COMO O BRASIL VAI ELEGER UM PRESIDENTE? por Uranio Bonoldi

Poucos dias após os partidos anunciarem candidatos à Presidência do Brasil, os postulantes começaram suas aparições na mídia e apresentam suas ideias e projetos. É uma ótima hora para avaliar quem tem um bom plano para o país.

Uma observação que tenho para fazer a respeito deste período de campanha é sobre as promessas feitas pelos políticos: coincidência ou não, todos eles têm o hábito de esquecer que o país é habitado por pessoas – por gente! Garantem investimentos em infraestrutura de todo tipo, de benesses alucinógenas, esquecidos, porém, que a população não tem garantido recursos básicos para sobrevivência com independência e vida digna.

No Brasil assolado pela pobreza, emergente em relação à economia mundial, é necessário buscar alguém que proponha, como requisito básico, o investimento em educação, dado que vivemos em um país que enfrenta o analfabetismo funcional, o que leva a uma desvantagem competitiva alarmante. E este é o tema do post de hoje: como o Brasil vai decidir por um presidente se apenas 22% dos universitários do país são plenamente alfabetizados?

Você consegue dimensionar isto? De cada 100 pessoas que deixam a faculdade, 68 não conseguem ter uma compreensão ampla de um enunciado, segundo a pesquisa Indicador de Analfabetismo Funcional, conduzida pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ong Ação Educativa. E reforço aqui: não compreendem um enunciado!

Estudo divulgado semana passada pelo Unicef, baseado em levantamento feito pelo IBGE de 2015, mostra que 6 a cada 10 crianças e adolescentes no país vivem na pobreza – são pobres ou têm privação de direitos. Ou seja, 32 milhões de meninas e meninos vivem na pobreza em várias dimensões. Daí vem o dado muito preocupante: mais de 15 milhões são privados de acesso à educação e à informação.

Por outro lado, existem milhões de crianças na escola, mas elas não estão aprendendo. Segundo levantamento do Banco Mundial, se mantivermos o nível atual de evolução em educação, chegaremos ao patamar dos países desenvolvidos em 238 anos para questões de leitura e 75 anos para questões de matemática!

Há muito tempo, o poder público brasileiro deixou de realizar um ensino inclusivo, equitativo (que permite a competição justa) e de qualidade. Até agora, nenhum candidato a presidente tem mostrado empunhar esta bandeira fundamental para o desenvolvimento do país. O Brasil tem que formar cidadãos globais, que saibam trabalhar em equipe, que saibam persistir, que tenham resiliência e muita criatividade em função do mundo que já se descortinou à nossa frente, o mundo da robotização – da automação e da inteligência artificial.

Em um cenário em que as redes sociais são fortes aliadas dos políticos para divulgarem suas propostas, basta uma análise simples de alguns textos e respectivos comentários para comprovar que o brasileiro não compreende o que lê. Isto pode vir aliado a sentimentos negativos que resultam em ofensas, agressões e até fake news.

No Brasil, em que existe a escolarização, mas o sistema de escolas públicas é falho e os professores não são valorizados, não são bem treinados e não são reciclados, nunca se escreveu tanto, tão errado e se interpretou tão mal. Existe gente que escreve na Internet que é contra a decisão de um determinado juiz de condenar ou soltar alguém sem, no entanto, sequer compreender os detalhes técnicos legais pelos quais foi tomada aquela decisão. Há aqueles também que recomendam um remédio para determinada doença sem ter conhecimentos médicos.

E no contexto das eleições, existem as pessoas que difundem opiniões sobre candidatos e suas campanhas sem ao menos ler uma linha de suas propostas. Muito menos clicam nas reportagens sobre o assunto em seus feeds de notícias nas redes sociais, interpretando (e falando com propriedade sobre o assunto), depois de apenas ler o título da matéria.

Com todas estas evidências e fatos, é hora de colocar nas escolas a escrita, o gosto pela leitura e a interpretação de texto como uma das prioridades de análise das políticas de Estado para decidir o futuro da Presidência do Brasil. De outro lado, também precisamos de candidatos que não precisam decorar palavras para falar em público, o que reforça também o analfabetismo funcional. Volto à pergunta feita no início do texto: como o país vai eleger um presidente? E acrescento outra: qual candidato cumpre com requisitos relativos à educação de qualidade?

O futuro das próximas gerações é hoje e está em nossas mãos! É preciso coragem para mirar em nossos candidatos a presidente e se arriscar em um futuro tão incerto pela falta de propostas no campo do que de fato faz a diferença de uma nação – a nossa educação.

  • Uranio Bonoldi é consultor, palestrante e oferece coaching personalizado para empresários e executivos 
  • www.uraniobonoldi.com.br
É BOM ESCLARECER
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3 Respostas para COMO O BRASIL VAI ELEGER UM PRESIDENTE? por Uranio Bonoldi

  1. Severino Alexandrino Santos de Lima escreveu:

    Caro jornalista Rubens Nóbrega,
    A propósito, trago à baila, penso eu, um tema pertinente com a brilhante reflexão do Sr Urânio Bonoldi e assaz palpitante, já que envolve as eleições gerais de 2018. Trata-se de uma planilha (anexa) que pondera notas de 1 a 10 em parâmetros ou requisitos preestabelecidos, com pesos de 1 a 5, que analisa o candidato no contexto da POLÍTICA, da RELIGIÃO, da FAMÍLIA e da SOCIEDADE, bem como seus ATRIBUTOS PESSOAIS e a sua VIDA PREGRESSA, cujo preenchimento (fundamentado) ajudará a escolhermos, se não o candidato ideal, ao menos o MENOS RUIN, que será aquele com a nota FINAL maior, de 1 a 10. O preenchimento é bastante simples: basta inserir as notas nas células assombreadas (desbloqueadas) correspondentes aos respectivos itens objetos das avaliações. Ao todo serão 30 notas. Ao final, será obtida a MÉDIA PARCIAL ponderada, também de 1 a 10. Na sequência, deve-se atribuir uma nota de 1 a 10 para manifestar a qualidade política do candidato a vice, se ele tem potencial para ajudar ao governo política e administrativamente. A nota FINAL é a média ponderada entre essa nota, com peso 1, e a média parcial ponderada dos 30 itens avaliados, com peso 2. A dificuldade é fundamentar as notas, repito: será necessário pesquisar seria e profundamente, com imparcialidade. Por fim, dizer-lhe que recebi com muita tranquilidade sua lúcida crítica à planilha, ao argumento de que pouquíssimas pessoas (eleitores) teriam condições de preenchê-la, mas insisto que o mecanismo poderia ajudar na escolha do candidato, se não o ideal, pelo menos o “menos ruim”. Segue a planilha. Obrigado. NOME DO CANDIDATO: M1 10
    POLÍTICA PESO NOTA
    1.1. Propostas nobres, consistentes e factíveis 5 10
    1.2. Terá capacidade e autonomia política para montar o seu governo 4 10
    1.3. Estadista, ético c/ vocação para administrar, além de boa visão de futuro 3 10
    1.4. Formou uma coalizão partidária com bom perfil ideológico 2 10
    1.5. O único capaz de derrotar o candidato que não quero ver eleito 1 10
    RELIGIÃO M2 10
    2.1. Tem boa formação religiosa 5 10
    2.2. Demonstra ter amor a DEUS e ao próximo 4 10
    2.3. Cristão humilde, submisso e transparente 3 10
    2.4. É religioso(a) praticante e integra alguma pastoral na Igreja 2 10
    2.5. É uma pessoa misericordiosa, caridosa e solidária 1 10
    FAMÍLIA/SOCIEDADE M3 10
    3.1. Demonstra ser defensor(a) incondicional dos valores da família 5 10
    3.2. É uma pessoa urbana, lhana e de bons hábitos 4 10
    3.3. Tem demonstrado ser uma pessoa cuidadosa com a sua família 3 10
    3.4. É uma pessoa de boa convivência na família e na sociedade em geral 2 10
    3.5. É uma pessoa respeitada e respeitosa 1 10
    ANSEIOS/CAPACIDADES M4 10
    4.1. Tem muito claro o ideal de servir ao bem comum 5 10
    4.2. Demonstra preocupação com a excelência administrativa 4 10
    4.3. Como gestor(a), respeitará a responsabilidade fiscal 3 10
    4.4. Demonstra ser aberto(a) às mudanças e à quebra de paradigmas 2 10
    4.5. Conhece a realidade da Paraíba e se preocupa com a justiça social 1 10
    ATRIBUTOS PESSOAIS M5 10
    5.1. Idealista, ético(a), honesto(a) e não integra grupo político ou clã familiar 5 10
    5.2. Tem capacidade técica e administrativa comprovada 4 10
    5.3. É lider, resiliente, corajoso, persistente e criativo 3 10
    5.4. Tem boa saúde 2 10
    5.5. É uma pessoa humana, carismática e humilde 1 10
    VIDA PREGRESSA M6 10
    6.1. É ficha limpa e tem histórico de honrar os compromissos assumidos 5 10
    6.2. Boa escolaridade e é profissional competente em sua área de atuação 4 10
    6.3. Defensor das políticas em favor das minorias 3 10
    6.4. Coerente entre o discurso e a prática, e a ideologia e a filiação partidária 2 10
    6.5. Tem expertise administrativa comprovada 1 10
    PARCIAIS 10 10 10 10 10 10 MÉDIA PARCIAL: 10
    O VICE É DECENTE, COMPETENTE E ALINHADO AO PROJETO POLÍTICO 10 FINAL: 10
    1) Não votar ou votar em branco ou anular o voto são atitudes que, certamente, ajudarão a eleger os
    políticos profissionais (atuais) viciados, que a sociedade deseja banir da vida pública;
    2) A planilha tem uma sistemática que pondera as notas atribuídas ao pretendente, com pesos que va-
    riam de 1 a 5, em cada grupo; no final, tem-se uma média ponderada que varia de 1 a 10.
    3) As notas, que variam de 1 a 10, em números inteiros, devem corresponder à avaliação que o eleitor
    tem em relação ao candidato e devem refletir, com fidelidade, a sua performance quanto ao item em
    análise, a partir de pesquisas as mais abrangentes e confiáveis, de forma IMPARCIAL e CONSCIENTE;
    4) Quando isso for de todo impossível, atribuir-se-á, para o ítem em questão, a nota 5;
    5) No caso de o quesito envolver mais de um parâmetro, deve-se sopesar e atribuir uma nota que en-
    volva, proporcionalmente, todos eles.
    6) Para cada candidato(a), será preenchida uma planilha: VOTE NO MENOS RUIM!!!

  2. Marcos Tadeu escreveu:

    Rubão você tá mais do que certo. Pra completar esse desmantelo que você escreveu só falta o povo eleger Bolsanaro.