Policiais militares e civis são servidores públicos preparados e treinados para o uso de arma de fogo. Eles sabem como usar uma arma tanto para se defender como para atacar. Mas nem sempre em um confronto com bandidos – defendendo ou atacando – o policial se sai bem.
Em muitos casos, muitos policiais saem baleados, ficam com sequelas para o resto da vida ou, na pior situação, no pior dos desfechos, acabam mortos nesses tiroteios contra quem, na maioria das vezes, nada tem a perder e está no mundo do crime para topar qualquer parada, incluindo matar ou morrer.
Nesta quarta-feira (21), durante giro de notícia no programa CBN João Pessoa, da emissora do mesmo nome, a apresentadora Patrícia Rocha leu nota segundo a qual um policial frustrou assalto a uma loja de animais (pet shop) em Campina Grande. Um dos bandidos – eram dois – tentou tomar a arma do PM e acabou ferido a bala.
O assaltante tentou arrancar o revólver ou pistola do PM porque a arma que a dupla de ladrões usava era de brinquedo. E se fosse uma arma de verdade? O resultado seria o mesmo? A intervenção do policial seria bem sucedida? Não há garantia alguma de sucesso porque nessa guerra não há favoritos.
Que o digam familiares e amigos de um oficial da PM fluminense e de um sargento do Exército assassinados nos dois últimos dias no Rio de Janeiro após reagirem a assaltos com armas de verdade. Que o digam também os sobreviventes mais próximos dos mais de 200 mil policiais que nos últimos 15 anos levaram a pior, morrendo ou se ferindo, em tiroteios com bandidos.
Não há, portanto, vencedores nessa guerra. Principalmente quando se quer resolver o problema da violência botando uma arma na mão de todo e qualquer cidadão ou reduzindo a maioridade penal, como querem muitos congressistas e milhões de alienados, desinformados ou mal intencionados que apoiam ou atiçam propostas e ideias do gênero.
Botar adolescentes e jovens em presídios absolutamente superlotados e degradados como esses que temos na Paraíba e no resto do Brasil só trará um resultado previsível: formaremos mais precocemente imberbes malfeitores nos cursos de pós-graduação do crime ministrados por nosso fracassado e corrupto sistema penitenciário.
Tenham a certeza de que é nesse submundo onde são formados os mestres e doutores em tráfico de drogas, vandalismo, terrorismo, assaltos e mortes por encomenda. De lá saem os futuros comandantes do exército de assaltantes, mulas e aviões que cedo ou tarde são pegos pela Polícia ou executados por milícias e grupos de extermínio, muitos deles chefiados ou integrados por policiais que trabalham para os barões do pó e da pedra.
Combater ou minorar a violência, enfrentar o crime organizado ou desorganizado exige investimentos públicos em larga escala e crescente intensidade em saúde, educação e mecanismos de geração de emprego, como as chamadas obras estruturantes. Exige ainda, claro, investir em segurança pública e defesa social dignas do nome que ostentam, que sejam capazes de prover a sociedade de um policiamento ostensivo e preventivo para todos e não apenas para onde moram os mais ricos e novos ricos.
Reduzir os índices de violência do Brasil a níveis civilizados, digamos, passa também e fundamentalmente por reduzir as desigualdades em uma sociedade extremamente desigual. Mas a gente só conseguirá isso, um dia, se implementarmos políticas cada vez mais inclusivas. Políticas que distribuam renda, não armas.
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