicação adquirida pela Segurança Pública, agregando mais eficiência e rapidez à atividade policial.

A comunicação via rádio sempre aconteceu na Polícia Civil e não há problemas para que seja repassada ao CIOP a informação sobre as equipes presentes nas unidades de Polícia Civil.

Destaque-se que o CIOP é subordinado à Secretaria e integra todos os órgãos operativos da pasta. Os servidores que lá trabalham (policiais civis, militares e bombeiros) são responsáveis não só pelo atendimento ao público, mas também por despachar ocorrências e manter a comunicação interna necessária entre as instituições.